Frederico Couto. “No SL Benfica Rugby temos condições de topo nacional.”
Frederico Couto, de nº8 do CR Évora para nº8 do SL Benfica… uma mudança grande a teu ver?
Foi uma mudança necessária, a meu ver. Precisava de sair da minha zona de conforto e perceber se conseguiria adaptar-me a uma nova equipa e a um estilo de jogo diferente daquele a que estava habituado. Felizmente tenho-me sentido bastante bem, não só nesta nova equipa, como nesta divisão, o que me tem dado bastante motivação para trabalhar na minha evolução como jogador.
Porquê a escolha pelo clube encarnado? Sentes que têm condições de topo a nível nacional?
O facto de ser Benfiquista, admito, ajudou um pouco, mas o maior motivo desta escolha deve-se às condições oferecidas pelo clube, tal como o projecto apresentado pelo mesmo. Penso que posso afirmar que, muito dificilmente, algum clube em Portugal se consegue aproximar das condições disponibilizadas pelo Benfica, começando pela parte física, onde temos o Francisco Sá Pessoa, o nosso preparador físico, que nos acompanha diariamente nos treinos de ginásio e de campo, aumentando a nossa performance, com a ajuda de uma equipa de nutricionistas altamente especializada, que nos avalia e acompanha individualmente, passando por uma clínica de fisioterapia de topo. Juntando tudo isto, tenho a certeza que temos condições de topo nacional, sem dúvida.
Como foram as primeiras semanas a treinar no novo clube… fácil, médio ou difícil?
Na realidade, foram bastante mais fáceis que as minhas expectativas, fui muito bem recebido nos treinos, não só por toda a estrutura, como por todos os meus colegas de equipa, facilitando muito a minha adaptação a este novo desafio.
Carlos Castro e Francisco Aguiar… quais foram as primeiras impressões que tiveste dos teus treinadores? Propuseram que objectivos para a época?
As primeiras impressões que tive de ambos foi a ambição de querer levar a equipa o mais longe possível, com o objectivo de disputar todos os jogos de igual para igual, fosse com que equipa fosse, o que me agradou e motivou bastante, por ser uma pessoa altamente competitiva.
O ano passado terminaste como um dos melhores marcadores de ensaios do CN1 com 20. Achas possível marcar metade nesta tua primeira temporada pelo SL Benfica?
Penso que sim, consegui marcar 5 ensaios nos 3 primeiros jogos e, mesmo sendo uma divisão mais competitiva e exigente, penso que é possível.
Sentes que uma mudança para Lisboa pode aproximar-te da Selecção Nacional? É um sonho ou objectivo, ou não está sequer no teu pensamento?
Julgo que todos os atletas sonham ou ambicionam representar o seu país, e eu não sou excepção. Vejo a selecção como o ponto alto da carreira de um atleta, algo que felizmente consegui atingir recentemente, obtendo a minha primeira internacionalização, recentemente, frente ao Chile, e agora é continuar a trabalhar para continuar a integrar os trabalhos de selecção.
Que memórias guardas do CR Évora? Gostarias de lá voltar um dia?
Praticamente quase todas as memórias que tenho do rugby passaram-se no CR Évora, foram muitos anos a jogar pelo “CRE”, e é a essa família a quem devo quase tudo o que sou hoje em dia, não só como jogador, mas como pessoa, também. Neste momento, tenho como objectivo ajudar o Benfica a evoluir, para que possamos vir a ser campeões da divisão de honra, mas, um dia, gostava de voltar a Évora para conquistar o título que nos fugiu por várias vezes, nos últimos anos.
O Miguel Avó foi uma influência positiva como treinador?
Claro que sim. Todos os nossos treinadores acabam por nos influenciar como jogadores, felizmente apanhei o Miguel no meu último ano em Évora como meu treinador. Já o tinha acompanhado num ano anterior, como adjunto, numa equipa de formação, e já o conhecia bem e sabia bem as suas formas de treinar.
Tem feito um óptimo trabalho com os recursos que tem conseguido juntar- apesar de algumas perdas que sofreu na equipa continua a tentar ganhar outras soluções. Tenho a certeza que é a pessoa indicada para este cargo (nada fácil), com a ajuda do José Manuel Leal da Costa, que, possivelmente, foi o melhor reforço do CRE, não só como jogador, mas também com o papel que tem tido como treinador.
Com um plantel recheado de excelentes jogadores como o Francisco Bessa, Hayden Haan ou Diogo Toorn, achas possível fazerem algo especial nesta época?
Acredito que sim, e trabalhamos nesse sentido. Temos um plantel muito interessante, que mistura jogadores bastante experientes, vindos de diversos clubes nacionais e internacionais, com jovens jogadores em fase de ascensão, o que acaba por beneficiar e elevar bastante o nível técnico e táctico de toda a equipa, não só nos jogos, como em todos os treinos.
Jogador com quem mais tens gostado de treinar no SL Benfica?
No geral, tenho gostado de treinar com todos os meus colegas, sem excepção, uns por puxarem por mim para me ajudarem a crescer como jogador, como o Diogo Toorn ou o Francisco Almeida, outros por me ajudarem na adaptação a esta nova etapa, como é o caso do Francisco Bessa e do Filipe Rosa.
Perguntas relâmpago: pessoa que mais te influenciou no rugby até hoje?
O meu pai, sem dúvida! Sempre foi o meu maior crítico, tanto nos bons, como nos maus momentos, exigindo sempre mais dos meus jogos e treinos. Mesmo quando eu penso que correu tudo bem, ele tem sempre qualquer coisa que acha que devo melhorar ou trabalhar, para que possa evoluir como jogador.
Melhor ensaio que marcaste na carreira… quando e como?
Para ser sincero não consigo dizer qual o “melhor” que já marquei, mas tenho um que me marca muito: foi em 2013, no último jogo da época, contra o RCMontemor, no jogo que decidia o campeonato. Tinha sido uma época muito boa para o CRE, tínhamos uma equipa muito experiente, com grandes jogadores, e eu era o jogador mais novo da equipa na altura, tinha feito todos os jogos da época, mas, na final, os treinadores decidiram meter-me no banco, porque acharam que não estava preparado para “aquele” jogo, e decidiram jogar com os mais experientes. Fui para o banco muito desmotivado e desanimado.
Acabei por só entrar perto dos últimos 10 min de jogo, quando nos encontrávamos a perder por 10 pontos. Consegui marcar assim que entrei, reduzindo a diferença no marcador, que acabaria por ficar favorável ao Montemor no final do encontro, mas, para mim, foi muito importante, esse ensaio, para me motivar e dar confiança, numa altura em que achavam que não estava pronto para aquele tipo de jogo.
Colega de equipa de agora ou passado que se pudesses tinhas placado com um pouco mais de força nos treinos?
Tenho alguns, como o Francisco Oliveira, o Diogo Galhetas, o António Andrada, o Guilherme Saragoça e o Fidel Vidal, que são bons amigos meus, que me têm apoiado muito, e que alguns já não jogam, mas gostam sempre de brincar e dizer “se fosse comigo não tinhas passado”. E o meu pai,com quem ainda treinei algumas vezes quando era sub 18, e ele ainda fazia uns treinos com os seniores, mas nunca tive a oportunidade de “brincar” com ele. Mas sem duvida que a pessoa que me soube melhor placar foi a minha namorada de quem fui treinador durante 3 epocas.
O jogador-chave que sempre viste como exemplo?
Tenho vários jogadores com quem joguei, ou vi jogar, que moldaram a minha forma de jogar e de estar no rugby, mas houve dois que, desde muito novo, segui como exemplo, pela forma como entravam em campo e pela forma como enfrentavam cada jogo, sendo eles o meu primo Gonçalo Branquinho (Xiba) e o António Fonseca (Faneca).
Queres deixar algumas palavras para os adeptos do SL Benfica e antigos colegas do CR Évora?
Quero agradecer a toda a família CRE por todo o apoio e amizade que me continua a dar, têm sido muito importantes para a minha adaptação e para os meus novos desafios, não só no Benfica, como na selecção, e pedir-lhes para que continuem o excelente trabalho que tem feito pelo nosso CRE.
À família do SLBenfica, queria, também, agradecer toda a confiança que depositaram em mim, a forma como me receberam, e a forma como me têm tratado: tenho-me sentido como se estivesse em casa.