Francisco Magalhães. “Ir a um Mundial seria a cereja no topo do bolo.”

Francisco IsaacOutubro 18, 20177min0

Francisco Magalhães. “Ir a um Mundial seria a cereja no topo do bolo.”

Francisco IsaacOutubro 18, 20177min0
Francisco Magalhães, ou mais conhecido por Kiko, é capitão da Selecção Nacional e CDUL. Fica a conhece-lo melhor nesta entrevista em exclusivo

Francisco Magalhães, ou mais conhecido por “Kiko” Pinto Magalhães, médio de formação do CDUL e capitão da Selecção Nacional, é um dos nossos convidados. O nº9 explica o que é ser um “Universitário”, como conjugou a carreira profissional com o ser atleta de rugby e com quem gostava de ainda jogar com.

Uma entrevista em exclusivo do Fair Play


Francisco, mais conhecido por “Kiko”, tens completado vários sonhos e objectivos no rugby nos últimos anos… mas qual te falta para completares a caderneta?

FP. A presença num Mundial de Rugby. Seria a cereja no topo do bolo.

Como começaste a jogar? E lembras-te de algum episódio nos primeiros anos?

FP. A minha família sempre teve uma grande ligação com o rugby em Portugal por isso foi inevitável não seguir a tradição. Começei a jogar com 5 anos.

O que significa jogar pelo CDUL? O que define o vosso espírito como equipa?

FP. Sinceramente não sei explicar muito bem o que significa jogar pelo CDUL. Sinto me orgulhoso por representar o CDUL, um clube de família, um clube com forte tradição no rugby português e acima de tudo fundado pelo meu avô. 

O CDUL é um clube de “família”. Somos todos muitos unidos, temos um grupo forte de homens, jogadores e sobretudo de amigos e acho que isso é o que nos define. Gostamos de ter os nossos momentos de diversão fora de campo, mas também sabemos que nos momentos de trabalhar, temos que puxar uns pelo os outros para nos levar ao limite, para depois termos um melhor rendimento dentro de campo como equipa.

Trabalho é trabalho e conhaque é conhaque e acho que sabemos diferenciar bem essas situações.

Algum dos teus amigos ou colegas que começaram a jogar contigo ainda se mantêm ao teu lado no campo? E se pudesses ter no campo alguém que já desistiu quem seria?

FP. Sim apenas um. Nuno Penha e Costa. Se pudesse escolher, escolheria o Diogo Bravo de Amaral (Didi) e o meu irmão gémeo, Bernardo.

Até certa altura jogaste com o teu irmão gémeo… há alguma história de confusões de identidades a meio de um jogo?

FP. (Risos) não, que eu me lembre não. Sempre jogámos em posições diferentes, por isso não havia margens para erros.

Como explicas aquele ensaio no último suspiro de jogo na Final do Campeonato da época que passou?

FP. Foi a recompensa de uma época longa de sofrimento, sacrifício, de muito empenho e compromisso de todos os jogadores, equipa técnica e direção. Não me lembro de termos tido uma época com tantos altos e baixos como tivemos o ano passado. Trabalhamos muito para chegarmos aonde chegamos e sabíamos que apenas poderia mos ter um desfecho para a época de 2016/2017 depois de tudo o que passámos.

Esta derrota na Supertaça significa alguma coisa ou não transmite nada de negativo para a equipa? O que vos correu mal?

FP. Infelizmente estive na bancada a ver o jogo devido a lesão. Não transmite nada negativo. Hoje em dia temos que aprender a perder e a ganhar e a Agronomia foi melhor que o CDUL nesse dia. Faltou-nos alguma intensidade na defesa, no breakdown e hoje em dia os jogos ganham-se na defesa. Estamos no início de uma época longa, onde vamos ter jogos muito duros e esta derrota só nos dá força para continuar a trabalhar.

Pela Selecção Nacional atingiste o mais alto patamar ao ser escolhido como capitão em 2016/2017. Era um objectivo, sonho ou nunca fez parte das tuas preocupações? E qual é o segredo para atingir este nível?

FP. Não sei se posso dizer que era um objectivo ou um sonho. Um dos meus objectivos como jogador sempre foi representar Portugal ao mais alto nível e tudo o que viesse depois seria um extra.

Ser eleito capitão de um grupo de jogadores que luta pelo mesmo objectivo é um orgulho. Não me sinto mais que os outros, apenas é uma responsabilidade extra que nos dão. Temos todos os mesmos compromissos e responsabilidades dentro e fora de campo. Tenho a sorte de ter ao meu lado jogadores experientes como o Goncalo Uva,  Gonçalo Foro ( Monkey) e Pedro Leal (Pipoca) que sempre me ajudaram em tudo o que fosse preciso.

Ser eleito capitão de um grupo de jogadores que luta pelo mesmo objectivo é um orgulho.”

Esperas conseguir regressar ao escalão máximo europeu já esta época? O que temos de fazer mais para voltarmos a conviver e a estar ao mesmo nível que a Roménia, Rússia e Espanha?

FP. O rugby está a evoluir a uma velocidade tremenda e nós temos que agarrar o ritmo. Nós neste momento, sabemos que temos trabalhar o dobro para podermos voltar a estar no mesmo patamar das seleções do Tier2. Primeiro, foquemo-nos em voltar a ganhar o nosso grupo para depois termos a possibilidade de jogar o apuramento para o grupo de cima. Temos que pensar jogo a jogo.

Como olhas para estas novas gerações nas selecções nacionais de sub-18 e 20? Tens recordações quando eras internacional das esperanças de Portugal?

FP. Grandes talentos aparecer, com muita vontade de trabalhar e de fazer parte de algo maior. Vasco Ribeiro, Jorge Abecassis e José Luis Cabral são uns dos exemplos a seguir.

Qual foi o teu melhor jogo pelo CDUL e Seelcção? E o ensaio que gostavas de repetir se te dessem a oportunidade para tal?

FP. Melhor jogo pelo CDUL – Final do Campeonato Nacional 2013/2014 contra GD Direito no Estádio Universitário. Melhor jogo pela Seleção Nacional – Não sei dizer, mas os jogos que me senti em melhor forma física e psicológica foram os jogos do ano passado.

Ensaio que gostaria de repetir: O meu primeiro ensaio pela Seleção Nacional.

Quão difícil é balancear uma carreira profissional e os treinos/jogos de rugby? Tens algum conselho para os atletas que estão a começar o seu primeiro ano na Universidade?

FP. É uma questão de organização e de prioridades. Temos que ter uma rotina bem delineada para podermos conseguir retirar o melhor proveito de ambas as partes. “Não deixem para amanha o que podem fazer hoje”.

Perguntas à velocidade de um passe de formação: ‘Colega de equipa que consegue sempre pôr-te a rir? E aquele que não se cala dentro de campo?

FP. Esta é fácil (risos): Gonçalo Foro e… Gonçalo Foro.

Se pudesses transferir um dos irmãos Foro para uma ilha isolada, fora da orla da humanidade, qual deles escolherias: Gonçalo ou Duarte?

FP. Gonçalo. O homem é multifacetado e onde existe um problema ele arranja logo uma solução.

Portugal num Mundial: sonho/fantasia ou objectivo/realidade?

FP. Neste momento é um objectivo. Sabemos que vai ser difícil e que todas as seleções estão a trabalhar em prol do mesmo, mas nunca podemos deixar de sonhar.

Melhor jogador com quem já dividiste o campo?

FP. Vasco Uva, Tiago Girão e Julien Bardy.

Austrália, País de Gales, Escócia ou Nova Zelândia?

FP. Nova Zelândia

Piri Wepu, Will Genia, Aaron Smith ou George Gregan? Ou é outro a tua escolha?

FP. Neste momento TJ Perenara

Arriscar a jogar rápido ou um passe por trás das costas?

FP. Jogar rápido.

Descreve o que é o rugby para ti em três palavras?

FP. Superação, compromisso e lealdade.

Uma mensagem para os apoiantes e colegas do CDUL e de Portugal?

FP. Apoiar nos bons e nos maus momentos. É sempre importante termos os apoiantes do  nosso lado, seja em que situação for.

Foto: Luís Cabelo Fotografia

Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS