Final Four do Brasileiro sub-23: destaques e MVP’s
Chegou ao fim a segunda edição do Campeonato Brasileiro Sub-23 de basquete feminino. Idealizado e organizado pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB), a competição abrange jogadoras das categorias de base, com idade máxima de 23 anos. O torneio visa minimizar as dificuldades da passagem à categoria adulta, gargalo que reduz o número de praticantes da modalidade.
Se no ano passado houve mais flexibilidade quanto à participação de jogadoras adultas, na edição atual a CBB optou por restringir, dando mais oportunidades para o público alvo. Há um diagnóstico de que o basquete profissional no Brasil está envelhecido e sem renovação, refletido nos fracassos da seleção adulta em conquistar vaga para Mundial e Olimpíadas. Assim, a CBB atua para oxigenar o circuito dos clubes, oferecendo chances às jogadoras.
O campeonato recupera o glorioso passado da modalidade e a organização nomeou as duas conferências em homenagem a duas jogadoras essenciais na consolidação do basquete: Simone Bighetti e Suzete.
E esse trio na decisão do Final Four do Brasileiro sub-23 feminino em São José dos Pinhais!? @MagicPaula, nossa vice-presidente, Simone Bighetti e Suzete, duas lendas do basquete brasileiro!
As duas foram homenageadas em 2022 com o nome das conferências do torneio!
PESADO! pic.twitter.com/xkb2RXBm3Q
— Basquete Brasil – CBB (@basquetebrasil) December 7, 2022
A segunda edição sofreu uma diminuição das equipes participantes; as 11 equipes jogaram entre si e, ranqueadas, classificaram as quatro primeiras para o Final Four, disputado na cidade de São José dos PInhais (estado do Paraná), nos dias 07 e 08. Coincidentemente, as duas semi-finais envolveram confrontos entre clubes de São Paulo e Paraná. Pindamonhangaba, classificado em primeiro, enfrentou as paranaenses donas da casa, a equipe do Guaxo; na outra semi, Bradesco (de Osasco) jogou contra Foz.
Pinda superou o alto número de desperdícios para vencer o Guaxo por 53 x 52. Embora tenha errado mais que o dobro de sua adversária (25 turnovers contra 11 do Guaxo), o que gerou 25 arremessos a mais do Guaxo, Pinda compensou com um aproveitamento melhor dos arremessos (38% contra 26%). As comandadas pelo técnico Luiz Bondioli, vindas da disputa do campeonato paulista adulto, souberam abrir vantagem logo na primeira etapa e chegaram ao quarto final com boa vantagem.
Foi o que salvou as paulistas, uma vez que o Guaxo se recuperou nos dez minutos finais e encostou no placar. Guaxo teve a posse, com menos de 1 minuto no cronômetro, para a virada, mas a aramadora Giulia deixou o passe escapar de suas mãos e desperdiçou a oportunidade.
SEGURA O BASQUETE PINDA! A equipe paulista está na decisão do Final Four do Brasileiro Feminino sub-23 ao derrotar o São José dos Pinhais por 53 a 52 em jogo ELETRIZANTE!
Thamires foi a MVP com 19reb e 7pts!
Pinda e Foz se enfrentam nesta quarta, às 19h, pelo título! pic.twitter.com/XNYtMoePt8
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A segunda semi transcorreu de forma distinta, com o equilíbrio prevalecendo no primeiro tempo. Em 20 minutos bem jogados, com as duas equipes organizadas, trabalhando em meia quadra de forma paciente, Foz deslanchou no terceiro quarto. Sua defesa tirou os pontos fáceis do Bradesco e forçou erros, enquanto a armadora paraguaia Belen comandava a movimentação ofensiva. O padrão tático bem executado reverberou no empate triplo de cestinha: Brenda Bleidão, Nathalia e Monia fizeram 17 pontos cada, garantindo a vaga na grande final.
VAI TER FOZ BASQUETE NA DECISÃO DO BRASILEIRO FEMININO SUB-23!
A equipe derrotou o Bradesco Esportes e Educação por 66 a 55 e agora espera o vencedor de Basquete Pinda e São José dos Pinhais/Guaxo!
Nathalia foi a MVP do jogo com 17pts e 8reb!
CHEGA MAIS, FOZ ? pic.twitter.com/mI2DENCYfV
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Na grande final, Foz e Pinda, primeiras colocadas na fase de classificação, confrontaram-se novamente. Diferente da semi, o time de Foz errou bastante (27 turnovers) e precisou que suas jovens estrelas se destacassem: Nathalia obteve o estrondoso duplo-duplo com 19 pontos e 17 rebotes, enquanto Brenda Bleidão anotou 21 pontos. Quando não cedeu a posse e trabalhou a movimentação até o final, conseguiu cahar bons arremessos, muitos próximos à cesta (46 pontos no garrafão, contra 24 de Pinda).
Outro fator decisivo na vitória de Foz no Brasileiro sub-23, foi a boa defesa sobre a pivô Thamires, de Pinda, eleita a MVP do torneio. A pivô não teve facilidade e esbarrou na maior agilidade de sua marcadora principal (Tayen), além de sofrer para marcar as armadoras e alas de Foz no espaço. Ao final, Thamires teve somente 4 pontos e 4 rebotes, bem abaixo de sua média.
Isinha explodiu na pontuação, com 23 pontos, insuficiente porém para compensar a ausência de uma segunda anotadora. Pinda acabou derrotado e amargou o vice-campeonato com o placar de 69 x 62. O resultado pode não ter sido o esperado, mas a equipe tem razões para comemorar. O coletivo cresceu durante as competições disputadas e encorpou, aplicando um jogo tático bem definido e explorando o atleticismo de suas atletas. Com um ou dois reforços, possui elenco para dar o próximo passo e almejar disputa a LBF.
Do outro lado, título mais que merecido para Foz, que ficara com a terceira posição na edição passada. O time manteve a espinha dorsal e ainda se reforçou com Brenda Bleidão, motor que faltava à equipe. Brenda pode evoluir demais, como no seu físico um tanto franzino, seu arremesso de três ainda não confiável e na defesa na bola de 1×1. Mas é inegável seu talento e sua voracidade em direção à cesta. Ela ataca as linhas e busca a infiltração em toda posse, sem gerar turnovers em excesso. Sua envergadura destaca-se em quadra, com passadas largas e ótimo instinto para ajuda defensiva e roubos.
É DO FOZ BASQUETE! A equipe paranaense é a grande campeã do Brasileiro Sub-23 feminino ao derrotar o Basquete Pinda por 69 a 62, em São José dos Pinhais!
Nathalia Lima foi a MVP do jogo com 19reb e 15pts, com 29 de eficiência!
Parabéns, FOZ BASQUETE! #cbb #basquete pic.twitter.com/jKrtvFCfJZ
— Basquete Brasil – CBB (@basquetebrasil) December 8, 2022
O título coroa a ótima equipe comandada pelo técnico Cláudio Henrique, com papéis bem definidos e boa execução. Belen é uma armadora pura, capaz de prender a bola enquanto as demais se movimentam; Ster se incumbe de marcar as principais cestinhas adversárias; Tayen, Nathalia e Monia formam um combo no garrafão com agilidade. Uma equipe muto bem montada, com tradição na formação de atletas.
Nada mais justo que o título ir para Foz. Para o torcedor, não custa sonhar que Brenda Bleidão e Nathalia façam a passagem para a LBF. Embora envolva aspectos burocráticos e logísticos alheios ao desempenho em quadra, tampouco custa sonhar que a equipe consiga patrocínio para disputar a LBF.
O Brasileiro sub-23 vai, aos poucos, atingindo seu objetivo. Se o nível de jogo não atinge o esperado, a continuidade da competição trará evoluções gradativas, como já presenciadas no basquete masculino, com a Liga de Desenvolvimento. O basquete feminino brasileiro não retornará ao auge de forma instantânea; o Brasileiro sub-23 traz um alento e uma esperança. Vida longa à competição!