Arquivo de Rod Laver - Fair Play

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André Dias PereiraSetembro 20, 20182min0

Stanley Roger Smith. O nome pouco diz à maioria. Mesmo entre o público do ténis, Stan Smith, como ficou popularizado, não está entre os primeiros nomes no que toca a referências da modalidade. Provavelmente, a sua icónica linha feminina de ténis da Adidas será, hoje, o seu melhor bilhete de identidade.

Contudo, Smith é mais do que um nome de calçado da marca alemã. Foi também o primeiro tenista a vencer o 1º Torneio Masters Cup, que atualmente se disputa no final do ano e reúne os melhores tenistas da temporada. Juntamente com Bob Lutz formou, nas décadas de 70 e início de 80, uma das melhores duplas da história. Em 1971 e 1972 venceu, respetivamente, o US Open e Wimbledon. Feitos que o levaram, em 1987, a entrar no International Tennis Hall of Fame.

Treinado por George Toley, Stan Smith começou por jogar na universidade, na Califórnia, vencendo, em 1968, os campeonatos universitários de NCAA, em singulares. O seu talento fê-lo integrar por três vezes o All American, uma equipa composta pelos melhores desportistas norte-americanos.

Mas foi com o treinador Pancho Segura, tenista de referência nas décadas de 40 e 50, que Smith atingiu outro patamar. O início dos anos 70 foi o seu período dourado, ou pelo menos, o mais titulado. Em 1971 ganhou o seu primeiro Grand Slam. Foi o US Open, diante Jan Kodes (3–6, 6–3, 6–2, 7–6). No ano seguinte ganhou Wimbledon frente a Ilie Nastase (4-6, 6-3, 6-3, 4-6, 7-5). Ainda em singulares não foi tão bem sucedido no Australian Open (nunca passou da terceira ronda) mas em Roland Garros foi duas vezes finalista vencido (1971 e 1972).

Stan Smtih dá nome a uma das mais icónicas linhas de ténis feminino. Foto: .afew-store.com

Tetracampeão em Wimbledon

Stan Smith fica, contudo, na história como sendo o primeiro vencedor do torneio Masters, disputado em Tóquio. O adversário da final era nada menos que Rod Laver: 4–6, 6–3, 6–4.

Em termos de títulos, o norte-americano notabilizou-se ainda mais em pares. Venceu quatro torneios US Open, (1968, 1974, 1978, 1980). Em Wimbledon bateu na trave por outras quatro vezes, tendo sido finalista vencido (1972, 1974, 1980, 1981), tal como no Australian Open (1970).

A sua carreira de sucesso levou-o, mais tarde, a ser treinador na Associação de Ténis dos EUA. Atualmente, tem uma Academia de Ténis e é presidente do International Tennis Hall of Fame.

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André Dias PereiraJulho 12, 20184min0

Injustiçado. Subvalorizado. Muitos são os adjetivos que ajudam a descrever a carreira Roy Emerson. Mas dizer que o tenista australiano esteve sempre à frente do seu tempo seja mais justo. E essa condição tornou-o intemporal.

Esta é a história do tenista que, até hoje, conquistou maior número de Grand Slam. Vinte e oito no total. Doze em singulares e dezasseis em pares. Roy Emerson é, ainda hoje, o único tenista a fazer o carreer Grand Slam em singulares e pares. E é a par de Novak Djokovic e Roger Federer, o único a ter seis Australian Open.

Com uma carreira que decorreu entre 1953 e 1983, Roy Emerson conquistou todos os seus maiores feitos na Era amadora do ténis. Dominou o circuito sobretudo na década de 60, altura em que conquistou 27 dos seus 28 Grand Slam. Foi também o primeiro a conquistar, pelo menos, duas vezes cada Major na carreira.

Apesar dos números impressionantes, a sua carreira sempre foi relativizada pelo facto de os torneios Grand Slam serem abertos apenas a jogadores amadores, sendo o nível técnico maior nos torneios profissionais.

Nascido em Blackbutt, Queensland, em 1936, Roy Emerson começou a sua ligação ao ténis em Brisbane, quando a sua família se mudou. O seu primeiro título teve lugar em Wimbledon, em 1959, a par de Neale Fraser. O primeiro título de singulares teve lugar dois anos depois, na sua Austrália natal, diante Rod Laver. Os dois australianos voltariam a defrontar-se no mesmo ano, na final do US Open. Outra vez, a vitória foi para Roy Emerson.

Roy Emerson era, sobretudo, conhecido pela sua capacidade de treino e forma física, bem como um estilo de jogo adaptável a todos os tipos de piso. Entre 1963 e 1967 foi, talvez, o seu auge. Conquistou nada menos que cinco títulos consecutivos do Australian Open. Em 1963, diante Pierre Darmont, venceu Roland Garros, repetindo o feito em 1967. O primeiro título em singulares, em Wimbledon, ocorreu em 1964. Fred Stolle foi o oponente. Nesse ano, Roy Emerson venceu 55 jogos consecutivamente e ganhou 109 de 115 jogos realizados. Números que lhe permitiram vencer o Australian Open, Wimbledon e US Open. Sem surpresa, tornou-se número 1 em 1964 e 1965. O seu último título em singulares foi, precisamente, em 1967, em Roland Garros. Um ano antes do arranque da Era profissional.

Recordista intemporal

Roy Emerson ao lado de sua estátula em Blackbutt, sua cidade natal. Foto: Courier Mail

Emerson sempre quis manter-se como amador. Recebeu várias propostas para se tornar profissional, inclusivamente avultados valores em dinheiro.

O seu recorde de 12 Grand Slam mantive-se intacto até ser ultrapassado por Pete Sampras, em 2000. Contudo, o seu recorde de dez vitórias consecutivas em finais de Grand Slam mantém-se em activo. Diga-se também que Emerson conquistou oito Taças Davis, entre 1959 e 1967, um recorde. Ao lado de Rod Laver conquistou, em 1971, o seu último Grand Slam. Foi no torneio de pares de Wimbledon. Ao todo conquistou 28 Grand Slam (entre as singulares e pares) e 110 títulos.

É por isso um nome grande na história do ténis, tendo-se retirado em 1983. Actualmente com 83 anos de idade tem coleccionado várias menções honrosas. Está desde 1982 no Hall of Fame. Em 2000 foi agraciado com a medalhe de desporto australiana. Roy Emerson dá ainda nome ao troféu do prestigiado troféu de Brisbane, onde tem ainda courts com o seu nome. Na sua cidade natal tem ainda um museu sobre si e uma estátua.

 

Títulos em Singulares 

Australian Open: 1961, 1963, 1964, 1965, 1966 e 1967)

Wimbledon: 1964 e 1965

Roland Garros: 1963 e 1967

US Open: 1961 e 1964

 

Títulos em Pares

Australian Open: 1962,1966 e 1969)

Wimbledon: 1959, 1961 e 1971

Roland Garros: 1960, 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965

US Open: 1959 e 1960, 1965 e 1966

 

Taça Davis: 1959, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1966 e 1967

 

Roy Emerson e as finais de Wimbledon, em 1965

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André Dias PereiraMaio 12, 20183min0

Antes de Federer e Nadal, Sampras e Agassi, McEnroe e Borg, antes da Era Open havia o então. E no nascimento da Era Moderna ninguém foi maior que Rod Laver. O tenista australiano, nascido a 9 de Agosto de 1938, em Rockhampton, é uma lenda viva do ténis. A revista Ténis, em 2014, considerou-o um dos 10 tenistas que mais transformaram a forma como o ténis é jogado.

Com 11 Grand Slam conquistados, Laver foi durante anos o maior campeão da modalidade, sendo ainda hoje o único a conquistar os quatro Grand Slam na mesma temporada em duas ocasiões. Primeiro, em 1962, como amador, e depois como profissional, em 1969.

Conhecido como all court player, Rod Laver tinha uma esquerda notável e era conhecido por não ter falhas técnicas. O jornalista Rex Bellamy escreveu que a sua força no pulso e velocidade o liderou a vitórias sobre os maiores rivais.

Ao todo, a sua carreira durou 24 anos. Depois de deixar a escola, foi campeão, em 1957, dos torneios junior do Australian Open e US Open. Dois anos depois, deu-se a conhecer ao mundo ao chegar às três finais de Wimbledon. Venceu em pares mistos, com Darlene Hard.

O seu primeiro Grand Slam foi em Australia, em 1960, vencendo Neale Fraser, em cinco sets, recuperando de dois sets e salvando um set-point. No ano seguinte, levou para casa o primeiro torneio de Wimbledon em singulares. Em 1962, tornou-se no primeiro tenista, desde Don Budge, a vencer os quatro Grand Slam no mesmo ano. Entre os 18 títulos conquistados nesse ano, conseguiu a triplice coroa na terra batida: Roma, Madrid e Hamburgo. Antes, só Lew Hoad, em 1956, havia conseguido esse feito.

O profissionalismo e a Era Open

Com 11 títulos de Grand Slam, Rod Laver dá o nome ao court central do complexo do Australian Open. Foto: Vavel.

Em 1962 Rod Laver torna-se profissional, depois de vencer a Taça Davis. O arranque não foi fácil, com um período de adaptação, mas rapidamente se encontrou no patamar de grandes estrelas da época como Ken Rosewall ou Lew Hoad. Esse foi um período polémico na história do ténis. Os tenistas profissionais foram impedidos de jogar Grand Slam, reservados a amadores. Há quem diga, ainda hoje, que Federer só detém o record de 20 Major porque Laver esteve impedido de jogar os mesmos entre 1963 e 1967. 

Tudo mudou em 1968, quando se deu início à Era Open. Rod Laver tornou-se no primeiro vencedor de Wimbledon na nova Era, vencendo o campeão amador, Arthur Ashe. Em 1969 voltou a repetir o rally Grand Slam, mas agora na Era Open. Nesse ano arrecadou nada menos que 18 títulos em 32 torneios. Foram 106 vitórias e 16 derrotas. O triunfo no All England Club (quarto consecutivo) estabeleceria ainda o record de 32 vitórias seguidas, entre 1961 e 1970. A marca seria superada em 1980, por Bjorn Borg.

Ao todo, Rod Laver conquistou 11 Grand Slam: Australian Open (1960, 1962 e 1969), Roland Garros (1962 e 1969), Wimbledon (1961, 1962, 1968 e 1969) e US Open (1962 e 1969). Conquistou ainda 74 torneios em singulares e mais 37 em duplas.

Ficaram ainda famosas as suas rivalidades com Roy Emerson, Ken Rosewall, Andrés Gimeno ou Pancho Gonzales.

Ao longo dos anos, Rod Laver tem recebido várias condecorações. É membro da Ordem do Império Britânico, recebeu a medalha de Desporto Australiano e integra a Ordem Australiana. O court central do Australian Open tem o seu nome.

Rod Laver vs Ken Rosewall


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