Arquivo de Novak Djokovic - Página 4 de 11 - Fair Play

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André Dias PereiraSetembro 14, 20215min0

Novak Djokovic não parece ter dúvidas, Daniil Medvedev “será em breve o próximo número 1 mundial.” As declarações não foram apenas generosas. Pelo que vimos, o russo é o mais sério candidato à sucessão do sérvio.

Flushing Meadows engalanou-se para prestigiar o número 1 do mundo, que buscava o Calendar Grand Slam e se tornar recordista de Majors (21). Do cinema (Brad Pitt, Di Caprio…) a ex-tenistas  (Maria Sharapova e até Rod Laver, o último a conquistar todos os Majors em um único ano) ninguém quis faltar. Mas todos acabaram por assistir ao primeiro título de Daniil Medvedev. E pelo nível apresentado não deverá ser o último. De facto, o russo jogou, provavelmente, a melhor partida da sua carreira. E não fez por menos. Um triplo 6-4.

O russo jogou a um nível tal que Djokovic nunca teve o jogo controlado. E por mais soluções que tentasse, o russo sempre se superiorizava. E muita dessa superioridade deveu-se ao saque, por vezes aberto, por vezes fechado. Medvedev conquistou 80% dos pontos em primeiro jogo de serviço e nada menos do que 16 ases. Verdadeiramente, o número 2 mundial nunca deu brecha para Djokovic aproveitar. Sobretudo nos dois primeiros sets, roçou a perfeição. E sempre que cometia algum erro, ou Nolan repondia, tirava um às da cartola.

Não há erro em dizer que não foi Djokovic quem perdeu, foi Medvedev quem ganhou. E deve ser valorizado por isso. Afinal, aos 25 anos ele é apenas o terceiro russo a conseguir ganhar um Major. Os outros foram Evgeni Kafalnikov (Roland Garros, 1996, e Australian Open, 1999) e Marat Safin (US Open, 2005, e Australian Open, 2005).

A importância do saque

O título de Medvedev trás ao debate a importância do saque. Ele é a base do seu jogo e da sua confiança, condicionando adversários e a forma como o jogo decorre. Claro que Medvedev tem muitos outros atributos, como a sua força mental e consistência. Sobretudo em piso rápido. O russo lidera o ATP Tour neste tipo de piso com 12 títulos, 17 finais e 147 vitórias desde 2018. Não apenas é credível a hipótese de se tornar o líder da hierarquia mundial como poderá liderar uma nova tendência no ténis mundial, o investimento do peso de jogo no saque e em ases. E quem sabe se Medveded não poderá chegar à liderança do ranking antes de 2022. Isto porque Djokovic diz não ter planos para jogar outros torneios até ao final do ano.

Ao final do US Open, o sérvio desabou todo o peso e expectativa que carregava às costas. Levará tempo para se recompor e, convenhamos, aos 34 anos já deve priorizar torneios para gerir o seu esforço. É pouco expectável que o multicampeão abandone os courts, até porque é quem mais condições tem para se isolar como o maior campeão de Grand Slams. Roger Federer, 40 anos e a contas com 3 cirurgias, poderá mesmo não regressar mais. Nadal, 35 anos, também se encontra reduzido fisicamente e deverá priorizar Grand Slams nesta fase da carreira.

Zverev, ainda não foi desta

Não é por Djokovic ter perdido que a sua qualidade é posta em causa. Seria pouco sério fazê-lo num ano em que ganhou o Australian Open, Wimbledon e Roland Garros. E sobretudo o nível apresentado nas meias-finais mostra que continua a ser o principal jogador do circuito. Para o mal de Alexander Zverev. O alemão não conseguiu repetir a vitória sobre o sérvio nas meias-finais das Olimpíadas de Tóquio e perdeu por 6-4, 2-6, 4-6, 6-4 e 2-6. Zverev, que já ganhou Masters 1000, ATP Master e Ouro Olímpico, continua sem conseguir vencer um Major.

Nesta edição há ainda a destacar outros três nomes: Felix Auger-Aliassime, Carlos Alcaraz e Botic Van de Zandschulp. Após alcançar os quartos de final em Wimbledon, Aliassime chegou agora às meias-finais do US Open, caindo para o campeão (6-4, 7-5, e 6-2). Nos quartos de final deixou para trás outra surpresa, Carlos Alcaraz. O espanhol, 18 anos, eliminou Cameron Norrie, Arthur Rinderknech e Stefanos Tsitsipas. Alcaraz é o 38º do mundo e conquistou este ano o seu primeiro título ATP em Umag (Turquia). Já Zandschulp, oriundo dos qualifying, alcançou também os quartos de final após afastar Carlos Taberner, Casper Ruud, Facundo Bagnis, Diego Schwarzman. Acabou por ser afastado também por Medvedev. Cabe dizer ainda que o campeão russo ao longo de todo o seu percurso perdeu apenas um set. Foi justamente contra o holandês.

Priorizar Marjors abre caminho a nova liderança

Com alguns Masters 1000 ainda pela frente, Medvedev tenta aproximar-se da liderança de Djokovic. Parece ser uma questão de tempo, embora tudo possa mudar em caso de lesão ou algum outro fator mais improvável. Com Federer mais fora do que dentro dos courts, e tendo em conta a intermitência de Nadal, a sua idade, tal como a de Djokovic, é muito provável que a priorização na luta pelo número de Majors abra oportunidades à sucessão do Big-3 na liderança mundial. E ninguém parece tão preparado para isso quanto Medvedev.

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André Dias PereiraAgosto 30, 20213min0

A grande interrogação do US Open, que arrancou esta segunda-feira, dia 30, é saber quem pode travar Novak Djokovic. O número um mundial é o grande favorito à conquista do torneio nova-iorquino. E não é para menos. Sem Nadal, Thiem (lesionados) e Federer (sujeito a nova operação), o sérvio surge como o grande favorito.

Em caso de vitória, Djokovic consegue dois feitos importantes: tornar-se o primeiro jogador a ganhar 21 Majors e vencer os 4 Grand Slam no mesmo ano, algo que nenhum tenista conseguiu desde Rod Laver.

E há razões para acreditar que Nolan se apresentará ao mais alto nível. A principal das quais é a que, desde as olimpíadas, o sérvio abdicou dos torneios de Tóquio e Cincinatti para se preparar para o US Open. Isso quer dizer que Djokovic se deverá apresentar no seu auge físico, técnico e mental.

É verdade que o líder do ranking mundial saiu feio na fotografia dos jogos de Tóquio, mas a história do sérvio mostra-nos que é nestes momentos que ele se supera. É através dos pontos baixos que Djokovic responde com o seu melhor ténis. Um bom exemplo foi o Australian Open deste ano.

O contra poder do US Open

Mas sem Nadal, Federer e Thiem, quem pode travar o sérvio? Bem, a verdade é que as ausências de jogadores históricos tem feito emergir finalmente novos talentos. Sobretudo Zverev, Tsitsipas e Medvedev. Os três encontram-se, provavelmente, no seu auge de carreira. E a tendência é continuar a melhorar. O alemão, por exemplo, tem melhorado muito o seu saque. Não por acaso, eliminou Djokovic nas meias finais dos Jogos Olímpicos. Medvedev, número 2 do mundo, tem jogado o fino do ténis. Só este ano já ganhou em Marselha, Maiorca e o ATP 1000 do Canadá. É bem verdade que não tem um estilo elegante, mas é extremamente eficiente e tem uma ambição e força mental como poucos.

Tsitsipas também é uma boa aposta para alcançar, pelo menos, as quartos de final Em Roland Garros, por exemplo, empurrou Djokovic para um jogo de cinco sets. Será interessante acompanhar o primeiro jogo da ronda inaugural contra Andy Murray. Apesar do estatuto do britânico, o grego encontra-se hoje em outro patamar e é amplamente favorito. Caso avance, Tsitsipas poderá enfrentar Cameron Norris, Ugo Humbert ou Cristian Garin.

Há ainda Andrey Rublev. O número sete do mundo procura ainda ser consistente. Este ano ganhou o torneio de Roterdão mas mostrou ter condições para vencer qualquer um.

Entrada tranquila de Djokovic

Se olharmos para o ranking mundial, pela primeira vez desde 2005, apenas um jogador do Big-3, Djokovic, está no top 3. Isso diz-nos que, aos poucos, o ténis se vai renovando. Mesmo tendo em conta a longevidade de Federer, Nadal e Djokovic.

Se olharmos para a chave do torneio, percebemos que o sérvio não deverá ter problemas nos primeiros jogos. A começar com o dinamarquês Rune. Mais à frente poderá jogar com Nishikori. O japonês tem-se mostrado este ano bem regular e consistente mas longe dos melhores tempos. Caso dê a lógica, apenas nas meias finais o sérvio poderá defrontar Zverev. Caso o faça será a reedição das semi-finais de Tóquio. O ouro olímpico então conquistado pelo alemão mostra a boa fase em que se encontra. Aliás, este pode ser também o momento chave para o alemão conquistar o seu primeiro Major. Apontado como um dos mais promissores tenistas do circuito, a verdade é que o alemão tem falhado nos momentos chave. Veremos, pois, se os Jogos de Tóquio foram o virar de ficha ou uma exceção que confirma a regra. Certo é que olhando para o ténis de Zverev, o alemão está muito mais sólido e com um saque que já se tornou uma arma. Veremos se é o suficiente.

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André Dias PereiraAgosto 7, 20213min0

Alexander Zverev conquistou, em Pequim, a sua primeira medalha de ouro no ténis. Um título maior na sua carreira, já recheada de vitórias, mas ainda sem conseguir conquistar o tão desejado Grand Slam. Aos 24 anos, o alemão soma 16 títulos, incluindo, agora, o ouro olímpico. Só em 2021 o número 5 mundial já conquistou, para além da olimpíada, troféus em Acapulco e no Masters 1000 de Madrid.

Zverev não se apresentava como um dos principais candidatos ao ouro, contudo, antes da prova, à imprensa alemã, o número 5 do mundo considerava esse um dos  seus grandes objetivos do ano. E se olharmos ao seu talento e capacidade é sempre em um jogador a ter em conta. Quem o diz é o seu histórico. Contra Federer venceu 4 de 7 jogos, contra Nadal soma 3 vitórias e 6 derrotas e contra Djokovic tem 2 trunfos contra 6 do sérvio.

Uma dessas vitórias sobre Djokovic foi precisamente nas meias-finais de Tóquio. O alemão superou o sérvio por 1-6, 6-3 e 6-1, impedindo o número 1 mundial de fazer o Golden Grand Slam (associar o ouro olímpico a todos os Majors ganhos).

Na final, Zverev ganhou a Karen Khachanov (6-3 e 6-1) e não escondia o orgulho de ter alcançado o patamar mais alto no ténis. Para isso, deixou também para trás Daniel Galan (6-2, 6-2), Nikoloz Basilashvili (6-4 e 7-6) e Jeremy Chardy (6-4 e 6-1).

E agora os Grand Slam

Conquistado o ouro olímpico, Zverev espreita o grande objetivo que ainda falta. Os Grand Slam. Para um atleta com o seu talento e habituado a estar desde muito jovem entre primeiros lugares do ranking, alcançar um Major é algo que lhe tem sido cobrado pela crítica e também por si. E por algumas vezes tem batido na trave. O ano passado foi finalista vencido no US Open e foi semifinalista no Australian Open. Já este ano caiu também nas meias finais em Roland Garros.

Apesar da versatilidade do seu ténis a verdade é que Zverev tem sido por vezes irregular e isso tem-lhe custado alguns troféus. Ainda assim, desde 2016 nunca passou um ano sem títulos. E em 2018 conseguiu mesmo alcançar o troféu do Masters Final. Para além disso, desde 2016 foi finalista vencido por 9 ocasiões, incluindo 3 finais de Masters 1000: Miami, Roma e Shangai.

Zverev faz parte de uma geração vítima do domínio do Big-3, contudo, aos 24 anos, o futuro é seu. E apesar de ele ser considerado “o próximo” grande nome do ténis e o sucessor de Federer, Djokovic e Nadal, a verdade é que conquistar Majors se tornou, em dado momento, uma obsessão sua. As tentativas frustradas têm-se transformado em um peso na sua carreira. A verdade, porém, é que hoje Zverev parece ser um jogador mais leve em court. E com confiança torna-se um dos favoritos a ganhar qualquer Major. A começar já no US Open.

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André Dias PereiraJulho 26, 20214min0

A resposta à pergunta do título é controversa e divide opiniões no mundo do ténis. Sobretudo entre os fãs. E, por certo, a pergunta está na cabeça de Roger Federer. Prestes a completar 40 anos de idade, ainda faz sentido o multicampeão suíço jogar ao mais alto nível?

Há alguns anos que se vem questionando até quando Roger Federer vai continuar no circuito. O helvético sempre respondeu que quando a família pedir para sair ou não sentir que pode ser competitivo, sobretudo contra Nadal e Djokovic, sairá pela próprio pé.

Após ser igualado em número de Majors pelo espanhol e pelo sérvio (20), poucos apostam hoje que Federer possa ainda ganhar mais algum Grand Slam. Mas isso talvez nem seja o mais importante. Em Wimbledon caiu nos quartos de final. Pior do que a derrota, foi a forma como ela aconteceu. O desaire por 6-3, 7-6 e 6-0, para Hubert Hurzkacz, foi seu o pior resultado dos últimos 19 anos no All England Club. Para quem se habituou a ganhar e chegar a tantas finais, derrotas como esta pesam na imagem do tenista.

O seu último Grand Slam conquistado foi o Australian Open, em 2018. No ano seguinte foi finalista vencido em Wimbledon. Os quatro títulos conquistados em 2019 (Basileia, Halle, Miami e Dubai) foram, aliás, os seus últimos desde então. Recorde-se também que Federer esteve afastado um ano a recuperar de duas cirurgias ao joelho direito.

Talvez o suíço já não esteja no auge da sua capacidade para voltar a ser a máquina vencedora que habituou os fãs, mas é imprudente e injusto dizer que já não é competitivo. Antes pelo contrário. Não há memória de outro tenista na história que apresente a performance de Federer nesta idade.

US Open e o futuro de Federer

A verdade é que a poucos dias de fazer 40 anos (8 de agosto) Federer segue firme no top-10 mundial, como número 9. E chegar aos quartos de final de um Grand Slam continua a ser um registo muito bom para qualquer tenista. Conforme referido antes, talvez o seu passado vitorioso pese quando vimos Fed cair antes das fases decisivas. E aí entra outra pergunta: Qual vai ser a última imagem de Federer antes de se aposentar?

Por enquanto, o suíço deixa em aberto todas as possibilidades. Após perder em Wimbledon, reconheceu que “é momento de pensar”, não prometendo voltar ao All England Club, embora gostasse de o fazer.

Talvez o US Open possa ser chave para responder a isso. Caso o joelho de Federer responda bem, ele consiga ser competitivo, mesmo não chegando às meias-finais, pode acontecer que o suíço permaneça no circuito nos próximos anos. Caso haja uma nova derrota vexatória, como em Wimbledon, ou o joelho não esteja bem, é possível que estejamos a ver os últimos momentos do helvético nos courts. Ou, pelo menos, em Majors. Isto porque, até pela idade e menor vigor físico, jogar a 5 sets pode ser já demasiado exigente. Mas jogar Masters a três sets, em momentos estratégicos do ano pode configurar-se como alternativa.

Jimmy Connors ainda pode ser atingido

Provavelmente Federer terminará a carreira sem ser o jogador com mais Grand Slam. Contudo, está apenas a 7 títulos ATP de igualar Jimmy Connors como maior campeão do circuito da história. Talvez seja esse o mais acessível e derradeiro recorde que o multicampeão suíço pode ainda almejar.

Após uma temporada e meia marcada pela pandemia e algumas incertezas, os fãs pedem ainda que Fed faça uma última temporada completa de despedida. A grande quantidade de patrocínios associados ao suíço também tem dado força à sua continuidade, embora dinheiro não seja, há muito tempo, problema para ele.

Certo é que o dia da despedida dos courts estará cada vez mais próximo. E quando isso acontecer ficará um vazio para todos: fãs de ténis e desporto no geral, jogadores, treinadores e ATP. Enfim, será o fim de uma era para que outra nasça. E há tanto a acontecer no ténis…

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André Dias PereiraJulho 14, 20215min0

A edição de 2021 do torneio de Wimbledon chegou ao fim. Aqui elencamos os destaques e as desilusões de um torneio que consagrou Djokovic, fez ressurgir Shapovalov e teve um surpreendente Hubert Hurkacz.

Esta foi, aliás, uma edição que começa a traduzir alguns ventos de mudança no circuito. O vencedor ainda foi o incontestado Novak Djokovic. Na final com Berrettini, Nolan levou a melhor por 7-6,6-4, 6-4 e 6-3. No mais, em 62 dos últimos 65 Majors pelo menos um tenista do Big-3 chegou à final. Contudo, o sérvio foi o único desse restrito grupo a jogar as meias-finais.

É verdade que Nadal ficou fora do torneio por opção. Para preservar a sua condição física, o espanhol também não jogará os Jogos Olímpicos. Mas o campeoníssimo Roger Federer caiu nos quartos de final perante a sensação Hubert Hurkacz. O suíço perdeu por 6-3, 7-6 e 6-0. Esta foi a primeira vez que Federer ficou a zero em um set, em 119 jogos em Wimbledon. Djokovic, Nadal e Federer somam agora 20 Grand Slam cada. Mas começa a ser difícil imaginar que Federer, 40 anos, possa voltar a erguer um novo Major. Por enquanto, tal como o espanhol, estará fora das olímpiadas, mas neste caso por lesão.

Novak Djokovic

O campeão. O tenista sérvio venceu Matteo Berritini (6-7, 6-4, 6-4 e 6-3) e soma agora 20 Majors, seis dos quais em Wimbledon. Djokovic chegou à final tendo apenas cedido um set. Foi na ronda inaugural diante Jack Draper (4-6, 6-1, 6-2 e 6-2). Depois, porém, levou a melhor de forma imaculada sobre Denis Kudla, Cristian Garin, Marton Fucsovic e Denis Shapovalov. Tudo leva a crer que o sérvio se torne o maior campeão de Majors, superando Nadal e Federer. Atualmente já o tenista com maior semanas de número 1 mundial e maior campeão de Masters 1000.

Matteo Berrettini

O italiano é o grande nome do ténis italiano da atualidade. Vencedor de 5 títulos ATP, Berretini, 25 anos, conseguiu, talvez, o seu maior feito na carreira alcançando pela primeira vez a final de um Grand Slam. No final do jogo, foi o próprio quem reconheceu o momento histórico que viveu só de chegar até ali. Atualmente na nona posição do ranking, Berretti, todavia, um nome em crescendo no circuito que já provou poder incomodar qualquer um. Em Wimbledon, diga-se, deixou para trás nomes como Guido Pella, Botic Van de Zandschulp, Aljaz Bedene, Ilya Ivashka, Felix Augur-Aliasime e Hurbert Hurkacz. É inequívoco, todavia que 2021 está a ser o melhor de sua carreira. Para além de ganhar os torneios de Londres e Belgrado, foi também finalista vencido em Madrid e agora Wimbledon.

Hubert Hurkacz

Que torneio. Que ano. O polaco, 24 anos, já ganhou 3 torneios na carreira, dois deles este ano: Miami e Delray Beach. Os mais atentos já sabiam ao que vinha, sobretudo depois de uma conquista de um Masters 1000. E a verdade, todavia, é que Hurkacz não desapontou chegando às meias-finais, deixando para trás nada menos do que Daniil Medvedev e Roger Federer. Acabou por cair na meia-final perante Berrettini (6-3, 6-0, 6-7 e 6-4).  Ainda assim, mostrou um jogo bastante versátil e solidez defensiva, o que aliado a um bom momento de forma, o tornou num dos nomes grandes deste torneio e que vale a pena acompanhar no futuro. Para já subiu a número 11 do ranking ATP.

Denis Shapovalov

Com uma carreira de altos e baixos, o canadiano mostrou em Wimbledon que ainda pode aspirar a grandes feitos. É um dos mais talentosos jogadores do circuito mas, ainda assim, ganhou apenas um torneio na carreira. Aconteceu em Estocolmo, em 2019. Em Wimbledon chegou às meias-finais, perdendo para Djokovic (7-6, 7-5, 7-5). Mas o canadiano pode levar boas ilações do torneio dos Cavalheiros. “Agora sei a que nível posso jogar”, reconheceu Shapovalov, depois de deixar para trás Kohlschereiber, Andujar, Murray, Bautista Agut e Khachanov.

Daniil Medvedev

O russo era apontado como um dos candidatos ao título, porque é o número 2 mundial e também porque já mostrou capacidade para ser competitivo em todos os pisos, tendo no bolso, entre outros, o título de Australian Open (2021) e o Masters Final (2020), para além de ter sido finalista vencido no US Open (2020). A verdade, porém, é que o russo não passou dos oitavos de final, caindo perante Hubert Hurkacz (2-6, 7-6, 3-6, 6-3 e 6-3). Com esta derrota, Djokovic garantiu, logo ali, a continuidade como número 1 do mundo após Wimbledon.

Alexander Zverev

Ainda não foi desta. Tal como Shapovalov, a carreira de Zverev tem sido de altos e baixos. E apesar de mais vencedora – 15 títulos, dois dos quais este ano (Madrid e Acapulco) – a verdade, porém, é que continua aquém do seu talento e projeção. Outra vez, o alemão não passou dos oitavos de final, perdendo para o talentoso Felix-Auger Alissime (6-4, 7-6, 3-6, 3-6 e 7-4). Os seus principais resultados em Grand Slam continuam a ser as meias-finais do Australian Open (2020) e Roland Garros (2021).

Andrey Rublev

O número 7 do mundo foi uma sombra em Wimbledon. Tal como o seu compatriota Medvedev ou o alemão Zverev, Rublev também não chegou, sequer, aos quartos de final. Foi afastado por Marton Fucsovic (6-3, 4-6, 4-6, 6-0 e 6-3). Depois de um ano de 2020 com 5 títulos, o russo atravessa uma fase menos boa. Para já, este ano ganhou o torneio de Roterdão. Aos 23 anos, porém, tem tudo para continuar a evoluir e a médio prazo entrar, quem sabe, num top-5.

O campeão Djokovic

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André Dias PereiraFevereiro 22, 20213min0

O sérvio voltou a fazê-lo. Nunca se deve duvidar de Novak Djokovic em Melbourne. Não por acaso é o recordista de títulos do Australian Open: são agora nove. Mesmo não estando na melhor forma será sempre um candidato ao título.

Nas últimas duas semanas o sérvio não foi dominador tão como habitualmente. Esteve quase afastado, mas chegando à final mostrou ao que veio. E nem a consistência de Daniil Medveded serviu ao russo. Em três sets Djokovic venceu por 7-5, 6-2 e 6-2.

Djokovic chegou a Melbourne com um ponto de interrogação. Depois dos altos e baixos do final de 2020, e dos problemas extra court, importava saber em que momento estava o sérvio. E a verdade é que o número um mundial fez uma prova em crescendo. Começou por vencer Jeremy Chardy (6-3, 6-2 e 6-1), mas depois sentiu dificuldades contra Taylor Fritz. Numa batalha de 5 sets, com Djoko a sentir dores. Perdeu vantagem no terceiro set, chegando mesmo a ter um pé fora da competição, mas venceu por 7-6, 6-4, 3-6, 4-6 e 6-2. Depois, contra Milos Raonic, mais sofrimento: 7-6, 6-4, 3-6, 4-6 e 6-2.

Aos trancos e barrancos mas foi avançando até estabilizar. Contra Alexander Zverev venceu por 6-4. 7-6 e 6-3. Ainda não foi desta que o alemão, 23 anos, venceu um Major. Um dos mais promissores jogadores do circuito, o número 7 mundial voltou a desperdiçar pontos importantes. E de nada valeu “ter encostado Djokovic às cordas”, como considerou o seu irmão, Mischa Zverev.

Nas meias finais, Djokovic venceu o outsider da competição. Aslan Karatsev viveu um conto de fadas em Melbourne. O russo, 27 anos, 42 do ranking ATP, atingiu as meias-finais de um Major pela primeira vez. Um grande registo para quem nunca chegou, sequer, a qualquer final de torneios ATP. Mas o sérvio não facilitou e ganhou por 6-3, 6-4 e 6-2.

Medvedev, ainda não foi desta

Se havia alguns pontos de interrogação no início sobre Djokovic, o mesmo não se pode dizer de Medvedev. O russo fez um grande 2020, vencendo o ATP Finals e chegando à final do US Open. Ao chegar a mais uma final, sobe agora à tereira posição do ranking. Aliás, há 20 jogos que Medvedev não perdia. Para trás, deixou adversários como Popisil, Roberto Baena, Filip Krajinovic, Mckenzie Macdonald, Rublev e Tsitsipas.

Ainda não foi, porém, desta que Medvedev conquistou um Major, mas parece uma questão de tempo até isso acontecer. O russo é hoje o valor mais fiável da nova geração e uma ameaça real ao domínio de Djokovic. Aliás, o Australian Open voltou a confirmar a qualidade de Rublev e de Tsitsipas. O grego, no mais, afastou Rafael Nadal, por 6-3, 6-4 e 6-2.

Com a queda de Nadal, a ATP confirmou que Djokovic vai chegar às 311 semanas como líder do ranking, superando as 310 de Roger Federer. Este foi, de resto, o Major número 18 do sérvio, que está apenas a dois dos recordes do suíço e de Nadal.

 

 

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André Dias PereiraFevereiro 5, 20213min0

Um caso positivo de Covid-19 no hotel onde os tenistas estão instalados fez disparar os alarmes. Mais de 600 pessoas foram colocadas em quarentena. Especulou-se sobre a realização do primeiro Grand Slam do ano, mas o que é certo é que vai mesmo acontecer e arranca segunda-feira, dia 8. A menos que, até lá, aconteça algo que mude a situação drasticamente. Por enquanto, os jogadores estão em risco moderado.

Sob o signo do Covid, esta edição torna-se, por isso, mais imprevisível. Todos os olhares estarão centrados em Novak Djokovic. O sérvio é número 1 mundial e recordista de títulos em Melbourne. Campeão em 2020, o sérvio é, ainda, o maior favorito, mas não incontestado. Campeão em título, Djokovic tenta aumentar a sua lenda na Austrália e reduzir distâncias para os 20 Majors de Federer e Nadal.

O sérvio não terminou 2020 da melhor maneira e muito dependerá da forma como se encontra agora. Mas já deu para notar, no final de 2020, que outros nomes podem hoje encarar o sérvio e jogar para ganhar. O principal é ainda Rafael Nadal. O espanhol também procura se isolar como o maior campeão de majors, mas terá que melhorar o que fez na edição passada. Em 2020, o maiorquino caiu nos quartos de final perante Dominic Thiem. O austríaco é número 3 mundial e foi finalista vencido o ano passado, ganhando ainda o US Open. É por isso um dos favoritos a estrear-se a ganhar em Melbourne. O ano de 2020 foi, aliás, o melhor da carreira de Thiem. No final do ano foi também finalista vencido no Masters Final. A sua versatilidade em diferentes tipos de court, tornam-no muito difícil de bater, seja em que contexto for.

Os Outsiders

É preciso ter também em conta a armada russa. Daniil Medvedev e Andrey Rublev já mostraram ter capacidade para altos voos. Nos últimos dois anos Medveded ganhou nada menos que seis títulos, entre eles, em 2020, o Masters Final e o ATP Paris. A sua frieza, serviço forte e versatilidade tornam-no um candidato a chegar muito longe não apenas em Melbourne mas ao longo de todo 2021. Será, pois, interessante acompanhar a sua evolução após o brilhante 2020. Já Andrey Rublev tem vindo a evoluir muito. Não foi feliz no Masters Final mas 2020 conquistou 3 títulos ATP: Hamburgo, Viena e São Petersburgo. Rublev é top-10 e é o desafiante a outros nomes como Tsitsipas, Zverev ou Federer. O suíço, recorde-se, está fora do Australian Open, ainda a recuperar de 2 operações.

Um nome que também será interessante manter no radar é Jannik Sinner. Longe de estar entre os favoritos, o italiano, 19 anos, alcançou os quartos de final no último Roland Garros. Foi convidado por Nadal para treinar após o retorno do ténis na sequência da pandemia, e revela uma calma e maturidade muito acima da idade.

Independente de nomes, tudo pode acontecer, sobretudo em contexto de Covid. A qualidade do ténis, contudo, está assegurada.

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André Dias PereiraJaneiro 25, 20213min0

O ano de 2020 fica para a história, não só do ténis mas do desporto em geral, como o mais desafiador para todas as organizações. O arranque da época de 2021 não promete, pelo menos para já, ser diferente. Para enquanto, o Australian Open foi adiado para 8 de fevereiro e a ATP Cup encurtada para o período entre 1 e 5 do mesmo mês. É ainda cedo para se falar em outras competições mas é possível que o clima de incerteza continue a ser feito mês a mês. Isso certamente, também tem impacto na preparação da temporada e rendimento dentro dos courts.

São vários os questionamentos que se fazem nesta altura da temporada. Agora, em 2021, mais ainda. O principal é saber se o big-3 ainda continuará a dominar a cena do ténis. Ou se é possível termos novas figuras no topo da hierarquia. Por ora, Novak Djokovic e Rafael Nadal são as únicas certezas num ano incerto. O sérvio e o espanhol ocupam ainda as duas primeiras posições com Dominic Thiem a espreitar de perto, no terceiro posto.

A recuperar de 2 cirurgias Roger Federer está afastado do Australian Open e deste início de temporada. Aos 39 anos ainda não dá para descartar do suíço, mas é pouco crível que possa voltar a liderar o ranking. Com 20 títulos Major é o recordista do circuito. Há muito que já não se apresenta como o maior favorito a ganhar um Grand Slam mas não seria totalmente surpreendente se ainda ganhasse mais 1 até se aposentar. Com 19 Majors, Nadal pode igualar ou até ultrapassar esse registo em 2021. É, outra vez, um dos principais candidatos a ganhar o Australian Open e, sobretudo, a vencer Roland Garros.

A força mental de Djokovic levada ao limite

Mas há, também, Djokovic. O sérvio tem-se apresentado, nos últimos anos, como o mais regular. Contudo, a sua resiliência e força mental será testada como nunca antes. Após os eventos da Adria Cup, que culminaram na infeção de vários tenistas e staff, o sérvio tem sido alvo de duras críticas. Mais, o sua impopularidade tem crescido . Se, em outras ocasiões, Nolan se tem valido disso para fortalecer o seu jogo, o Masters Final mostrou um lado do sérvio poucas vezes visto: desatento, de cabeça quente e a cometer demasiados erros não forçados.

Dominic Thiem, Daniil Medvedev têm sido, nos últimos dois anos, os grandes desafiantes ao big-3. O austríaco é já número 3 mundial, a morder os calcanhares a Rafael Nadal. Thiem é também tido como o sucessor do espanhol no reinado da terra batida. Em 2020 venceu ainda o US Open, o seu primeiro Major. É um dos mais consistentes do circuito e candidato a ganhar qualquer Grand Slam. O ano passado foi ainda finalista vencido em Melbourne.

Entretanto, o russo foi o campeão do Masters Final em sua segunda participação. Medvedev viveu o período incrível em 2020. Para além dos triunfos do ATP Finals e ATP Paris, ganhou 4 títulos em 2019 e 3 em 2018. Outros tenistas, como Tstsipas, Rublev, Zverev ou Schwartzman deverão também se manter no topo da cena do ténis mundial, causando sensação aqui e ali.

Mas, outra vez, tudo dependerá da evolução e impacto da pandemia no circuito que, por agora, mantém ainda o público fora dos courts.


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