Arquivo de eugenie bouchard - Fair Play

André Dias PereiraAbril 4, 20183min0

Antiga número 5 do mundo está hoje fora do top-100. Eugenie Bouchard perdeu patrocinadores, motivação e vai dedicar-se a torneios ITF “para recuperar a sensação de ganhar”. Aos 24 anos ainda vai a tempo de voltar ao topo?

Em 2014 a canadiana Eugenie Bouchard chegava ao topo do mundo. Finalista do torneio de Wimbledon e garantia a entrada no top-10 mundial. Um registo surpreendente e meteórico se nos atentarmos à ideia que um ano antes ocupava o modesto 144º lugar do ranking WTA. Mais. Tratava-se do seu primeiro Grand Slam enquanto profissional. Alcançar a final nessa condição era um feito que não era repetido desde Arantxa Sanchez, em 1991.

Aos 20 anos era a “next big thing” do ténis mundial e os patrocínios começaram a chover. Nike, Colgate, entre outros, tornaram-na em uma das mais bem pagas tenistas do mundo. Foi capa da Sports Illustrated.

Dentro do court, Bouchard foi ainda semi-finalista em Roland Garros e Australian Open. No US Open chegou aos quartos de final. Tudo em 2014. O céu parecia ser o limite.

Certo é que a canadiana nunca conseguiu dar sequência a esse arranque de carreira. Nunca voltou a estar perto, sequer, de conquistar um Grand Slam. Agora, fora do top-100 deverá prosseguir carreira nos torneios ITF. “Aqueles que ninguém vê”, explica Bouchard que procura “voltar a sentir a sensação de ganhar”.

Depois de um ano cheio, em 2014, o seguinte foi o início da sua queda. Eliminada nas primeiras rondas de torneios como a Family Circle Cup, Madrid Open ou Rogers Cup. A confiança começava a desaparecer. Ana Ivanovic, na altura, disse que Bouchard precisava de “voltar à sua essência, trabalhar duro, perceber o que resulta e não resulta, escutar-se a si mesma e não ser influênciada por outras pessoas”. E as coisas pareciam retomar o seu caminho no US Open. A canadiana venceu Alison Riske, Polona Hercog e Dominica Cibulkova. Na quarta ronda jogaria com Roberta Vinci, mas uma contusão afastou-a do torneio que já era visto como o seu regresso ao alto nível.

A lesão obrigou-a a afastar-se de torneios seguintes e ficou fora por mais de três meses. Já em 2016 e pela primeira vez desde 2013, não foi cabeça de série no Australian Open. Seria eliminada na segunda ronda por Agnieszka Radwańska. O calvário repetiu-se no Catar, na Malásia e Indian Wells. O seu melhor registo foi a terceira ronda.

Perda de patrocínios

A luta pela sua melhor forma continuou em 2017. Outra vez sem sucesso. Em Brisbane e Sidney foi afastada na ronda inaugural. No Australian Open foi eliminada na terceira ronda por Coco Vandeweghe. Bouchard optou, então, por voltar a jogar no circuito ITF, pela primeira vez em quatro anos. Depois jogou em Istambul, mas foi Madrid, frente a Angelique Kerber, que venceria o primeiro jogo no circuito profissional em meses.

Já em 2018, a canadiana saiu, enfim, do top-100 mundial e prepara-se para voltar a jogar torneios ITF. “Está na hora de baixar a categoria de torneios e jogar encontros de importância menor. Aqueles que ninguém vê e ninguém quer saber. Preciso de recuperar aquela sensação de ganhar”, disse após ser afastada, na semana passada, no torneio de Charleston.

Entretanto, e de acordo com o jornal AS, a canadiana tem cada vez menos patrocinadores. A Nike já não desenha para ela e marcas como Colgate, Aviva e Usana já rescindiram os contratos.

Aos 24 anos, Eugenie Bouchard tem ainda um futuro pela sua frente. Mas haverá tempo para a bonança após a tempestade?


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