Arquivo de Candela Gentinetta - Fair Play

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José AndradeAbril 19, 202210min0

Voltamos com o nosso texto habitual onde destacamos quem mais se evidenciou no fim de semana da Liga Betclic Feminina. Foram dois jogos, os primeiros duelos das meias-finais que nos proporcionaram duelos espetaculares e é sobre os maiores destaques da cada um deles que vamos falar aqui hoje.

GDESSA – SL Benfica: Tango reinou no Barreiro

O Benfica foi até ao Barreiro vencer o GDESSA por 71-65 na primeira meia-final do playoff da Liga Betclic Feminina. O GDESSA a entrar muito bem, a equipa de Ricardo Oliveira a entrar à procura da zona interior e da superioridade física de Letícia Josefino, já o Benfica procurava a maior mobilidade de Candella Gentinetta nesse duelo de interiores. Benfica começou melhor no tiro exterior, àquela que é a arma predileta do GDESSA. A luta das tabelas a ser decisiva desde cedo, o Benfica passou a ganhar mais duelos e a conseguir com isso uma superioridade importante. Duelo muito equilibrado, Benfica acabou por conseguir ter um ascendente na primeira-parte, muito pela eficácia à volta do garrafão e pela capacidade de ganhar na luta das tabelas, estes foram os fatores determinantes para esse ascendente, além da maior mobilidade de Mariana Silva e Candela Gentinetta no duelo com Letícia Josefino e Rita Rodrigues. No segundo quarto, destaque para as entradas de Carolina Rodrigues que voltou a saltar muito bem do banco, trouxe mais velocidade e espalhou a sua imensa qualidade de passe e de decisão pelo jogo.

GDESSA estava com eficácia bem abaixo do normal, a equipa do Barreiro lançava mais e acertava menos. A resposta do GDESSA começa em força no final do segundo quarto, muito pelos desarmes de Letícia Josefino e em especial pelo triplo de Joana Lopes já no minuto final. Na segunda-parte as coisas foram bem diferentes, o GDESSA cresceu muito, subindo a pressão, a intensidade defensiva e a velocidade no ataque. No último quarto o GDESSA recuperou e esteve por cima, o triplo de Márcia da Costa Robalo relançou o jogo e animou ainda mais os minutos finais.

O conjunto do Barreiro a forçar o Benfica a cometer mais erros, o jogo esteve a apenas 2 posses favoráveis para as águias, luta até aos últimos instantes, mas o Benfica acabou por vencer demonstrando a consistência habitual, mesmo tendo sofrido muito, mais uma vez frente a este GDESSA. Vantagem para o Benfica, mas o GDESSA a nunca desistir, a alma e a qualidade desta equipa só nos faz saber que vai ser um jogo ainda mais imperdível no próximo sábado, no segundo duelo da meia-final dos playoffs da Liga Betclic Feminina.

  • Márcia da Costa Robalo – Jogo de excelência nº 300000000

Vários destaques no lado do GDESSA, se Leonor Serralheiro voltou a impressionar pelo seu pulmão, é uma jogadora incansável que não sabe jogar mal, mesmo quando não aparece na marcação de pontos, é fundamental para o que a equipa faz. Maianca Umabano obviamente um dos destaques, até pelo que fez na defesa, importante no matchup com Raphaella e no 2×1 defensivo do GDESSA. O destaque maior foi Márcia da Costa Robalo, é uma jogadora que em todos os jogos é elogiada, além dos pontos, está tudo o resto, a liderança, a capacidade de leitura de jogo e a capacidade de surgir nos piores momentos e quando o GDESSA mais precisa, foi isso mesmo que se viu neste duelo, aquele triplo a pouco mais de 6 minutos do final do encontro, deixou a equipa do Barreiro por cima e a apenas 3 posses. É uma jogadora completa, é uma estrela e juntando a sua capacidade técnica, à sua capacidade física e a tudo, faz com que seja uma jogadora capaz de mudar jogos e levar a sua equipa a fazer tudo. Neste duelo, Márcia da Costa Robalo conseguiu 19 pontos (com 2 em 6 lançamentos de campo e 5 em 9 na linha de 3 pontos) ainda 3 ressaltos, 3 assistências, 2 roubos de bola e 1 desarme de lançamento em mais um jogo de excelência de uma das estrelas maiores do nosso basquetebol.

  • Candela Gentinetta – Bailou para ser a figura encarnada

A vitória do Benfica esteve assente na eficácia, mas também na mobilidade e nos duelos ganhos na zona interior e uma das maiores responsáveis por isso foi a internacional argentina que acabou por ser a maior figura deste jogo. Raphaella Monteiro esteve como sempre extraordinária, como poste baixa, como playmaker e a assumir nos momentos mais complicados. Ainda destacar, Carolina Rodrigues que está em modo playoffs e segue imparável e a jogar muito bem, ainda menção para Mariana Silva que voltou a entrar muito bem e a ajudou à vantagem no interior. Candela Gentinetta conseguiu 16 pontos (8 em 10 no que diz respeito a lançamentos de campo), ainda 11 ressaltos e 1 assistência, sendo a maior responsável pela eficácia e pelo ponto que maior diferença fez para o Benfica, reforçando ainda o estatuto de uma das melhores contratações esta temporada na Liga Betclic Feminina.

AD Vagos – União Sportiva: Batalha dura e pulmão de luxo

Jogo a começar equilibrado, Manuela Martinez e a sua capacidade de soltar na altura ideal e Raquel Laneiro e o seu belo ataque ao cesto a inaugurarem o marcador. Vagos acabou por ficar mais confortável ainda no primeiro quarto, muito pelas transições, o 2×1 com Burse e Martinez ia fazendo a diferença, do outro lado o Sportiva começou com uma eficácia mais baixa e a não ia conseguindo ganhar nos duelos perto do cesto, as jogadoras interiores do Vagos iam conseguindo vencer nesse particular.

Sportiva a começar pior, mais uma jogo onde as açorianas não entraram da melhor maneira, mas o Vagos muito bem, Susana Carvalheira cansada pelos muitos duelos com Licinara e Joana Alves foi caindo de rendimento, mas Martha Burse e Manuela Martinez entraram cedo a dar nas vistas, Burse nas penetrações que a equipa visitante nunca foi conseguindo travar e Manuela a pensar o jogo assumindo um papel importante na criação e menos na marcação de pontos. União Sportiva cresceu quando assumiu a defesa zona, deixando o Vagos com o tiro exterior onde principalmente da zona do canto ia conseguindo fazer a bola cair.

A entrada de Carolina Cruz marcou o momento onde as açorianas mais cresceram, isto porque Inês Pinto sentiu mais dificuldades no duelo com a jovem poste do Sportiva que ainda trouxe tiro exterior e mais capacidade de ter bola. A vantagem do Vagos estava nos contra-ataques e na ocupação de espaços, isto porque a equipa de João Janeiro conseguia tirar vantagem dos espaços que o Sportiva dava principalmente na transição defensiva, já do outro lado o Sportiva jogava de forma mais lenta e não conseguia marcar nos contragolpes.

O União Sportiva cresce ainda no segundo quarto, mas é principalmente o terceiro que marca a mudança no encontro com a equipa de Ricardo Botelho a passar para a frente. A subida do Sportiva passa por Raquel Laneiro que assumiu o jogo e mudou o rumo, ainda Licinara que passou a ganhar mais os duelos interiores, mas a principal diferença esteve na eficácia, o Sportiva já obrigava o Vagos a fazer muitas faltas na primeira-parte, mas era na eficácia que estava o problema, no segundo tempo tudo mudou. O tiro exterior também surgiu do lado açoriano, a velocidade aumentou e os duelos passaram a ser ganhos pela equipa visitante. O Vagos no ataque deixou de conseguir ganhar perante as jogadoras mais fortes do Sportiva, apenas Martha Burse manteve o nível ofensivo.

Quando o Sportiva estava em recuperação e com tudo empatado, surge a falta que coloca Nausia em risco de exclusão que complicou as coisas. O Sportiva estava por cima, cresceu muito e conseguem passar para a dianteira já no quarto período. A maior velocidade fez com que as açorinas conseguissem desequilibrar mais o Vagos, a juntar a isso a equipa de Ricardo Botelho passou a ganhar mais duelos nas tabelas, o tiro exterior do Vagos deixou de cair, a eficácia baixou e o Sportiva controlou dentro do equilíbrio que foi este jogo. Muito equilíbrio, jogo com muitos duelos, muito físico e onde o Sportiva conseguiu vencer com uma segunda parte de luxo.

  • Raquel Laneiro – Classe absurda e o não saber jogar menos que muito bem

É mais uma das jogadoras que semana após semana é destaque e elogiada, neste jogo voltou a ser preponderante. Licinara Bispo esteve mais uma vez muito bem, está em grande forma, também ela a aparecer na segunda-parte e foi fundamental na luta das tabelas. Simone Costa sempre muito eficiente, tal como fui destacando ao longo da época é aquela jogadora que joga sempre muito bem, mesmo quando o boxscore não salta à vista. Nausia Woolfolk é sempre a estrela, mesmo condicionada pelas faltas. Agora destaco Raquel Laneiro pelo que fez jogar, num jogo complicado e muito disputado, a base nunca perdeu o discernimento, não errou, assumiu o jogo quando a equipa mais precisava e voltou a demonstrar a sua maturidade, classe e a muita qualidade. Não foi quem mais marcou, mas foi quem mais fez jogar, a excelência na sua leitura de jogo foi o fator que mais fez a diferença neste encontro. Raquel Laneiro conseguiu 11 pontos (3 em 9 nos lançamentos de campo, 1 em 7 na linha de três pontos e 2 em 2 na linha de lances livres) ainda juntou 3 ressaltos, 2 assistências e 2 roubos de bola em mais uma excelente exibição de uma das estrelas da Liga Betclic Feminina.

  • Martha Burse – Pulmão e qualidade que vale por 3

O destaque maior do Vagos foi Martha Burse, se várias das suas colegas acabaram por estar abaixo no que à concretização diz respeito, Martha assumiu e brilhou, sendo que esteve imparável principalmente no ataque ao cesto. Susana Carvalheira principalmente na primeira parte esteve bem, conseguiu ganhar nos duelos e assumir algum destaque, Joana Canastra como sempre entrou muito bem, mas foi Martha Burse que mais se evidenciou neste duelo do lado do Vagos, tanto pelo pulmão que já é conhecido e que tanto elogiamos, como pela capacidade de assumir, pegar na bola e concretizar no ataque ao cesto criando sempre problemas às adversárias que neste jogo nunca conseguiram travá-la. Martha Burse conseguiu 34 pontos (foram 13 em 22 nos lançamentos de campo, 1 em 5 no tiro exterior e 5 em 5 na linha de lances livres) ainda juntou 6 ressaltos, 2 assistências e 4 roubos de bola.

Ficaram aqui os maiores destaques destes dois primeiros duelos das meias-finais dos playoffs da Liga Betclic Feminina, jogos incríveis, a ritmos alucinantes e que maravilharam todos os que viram. O único conselho é para não perderem os próximos duelos porque vão ser ainda mais espetaculares.


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É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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