Arquivo de Al-Ahly - Fair Play

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José AndradeDezembro 30, 20225min0

O 3×3 tem nos brindado como momentos memoráveis e Soraya Mohamed tal como a “nossa” Joana Soeiro tornou-se viral pela sua habilidade e hoje vamos ficar a conhecer um pouco melhor a Cleópatra do basquetebol que mexeu com o mundo da bola laranja.

A rainha africana que colocou as jogadoras muçulmanas em outro destaque

Soraya Mohamed é desde há alguns anos uma das jogadoras mais influentes no panorama mundial do basquetebol, principalmente pelas exibições espantosas nas etapas do 3×3 espalhas pelo mundo. A egípcia começou a jogar aos 8 anos, na altura no Clube de Tiro do Egipto onde incicialmente conciliava o basquetebol com o ténis, mas a verdade é que desde cedo que a bola laranja chamou mais à atenção da jovem Soraya. Desde cedo que se destacou, o talento natural era notório e também por isso o aumento da atenção que foi merecendo por parte dos responsáveis do basquetebol na região.

Não é fácil para uma atleta conciliar os estudos, mas a verdade é que Soraya Mohamed sempre foi tendo boas notas conseguindo mesmo concluir o secundário com uma das notas mais elevadas de sempre em Thanaweya Amma e depois na universidade foi sempre uma aluna exemplar. Falando do basquetebol, como dito anteriormente, o talento era notório e por isso mesmo desce muito cedo que Soraya Mohamed se destacou, basta ver que aos 15 anos foi chamada pela primeira vez aos trabalhos da seleção do Egipto de sub16, conquistando o lugar e participando logo no Campeonato Africano, onde as egípcias conseguiram o 2º lugar e com Soraya a ser a MVP colocando-se assim ainda mais em destaque no continente africano.

A progressão da jovem atleta era evidente, estava cada vez mais nas bocas de todos pelo basquetebol africano e pouco depois do primeiro MVP somou o segundo, agora em sub-18 num Campeonato Africano onde o Egipto terminou em 3º lugar. Nesta altura já surgiam muitas alcunhas para Soraya Mohamed, uma das mais ditas era a de “Ronaldinho do basquetebol egípcio”, mas a verdade é que já nesta altura começava a surgir o de “rainha do basquetebol africano”. Aos 17 anos e já a atuar no Al-Ahly começou a receber propostas para rumar a Espanha e aos Estados Unidos da América, a verdade é que nunca aceitou e foi sempre continuando no Egipto, onde é a estrela do clube e do próprio basquetebol do pais.

A Cleópatra do basquetebol foi somando distinções individuais, desde MVP a melhor marcadora em vários Campeonatos Africanos, além de tudo o que ia fazendo ao serviço do Al-Ahli, juntando a isto surge o 3×3, que tem vindo a ganhar cada vez mais espaço a nível mundial, pela espetacularidade garantida em cada jogo, os fãs tem vindo a crescer e a nível africano, Soraya Mohamed é a grande estrela, ganhando grande protagonismo em 2019 pelas fintas que deixaram o mundo pasmado durante o Campeonato Africano de 3×3 de lá para cá o mundo tem-se rendido à jovem egípcia que ajudou a colocar o basquetebol africano em outro patamar, principalmente para as jovens muçulmanas que tem em Soraya Mohamed o grande exemplo.

Em 2021 e em plena ascensão mundial, a Cleópatra teve um duro revês ao lesionar-se, quando estava no topo do mundo, Soraya Mohamed rompeu o ligamento cruzado anterior e foi obrigada a parar durante vários meses. A verdade é que nada abalou a jovem rainha do Egipto, que aproveitou a lesão para regressar ainda mais forte, com novas fintas colocando-se ainda mais em destaque a nível mundial principalmente nas etapas de 3×3 onde os vídeos e os highlights se vão somando. Nos últimos anos, Soraya Mohamed somou muitos prêmios individuais, de MVP do Campeonato Egípcio, aos Campeonatos Africanos de clubes e seleções, além claro das premiações no 3×3, a jovem craque é nesta altura o expoente máximo do basquetebol africano, de alcunhas de jogadores de futebol passou a merecer a sua nova alcunha, a de Cleópatra do basquetebol que baila para deleito do mundo, levando assim o basquetebol africano a um patamar de popularidade poucas vezes visto.

Às dezenas de prêmios individuais, somam-se as conquistas coletivas, a importância no basquetebol africano, mas a verdade é que Soraya Mohamed não quer ficar por aqui, a Cleópatra do basquetebol já revelou que um dos seus sonhos é jogar na WNBA, as ambições individuais da rainha começam a ser reveladas em diversas entrevistas, ninguém sabe se esses sonhos vão ser atingidos, se a talentosa jogadora vai conseguir chegar aos maiores campeonatos de basquetebol mundial, mas a verdade é que o impacto da egípcia é maior do que qualquer carreira internacional, Soraya conseguiu popularizar uma atleta de hijab a driblar toda a gente e a brilhar como poucas, todas as novas gerações vão ter presentes o que ela tem vindo a fazer ao longo dos últimos tempos, uma mudança paradigmática e que elevou todo o basquetebol feminino a um nível que há muito merecia.

O voo de Soraya Mohamed apesar de estar muito alto, ainda agora começou e podemos todos ter certeza que ainda vamos ouvir falar muito desta estrela mundial e principalmente que ela vai ser mais uma das razões para não se perder nenhuma etapa do 3×3 e nem nada do basquetebol africano, pois com a jovem Cleópatra é garantido espetáculo e momentos que vamos todos guardar para sempre, não só pelo basquetebol, mas principalmente pelo impacto além do campo que é cada vez mais maior que nunca.

Soraya Mohamed é uma estrela mundial do basquetebol e hoje olhámos aqui para todo o seu percurso e principalmente para toda a influência que tem tido na bola laranja em africa e também no 3×3 onde é uma das maiores protagonistas mundiais.

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Thiago MacielNovembro 26, 20214min0

Os participantes do mundial de clubes estão praticamente conhecidos, neste sábado saberemos quem de Flamengo ou Palmeiras disputará o Mundial de Clubes da Fifa. Mas e os outros integrantes? Claro, que o Chelsea é o mais conhecido deles e sua história de recente sucesso é mais acessível. No entanto nem Flamengo, Palmeiras ou Chelsea, daqui por diante vou te mostrar um pouco da história do Al Ahly.

Origens

Al-Ahly é também chamado de “diabos vermelhos”. Baseado no Cairo, o Al-Ahly é um dos clubes de maior sucesso tanto do Egito quanto do continente africano. Sendo o maior vencedor da Liga dos Campeões Africana de clubes, com 10 títulos.

Inclusive o time egípcio, em dezembro de 2000, foi condecorado como o clube africano do século pela Confederação Africana de Futebol.

O Al-Ahly foi fundado em 1907 por estudantes do ensino médio. Na Época o Egito estava sob ocupação das forças Britânicas. E um inglês, Mitchel Ince, foi seu primeiro presidente.

No total, os “diabos Vermelhos” venceram 42 vezes a Liga Egípcia, incluindo oito títulos de forma consecutiva. Também conquistaram a Copa do Egito em 35 oportunidades e a supercopa local outras 11 vezes.

Al-Alhy Venceu a 10th CAF League e vai pra mais um mundial.

Tragédia no estádio

Em fevereiro o Al Ahly vivia a maior tragédia de sua história. Em partida pelo Campeonato Egípcio diante do Al Masry, um de seus principais rivais, em Port Said, o time viu a torcida do adversário invadir o campo e comandar um verdadeiro massacre, que terminou com a morte de 74 torcedores e deixou milhares feridos.

Testemunhas disseram que a confusão começou depois que torcedores do Al-Ahly abriram cartazes ofendendo Port Said, e um deles entrou no campo com uma barra de ferro. A torcida do Al Masry reagiu invadindo o gramado e agredindo os atletas do Al-Ahly, e depois voltaram às arquibancadas para bater em torcedores rivais.

A maioria das mortes foi de pessoas pisoteadas pela multidão ou que caíram das arquibancadas, segundo testemunhas.

A TV transmitia a partida ao vivo e mostrou torcedores correndo pelo gramado atrás de atletas do Al Ahly. Alguns policiais formaram um corredor para tentar proteger os jogadores, mas aparentemente foram dominados pelos torcedores, que continuaram chutando e socando os atletas em fuga.

Al-Ahly
Imagem da invasão dos torcedores em Port Said

Superação pela força política

Indignados contra o regime militar que governava o Egito, moradores de Port Said e torcedores do Al-Mahly foram às ruas para denunciar o governo como o verdadeiro responsável pela morte de 74 pessoas – entre elas 5 moradores – no estádio de futebol da cidade. Relatam que a polícia e as Forças Armadas teriam contratado falsos torcedores que, armados com facas e rojões, promoveram o massacre.

A “guerra do futebol”, como foi chamada no Egito, não tem nada a ver com o esporte. Esse é o primeiro argumento dos moradores de Port Said, cidade portuária de 600 mil habitantes no nordeste do país.

Usadas pelo regime militar durante os 29 anos de governo de Hosni Mubarak, torcidas organizadas – chamadas de “ultras” – desempenharam papéis relevantes nos protestos contra e a favor do governo em fevereiro de 2011, na Praça Tahrir, no Cairo, e em outras cidades do Egito. Um ano depois, os ultras do Al-Ahly, favoráveis à revolução, teriam sofrido a vingança. Desde o dia do massacre, os torcedores do Al-Mahly são apontados como culpados, ao lado da polícia e do Ministério do Interior. Essa culpa, porém, é negada pelos moradores de Port Said.

Desde a tragédia pós-jogo, vencido pelo Al-Mahly por 3 a 1, a opinião pública egípcia mostra-se convicta da premeditação do crime. Pesam contra o governo as imagens das tropas de choque inertes no campo, em meio ao massacre, e as informações de que os portões do estádio teriam sido fechados para que ninguém saísse.

Apesar da ferida gigantesca, os vermelhos levantaram a cabeça. Voltaram às ruas, desta vez de mãos dadas com o Zamalek, seus maiores rivais, para lutar por justiça. E se refizeram também em campo. Mesmo com o caos que se instaurou no Campeonato Egípcio, o clube conquistou o bicampeonato da Liga dos Campeões da África, com o ídolo Aboutrika liderando as homenagens aos mártires de Port Said.

Al-Ahly
Aboutrika Ídolo eterno do Al-Ahly

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É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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