Women’s Euroliga: é altura das eliminatórias!
A maior competição continental de basquete feminino chegou ao fim da fase de grupos nesta semana. Com três vagas abertas ao início da rodada derradeira, a Women’s Euroliga teve uma semana atribulada, ainda que as definições tenham saído de placares largos; quatro equipes, em cada um dos dois grupos, avançaram às quartas-de-final, onde a disputa se dará em confrontos diretos, rumo ao Final Four.
Previstas para o final de fevereiro (21 e 28, com 6 de março para eventuais jogos desempate), as quartas cruzarão os dois grupos em formato olímpico (1 x 4, 2 x 3). Antes da pausa, para a a janela Fiba de seleções, cabe um breve resumo da fase de grupos, além dos tradicionais palpites para o mata-mata próximo.
Grupo A
O evidente favoritismo do turco Fenerbahçe, oriundo dos altos investimentos e da busca pelo bi, refletiu-se em quadra; a liderança no grupo e a classificação tranquila não surpreendem e mantem as turcas no topo das apostas. O trio Yvonne Anderson, Kayla McBride e Emma Meesseman terá a companhia de Napheesa Collier (contratada para um curto período no início da competição, retornou a Istambul para a fase final), formando um conjunto difícil de ser batido. Tampouco surpreende a classificação do italiano Beretta Famila Schio, clube tradicional que, apesar de mudar as estrelas estrangeiras, manteve seu domínio na Euroliga. Arella Guirantes puxou a pontuação e eficiência da equipe, que avançou na quarta posição devido aos critérios de desempate.
O mesmo não se pode dizer das outras duas equipes classificadas. O húngaro DVTK Hun-Therm Miskolc não perdeu tempo e tratou de abrir a campanha de forma avassaladora, criando gordura para a reta final; a equipe incrementou o mesmo padrão tático exitoso da temporada passada, proposto pelo técnico Peter Volgyi, dependendo menos de desempenhos individuais e apostando no sólido trabalho coletivo. Desempenho parecido ao da temporada anterior, com resultado diferente: enfim veio a histórica classificação às quartas.
Outro clube, este estreante na Euroliga, conquistou a classificação, com roteiro similar: gastando a gordura acumulada nas rodadas iniciais. A vaga do espanhol Casademont Zaragoza foi confirmada na última rodada, com a tranquila vitória por 96 x 49 sobre Lublin. Zaragoza e Miskolc, duas equipes horizontais, com forte trabalho tático e defensivo, receberão as quartas sob fortes aplausos de suas torcidas, duas das mais apaixonadas e assíduas do continente.
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Impossível deixar de mencionar as duas decepções do grupo, equipes com forte investimento que ficaram pelo caminho. O francês Lyon, vindo da conquista da Eurocopa no ano anterior, demorou a ter o elenco completo e, quando o fez, não deslanchou, com um basquete muito abaixo do poderio de suas peças. Projeto de longo prazo que derrapou uma vez mais em seu retorno à Euroliga. O espanhol Valencia também decepcionou e a não traduziu a recente dominância em seu país para o continente; a chegada tardia de Alina Iagupova resultou em melhora, insuficiente para compensar o início ruim.
Grupo B
Mais equilibrado, o grupo B chegou à última rodada com duas classificadas (justamente as equipes mais ricas do grupo): o tcheco ZVVZ USK Praga e o turco Çukurova Mersin, garantidos no topo da tabela. Praga passou por mudanças significativas desde a temporada anterior; ao perder as duas referências norte-americanas, contratou jogadoras mais novas e ampliou as opções para cada opção, com a chegada de europeias de primeiro nível. A classificação não tardaria. O Mersin não somente mudou em relação ao ano passado, como durante a própria campanha. Não que seja novidade e as turcas trocaram de técnico, além de alterações significativas no elenco. Marina Mabrey assumiu o protagonismo e entregou a vaga de forma antecipada.
As duas vagas finais ficaram com o espanhol Perfumerias Avenida e o francês Villeneuve d’Ascq; na trajetória de ambas, vitórias sobre o polonês Polkowice nas duas rodadas finais, adversário direto pela vaga. Avenida foi à Polônia e derrotou as anfitriãs na penúltima rodada, em uma partida exuberante da pivô Laura Gil, vencendo ainda as adversidades vividas na fase de grupos (êxodo de peças chave, contusão da Fasoula, saída de norte-americana, demissão do técnico) . De uma forma ou outra, o Avenida achou um jeito de chegar às quartas, ainda que tenha perdido poderio financeiro nos últimos anos. A rodada final foi praticamente protocolar e a magra vitória sobre a lanterna assegurou a vaga.
Já o Villeneuve teve um confronto direto na rodada final, cujo rival foi o Polkowice. As polonesas iniciaram o torneio de forma avassaladora e pareciam encaminhadas para as quartas, com desempenho tático impecável; mas, como sói acontecer, a adição de Stephanie Mavunga surtiu efeito contrário e desmontou a estrutura tática e coletiva tão importantes no início. A equipe ficou a uma vitória da vaga, fechando a campanha com quatro derrotas consecutivas. Villeneuve, capitaneado pela ótima temporada de Kennedy Burke, foi a única equipe francesa a avançar, após a vitória por 85 x 72.
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Não chega a ser uma surpresa a desclassificação do italiano Virtus Bologna; tal qual o Lyon, a equipe com aspirações continentais quedou novamente eliminada na fase de grupos.
Os palpites para as quartas-de-final
Fenerbahçe x Avenida
Nem a bravura desse elenco espanhol será capaz de limar outra participação turca no Final Four. A não ser que aconteça daqueles eventos raros no esporte, o Avenida entra no duelo com ampla desvantagem.
DVTK x Villeneuve
Aqui, reina a incerteza: duas equipes bem montadas, cujas apostas residem no trabalho coletivo. Sem tradição na Euroliga, o time vitorioso chegará de forma inédita ao Final Four, uma surpresa em si a uma competição previsível como a Euroliga. As húngaras perderam tração na reta final, porém contarão com um cladeirão e uma torcida apaixonada; as francesas têm mais poderio individual e apostarão no eficiente ataque, ainda que necessariamente tenham que vencer ao menos uma partida na casa adversária. Confronto sem favoritismo.
Mersin x Zaragoza
As divindades do basquete novamente colocaram a equipe turca contra uma espanhola, rivalidade marcante nos últimos anos. Dois perfis bem distintos lutarão por um lugar ao sol: as turcas com imediatismo para retornar à final e fazer valer o alto investimento; as espanholas, com elenco montado lentamente, apostando num projeto de médio prazo, caracterizado pelo envolvimento da torcida e da cidade. No papel, o Mersin entra como favorito, inclusive pelo mando de quadra em eventual desempate, mas não convem descartar as guerreiras de Zarazoga.
Praga x Schio
O prêmio de Praga, pela liderança de seu grupo , foi o confronto contra a equipe mais cascuda e habituada a confrontos eliminatórios. Duelo grande, de peso, envolvendo duas camisas tradicionais na Euroliga. Praga dispõe de um conjunto jovem, ainda que experiente, que cresceu ao longo do torneio e construiu sua liderança de forma incontestável em um grupo equilibrado. Com vantagem no mando, as tchecas devem sofrer, mas garantir a passagem ao Final Four.