WNBA na quinta marcha: as semi-finais batem à porta

Lucas PachecoSetembro 21, 20257min0

WNBA na quinta marcha: as semi-finais batem à porta

Lucas PachecoSetembro 21, 20257min0
Com as campeãs já eliminadas, a WNBA vai ter um novo campeão e Lucas Pacheco avaliou quem está na pole position antes das meias-finais

A temporada 2025 da WNBA segue em ritmo alucinado, mal saímos da fase de classificação e a primeira rodada dos playoffs já se encerrou. Sem tempo algum de descanso e preparação para os novos confrontos, as jogadoras de Minnesota Lynx, Indiana Fever, Las Vegas Aces e Phoenix Mercury comemoraram a vaga nas semi-finais em quadra e logo partiram para o aeroporto, para a próxima parada rumo ao título.

Vocês não leram errado: a atual campeã foi eliminada ainda na primeira fase dos playoffs, algo que não acontecia a bons anos. Na noite da última sexta-feira, o New York Liberty disse adeus às pretensões do bi-campeonato, ao ser derrotado pela segunda vez pelo Phoenix Mercury; depois de um ano difícil, repleto de contusões e desfalques, o time de Sandy Brondello não atingiu o nível de 2024 em nenhum momento. Mais que a desconexão tática, faltou voracidade; apenas Breanna Stewart (sentindo uma lesão e jogando no limite) apareceu no momento decisivo. Pouco perante um Mercury aguerrido e intenso.

Após roubar o mando de quadra na inauguração da série (69 x 76), o Liberty viu-se em maus lençóis em seus domínios. Sem aproveitar a vantagem conquistada em Phoenix, o time foi presa fácil ao trio de ferro do Mercury, que comandou as ações e obrigou à partida desempate com o fácil 60 x 86. Quando as três (Alyssa Thomas, Satou Sabally e Kahleah Copper) aparecem, fica difícil derrotar o Mercury. Com a série de volta ao Arizona, o time de Nate Tibbetts mostrou sua força e viu sua estrela maior atingir um improvável triplo-duplo em jogo eliminatório: AT saiu-se com incríveis 20 pontos, 11 rebotes e 11 assistências, mesmo marcada por Breanna.

O Liberty marcou (bem) melhor que no jogo anterior, pressionando as linhas de passe e obrigando Thomas a jogar no 1×1 contra Breanna. A fórmula até que funcionou, mas carecia que as protagonistas aparecessem no ataque – o que não aconteceu. Sabrina percebeu a importância do jogo (22 pontos) até o início do 4Q, quando sumiu de quadra (0 tentativa de arremesso nos 10 minutos finais); já Jonquel Jones esteve desaparecida e seu desempenho ridículo demonstra que havia algo errado entre as campeãs.

Phoenix queria a vitória e a conquistou. Tibbetts reduziu sua rotação e ampliou o tempo de quadra com duas de suas três estrelas juntas; na hora do aperto, AT liderou seu esquadrão, que agora terá o Minnesota Lynx pela frente. O Lynx obteve dias preciosos de descanso ao varrer o Golden State Valkyries em dois jogos – sem o Liberty, o Lynx assumiu amplo favoritismo do título.

Diferente de Brondello, Cheryl Reeve manejou bem seu elenco na temporada regular, poupando sua grande estrela Napheesa Collier sem acumular derrotas. Em relação ao vice de 2024, a saúde de seu quinteto é fundamental e ela melhorou o banco de reservas (Natisha Hiedeman em ótima fase, DiJonai Carrington com explosão vindo do banco e Jessica Shepard mantendo o ataque fluido e a movimentação de bola). A rotação na semi-final deve se restringir às oito jogadoras.

Convenhamos: em médio prazo, o Lynx está às beiras de uma nova dinastia. Atual vice, amplo favorito ao título de 2025 e na iminência de uma escolha de loteria (a depender do sorteio)  no próximo draft, em uma classe recheada de talentos promissores, a trupe de Reeve mira um olho no futuro e outro no presente. A franquia deve fortalecer um conjunto já excepcional e, pensando no equilíbrio de forças (com boa dose de clubismo), este escriba torcerá pelo Mercury na semi.

Parêntesis: Napheesa chegou no topo da liga e deve faturar o prêmio de MVP. Ela, A’ja Wilson e Alyssa Thomas (todas vivas na luta pelo troféu) ultrapassaram Breanna Stewart (já eliminada); considerando a estabilidade e a constância da franquia de Minnesota, por que não adiar o primeiro título de Collier e torcer por um novo duelo entre A’ja e Alyssa? Essa disputa marca as duas principais jogadoras dos últimos anos e mereceria um novo capítulo.

Superado o momento de torcida, voltemos à análise: Minnesota possui favoritismo. Em formato de melhor de cinco jogos (para chegar à final, é preciso vencer 3 duelos), os times oporão dois estilos diferentes, um Lynx com ritmo mais lento diante de um Mercury que buscará acelerar o ritmo e diminuir as posses em meia quadra, com alto volume de arremessos de três. Diante de um time que compartilha a bola e busca o melhor arremesso, seja de quem for, veremos uma equipe com três centros bem definidos, prontas a atacar a cesta em todas as oportunidades.

Em comum, as defesas fortes e pressionadas. Na temporada regular, Minnesota venceu por 3 a 1, com todos os confrontos disputados na primeira fase da campanha (quando Phoenix sofria com desfalques essenciais, incluindo de seu portentoso trio); o Lynx terá ainda a vantagem do mando de quadra e uma estabilidade mais consolidada. Se tem algum elenco capaz de acabar com as esperanças de Minnesota, é o Phoenix (Tibbetts precisará descobrir alguma contribuição no meio e final de sua rotação para ter chance).

Do outro lado da chave, Las Vegas Aces suou mais que o esperado e precisou da última posse do jogo desempate para garantir sua vaga na semi-final. Uma posse defensiva, diga-se de passagem; o Seattle Storm teve o arremesso da vitória em Las Vegas mas acabou errando e sacramentou sua eliminação (que deve selar o fim da tumultuada era Noelle Quinn em Seattle). O Aces venceu o jogo 1, abriu boa vantagem no jogo 2 mas levou a virada no minuto final, em grande atuação da jovem pivô francesa Dominique Malonga, que travou A’ja Wilson na hora decisiva.

Pois a (ainda) MVP tratou de demonstrar seu poderio, vingou o desempenho pífio no 4Q da partida anterior e praticamente conduziu sua equipe nas costas no jogo 3, anotando 50% dos pontos totais (38 pontos no apertado 74 x 73). Após um começo de temporada ruim, quando se viu ameaçado de avançar ao playoff, o Aces engatou uma invencibilidade só quebrada pela vitória do Storm no jogo 2.

O Las Vegas Aces seria favorito contra qualquer das adversárias (possui um histórico recente de conquistas e continuidade) e, para surpresa geral de todos, o desfalcadíssimo Indiana Fever eliminou o Dream em Atlanta. Poucos contavam com isso: o Fever sem suas três amadoras (Caitlin Clark, Aari McDonald e Sydney Colson), sem sua sexta jogadora (Sophie Cunningham), sem a pivô reserva (Damiris Dantas), além de outras peças contundidas, conseguiu a proeza de eliminar a terceira melhor equipe da fase regular, completa e com mando de quadra.

A vitória de Indiana, por 85 x 87, espantou a comunidade do basquete e provou mais uma vez o valor da técnica Stephanie White. Com praticamente 4 jogadoras disponíveis daquelas inicialmente cotadas para jogar nos playoffs, ela deu a bola nas mãos de Kelsey Mitchell e Aliyah Boston sem desmotivar o restante do elenco, essencial na excelente sequência defensiva no final do jogo 3 e no volume de jogo ofensivo. Méritos de Indiana por um lado, demérito de Atlanta por outro (o time reviveu na temporada 2025 mas chegar ao topo exige mais tempo e constância).

Depois de um belo duelo  particular entre Brionna Jones e Aliyah Boston, veremos um confronto particular entre as duas principais pupilas de Dawn Staley em South Carolina. A’ja e Boston se encontrarão em busca da final, com favoritismo do lado de Las Vegas – o Indiana mostrou ter coração de fibra na primeira rodada e venceu a série contra sua adversária na fase regular (2 a 1).

Motivos não faltam para acompanhar as semi-finais da temporada 2025 da WNBA; duas séries improváveis e com claro favoritismo. Elas iniciam-se já neste domingo (dia 21), podendo prolongar-se até o dia 30, quando enfim saberemos as duas equipes restante na luta pelo título.


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