Caso Wallace

Thiago MacielJunho 1, 20237min0

Caso Wallace

Thiago MacielJunho 1, 20237min0
Jogador está suspendo por cinco anos pode determinação do Conselho de Ética do COB, após sugerir atirar no presidente Lula

A punição foi aplicada pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (CECOB), após, segundo a entidade, ele descumprir uma determinação anterior, que o afastava das quadras por 90 dias.

Inicio da infração

No dia 31 de janeiro, o jogador fez uma enquete em sua rede social sugerindo violência contra o presidente Lula. Ele apagou o post horas depois por causa da repercussão negativa.

O mesmo ainda se retratou, dizendo em suma que era contra violência e que jamais teve a intenção de incitar violência e ódio. E apagou o post.

Repercussões

O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para tomar as providências necessárias e alegou que “não vamos tolerar ameaças feitas por extremistas e golpistas”.

O Sada/Cruzeiro, do qual Wallace é capitão, suspendeu o jogador, e ele passou a treinar separadamente.

Já AGU enviou notificações ao Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (CECOB) e ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Vôlei (STJDV) pedindo que o caso fosse investigado na esfera desportiva, solicitando ainda o banimento do atleta do esporte.

Em decisão monocrática, o conselheiro do CECOB Ney Bello, que é desembargador federal, suspendeu Wallace preventivamente até que o caso fosse julgado.

A procuradoria do STJDV arquivou o pedido sob a alegação de que não era a esfera adequada para julgar o caso. O entendimento do órgão é que o caso foi na esfera privada e não na desportiva, razão pela qual o caso deveria correr na Justiça comum.

Punição

O processo no CECOB e em decisão colegiada — com exceção da presidente Joanna Maranhão, que se julgou impedida —, puniu Wallace com 90 dias de suspensão (a contar desde o seu primeiro afastamento), prazo que terminaria na quarta-feira, da 3 de maio. E o afastou também da seleção brasileira por um ano.

Acontece que com o afastamento, Wallace ficaria e fora das semifinais da Superliga masculina e da final, marcada para o dia 30 de abril.

Pronto!! A partir daqui é que começou toda a confusão.

Liminares sem fim

Wallace e seu clube recorreram da decisão no STJDV. De acordo com eles, a pena do CECOB só pode ser aplicada em competições do sistema COB e Comitê Olímpico Internacional. Por isso, afastá-lo da Superliga seria ilegal.

Agora, PASMEM. O mesmo STJDV que se julgou incompetente inicialmente deliberou, em liminar, que acatava o pedido da defesa de Wallace e o liberou para jogar as semifinais da Superliga.

O CECOB reforçou a punição ao jogador e disse que a decisão do STJDV era sem validade. E que, por isso, caso Wallace entrasse em quadra, a CBV poderia sofrer severas punições.

CBV e a completa falta de gestão

A CBV está perdida e desorganizada já tem um bom tempo, mas nesse caso se superou. Em vez de aceitar a decisão do CECOB e não inscrever o jogador, optou por alegar estar diante de duas decisões conflitantes e que, caso cumprisse uma, estaria automaticamente deixando de cumprir a outra. A Confederação decidiu adiar a partida da semifinal em que Wallace jogaria e acionou o Centro de Mediação e Arbitragem (CBMA) para dirimir o conflito.

Centro arbitral esse, não reconhecido pelo CECOB. De toda forma, o CBMA liberou o jogador, mas o SADA/CRUZEIRO não o escalou para jogar as semifinais, não por bom senso e sim apenas por a decisão foi proferida pouco tempo antes da primeira partida da semifinal.

Engraçado que no episódio envolvendo a Carol Solberg que gritou “Fora Bolsonaro”, inclusive foi matéria aqui no canal, https://fairplay.pt/modalidades/voleibol/caso-carol-solberg-quando-esporte-e-politica-se-misturam/, a CBV foi bem mais rigorosa nas punições a atleta. E nesse caso, de incitação ao ódio ficou se fazendo de perdida em vários momentos.

No entanto, na final Wallace teve sua inscrição liberada pela CBV e entrou algumas vezes na partida da final. Foi dele, inclusive, o ponto final da partida, que deu o título ao Sada/Cruzeiro.

Consequências

O CECOB considerou que sua decisão foi descumprida e ampliou a punição ao jogador, que agora estaria suspenso por cinco anos, e não poderia defender a seleção por igual período. Além disso, também suspendeu a CBV por seis meses do movimento olímpico, o que significa que ela não receberá apoio do COB e repasses de verbas federais. E solicitou ainda que o Banco do Brasil encerre o seu patrocínio a entidade. O presidente da CBV também foi suspenso por um ano.

Isso ia causar o caos no vôlei brasileiro, inclusive correndo o risco de não jogar o Pré-olímpico e demais competições.

Pela desproporcionalidade da decisão já se sabia que era algo que não ia durar.

Acordo

O COB informou que as partes envolvidas no processo chegaram a um acordo, tendo a AGU como mediadora.

Wallace aceitará mais um gancho de 90 dias por clubes e um ano pela seleção, enquanto a Confederação terá a suspensão de seis meses convertida em multa. Ainda segundo informações, o jogador e a CBV já assinaram o acordo, que só aguarda o aval da AGU. Nele, ambos reconhecem que a decisão do CECOB se sobrepõe à do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Os envolvidos fizeram a promessa de desistir de recursos e ações em outras instâncias da justiça.

Fotografia do Instagram Story de Wallace

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