Caso Wallace
A punição foi aplicada pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (CECOB), após, segundo a entidade, ele descumprir uma determinação anterior, que o afastava das quadras por 90 dias.
Inicio da infração
No dia 31 de janeiro, o jogador fez uma enquete em sua rede social sugerindo violência contra o presidente Lula. Ele apagou o post horas depois por causa da repercussão negativa.
O mesmo ainda se retratou, dizendo em suma que era contra violência e que jamais teve a intenção de incitar violência e ódio. E apagou o post.
Repercussões
O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para tomar as providências necessárias e alegou que “não vamos tolerar ameaças feitas por extremistas e golpistas”.
O Sada/Cruzeiro, do qual Wallace é capitão, suspendeu o jogador, e ele passou a treinar separadamente.
Já AGU enviou notificações ao Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (CECOB) e ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Vôlei (STJDV) pedindo que o caso fosse investigado na esfera desportiva, solicitando ainda o banimento do atleta do esporte.
Em decisão monocrática, o conselheiro do CECOB Ney Bello, que é desembargador federal, suspendeu Wallace preventivamente até que o caso fosse julgado.
A procuradoria do STJDV arquivou o pedido sob a alegação de que não era a esfera adequada para julgar o caso. O entendimento do órgão é que o caso foi na esfera privada e não na desportiva, razão pela qual o caso deveria correr na Justiça comum.
Punição
O processo no CECOB e em decisão colegiada — com exceção da presidente Joanna Maranhão, que se julgou impedida —, puniu Wallace com 90 dias de suspensão (a contar desde o seu primeiro afastamento), prazo que terminaria na quarta-feira, da 3 de maio. E o afastou também da seleção brasileira por um ano.
Acontece que com o afastamento, Wallace ficaria e fora das semifinais da Superliga masculina e da final, marcada para o dia 30 de abril.
Pronto!! A partir daqui é que começou toda a confusão.
Liminares sem fim
Wallace e seu clube recorreram da decisão no STJDV. De acordo com eles, a pena do CECOB só pode ser aplicada em competições do sistema COB e Comitê Olímpico Internacional. Por isso, afastá-lo da Superliga seria ilegal.
Agora, PASMEM. O mesmo STJDV que se julgou incompetente inicialmente deliberou, em liminar, que acatava o pedido da defesa de Wallace e o liberou para jogar as semifinais da Superliga.
O CECOB reforçou a punição ao jogador e disse que a decisão do STJDV era sem validade. E que, por isso, caso Wallace entrasse em quadra, a CBV poderia sofrer severas punições.
CBV e a completa falta de gestão
A CBV está perdida e desorganizada já tem um bom tempo, mas nesse caso se superou. Em vez de aceitar a decisão do CECOB e não inscrever o jogador, optou por alegar estar diante de duas decisões conflitantes e que, caso cumprisse uma, estaria automaticamente deixando de cumprir a outra. A Confederação decidiu adiar a partida da semifinal em que Wallace jogaria e acionou o Centro de Mediação e Arbitragem (CBMA) para dirimir o conflito.
Centro arbitral esse, não reconhecido pelo CECOB. De toda forma, o CBMA liberou o jogador, mas o SADA/CRUZEIRO não o escalou para jogar as semifinais, não por bom senso e sim apenas por a decisão foi proferida pouco tempo antes da primeira partida da semifinal.
Engraçado que no episódio envolvendo a Carol Solberg que gritou “Fora Bolsonaro”, inclusive foi matéria aqui no canal, https://fairplay.pt/modalidades/voleibol/caso-carol-solberg-quando-esporte-e-politica-se-misturam/, a CBV foi bem mais rigorosa nas punições a atleta. E nesse caso, de incitação ao ódio ficou se fazendo de perdida em vários momentos.
No entanto, na final Wallace teve sua inscrição liberada pela CBV e entrou algumas vezes na partida da final. Foi dele, inclusive, o ponto final da partida, que deu o título ao Sada/Cruzeiro.
Consequências
O CECOB considerou que sua decisão foi descumprida e ampliou a punição ao jogador, que agora estaria suspenso por cinco anos, e não poderia defender a seleção por igual período. Além disso, também suspendeu a CBV por seis meses do movimento olímpico, o que significa que ela não receberá apoio do COB e repasses de verbas federais. E solicitou ainda que o Banco do Brasil encerre o seu patrocínio a entidade. O presidente da CBV também foi suspenso por um ano.
Isso ia causar o caos no vôlei brasileiro, inclusive correndo o risco de não jogar o Pré-olímpico e demais competições.
Pela desproporcionalidade da decisão já se sabia que era algo que não ia durar.
Acordo
O COB informou que as partes envolvidas no processo chegaram a um acordo, tendo a AGU como mediadora.
Wallace aceitará mais um gancho de 90 dias por clubes e um ano pela seleção, enquanto a Confederação terá a suspensão de seis meses convertida em multa. Ainda segundo informações, o jogador e a CBV já assinaram o acordo, que só aguarda o aval da AGU. Nele, ambos reconhecem que a decisão do CECOB se sobrepõe à do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Os envolvidos fizeram a promessa de desistir de recursos e ações em outras instâncias da justiça.