Utah Jazz: uma nova sinfonia para embalar a NBA

Nuno CanossaJunho 9, 20225min0

Utah Jazz: uma nova sinfonia para embalar a NBA

Nuno CanossaJunho 9, 20225min0
A NBA 2022 ainda está em decurso, mas Nuno Canossa já está com os olhos postos em 2023 e com a possibilidade dos Utah Jazz serem uma orquestra

Quin Snyder: a despedida do maestro

Após 8 temporadas como técnico dos Jazz, chegou ao fim o mandato de Quin Snyder em Utah. Ainda a cumprir contrato, foi o treinador de 55 anos que optou por deixar o cargo e assumir-se como um ativo livre no mercado. Nessa quase década (8 anos) à frente dos Jazz, Snyder só não conseguiu qualificar a equipa para os playoffs nas 2 primeiras temporadas, não tendo indo, no entanto, além da 2ª ronda dos mesmos. Uma relação (Snyder-Jazz) que fica marcada por 3 épocas acima das 50 vitórias, 1x o melhor recorde da liga, 6 nomeações para All-Star e 3 DPOY’s. Agora consuma-se o divórcio e se para Snyder se gera a incerteza do futuro – pelo menos a curto-prazo, dada a falta de vagas nos bancos da liga -, há uma variável inevitável para a administração da equipa de Utah: encontrar um novo treinador.

O sucessor da batuta

Johnnie Bryant, Alex Jensen, Terry Stotts, Will Hardy, Adrian Griffin, Charles Lee ou Kevin Young. São estes alguns dos nomes apontados ao cargo de treinador dos Jazz, sendo que dos referidos, o nome mais sonante é unanimemente o de Terry Stotts, antigo treinador dos Portland Trail Blazers. Todos os outros candidatos encontram-se em activo na liga como adjuntos, mais precisamente: Knicks, Jazz, Celtics, Raptors, Bucks e Suns, por essa ordem. Assim sendo, não será descabido assumir que o mais provável eleito será um dos bem cotados adjuntos da liga, ainda que essa opção resulte numa também-ela-muito-provável reconstrução. *introduzir dados que demonstram que dos 8 treinadores na história dos Jazz, apenas Scotty Robertson teve um mandato inferior a 3 anos e mencionar que muito ou tudo se deve ao facto de ter vencido um único jogo nos 15 que comandou*. Uma questão imperativa surge aquando da nomeação de um novo técnico principal – o qual, neste caso, ainda desconhecemos – quais as ferramentas com que poderá contar para a construção do sucesso da equipa? Aqui entram em equação as duas estrelas da equipa: Donovan Mitchell e Rudy Gobert. Farão, em conjunto ou individualmente, parte de uma nova era dos Jazz na busca pelo 1º título da franquia?

Afinar a orquestra

Relegando as metáforas musicais e recorrendo ao mundo da culinária: quererão os Jazz fazer uma nova omelete com os mesmos ovos? Até que ponto irão Justin Zanik (GM) e Danny Ainge (CEO) permitir que um novo técnico possa (re)criar uma filosofia, tática ou ideia de jogo em que Mitchell e Gobert consigam não só coexistir, mas trazer títulos para Utah? Se essa hipótese estiver realmente em cima da mesa, há uma clara necessidade de reconstruir o plantel com melhores defensores, principalmente de perímetro de modo a salientar e respeitar as (in)capacidades de Gobert nesse lado do campo. Outra evidente deficiência do plantel é que este Mike Conley é de longe o pior Mike Conley que vimos até ao momento, tanto no que toca à sua disponibilidade física como à sua competência em influenciar o jogo.

Aquilo que em teoria traria mais de benéfico – capacidade de construir e orquestrar *pun intended* o ataque, um defensor pelo-menos-mediano com bola e sem bola, um jogador capaz de criar o seu próprio lançamento e libertar a equipa da pressão de parciais adversários – é cada vez mais uma memória do passado. No entanto, parece inevitável que haja uma reconstrução mais aprofundada e que poderá ser ainda mais eficaz ou lucrativa, caso a equipa opte por trocar uma das suas estrelas. Incapaz de perspectivar quem será o eleito, muito menos se esse será sequer o próximo passo dos Jazz, termino com duas possíveis propostas que fogem à regra daquilo que tem sido murmurado nas redes sociais nos últimos tempos.

Utah Jazz recebem: Malcom Brogdon, Ricky Rubio (sign-and-trade), Buddy Hield, possivelmente 1 escolha / Indiana Pacers recebem: Donovan Mitchell, Mike Conley

Ora, assumir o cenário em que Gobert é o eleito pelos Jazz como figura central da equipa, é assumir que a equipa quer manter-se competitiva e na luta por algo mais. A dupla Brogdon & Rubio é sinónima de uma melhoria substantiva na defesa e na capacidade de construir em meio-campo, mas também de mais preocupações para os médicos e preparadores físicos. A agressividade e explosividade nas penetrações de Mitchell fariam falta, mas um Hield em boa forma colmataria alguma da capacidade do ainda-Jazz em marcar pontos, para além de ser mais um a abrir o campo.

Do outro lado da moeda, Mitchell seria uma excelente aposta para o rejuvenescimento dos Pacers, cujo mercado não permite uma reconstrução total e requer níveis mínimos de competitividade.

Utah Jazz recebem: Deandre Ayton (sign-and-trade), escolhas do draft / Phoenix Suns recebem: Rudy Gobert

Por outro lado, trocar Gobert permite aos Jazz darem um passo atrás, para tentar eventualmente dar dois à frente. Se é verdade que Ayton só vem prejudicar a já fragilizada defesa dos Jazz que é quase ou totalmente Gobert-dependente, também não deixa de ser crucial notar que Ayton tem apenas 23 anos de idade e um potencial que poderá ultrapassar em larga escala o do poste francês de 29 anos. Esta troca pressupõe uma reformulação total do plantel, com pelo menos Conley e Bogdanovic a conhecerem novas casas. Uma dupla Mitchell-Ayton não é melhor do que o atual par de estrelas dos Jazz, mas com um plantel bem construído à sua volta e o treinador certo poderá significar ainda mais anos de ainda maior sucesso.

No que toca aos Suns, o divórcio equipa-Ayton está também ele cada vez mais próximo de se consumar. Se tivermos em conta negócios passados de sign-and-trade (o jogador é restricted free agent), um retorno que envolve o 3x Defensor do Ano e alegadamente melhor protector do pintado da NBA poderá ser suficientemente aliciante, mesmo que implique trocar uma ou outra escolha do draft.


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