Terceiro ato: as finais da LBF 2025

Lucas PachecoAgosto 10, 20256min0

Terceiro ato: as finais da LBF 2025

Lucas PachecoAgosto 10, 20256min0
Com as finais da LBF 2025 já a acontecer, Lucas Pacheco diz-te o que esperar deste embate entre Sesi e Sampaio

Chegamos à etapa final da temporada de 2025 da Liga de Basquete Feminino (LBF), confirmando todos os prognósticos que anteciparam a repetição das últimas duas finais. Sesi Araraquara tentará um inédito tri-campeonato consecutivo contra o tradicional Sampaio, ansioso por revidar as derrotas anteriores.

As duas equipes com maior investimento da competição não podiam ficar de fora da final, embora tenham suado mais que o esperado nas semi-finais (Cada vez mais perto da final: as semifinais da LBF 2025). Líder da fase de classificação, o Sampaio precisou de três partidas para eliminar o São José, devido à surpreendente derrota na inauguração da série. Jogando em casa, no interior paulista, São José executou muito bem seu plano de jogo centrado na armadora colombiana Manu Rios; não somente ela brilhou, com 28 pontos, 5 rebotes e 6 assistências, como sua agressividade após bloqueios abriram espaço para as companheiras. Depois de perder os dois confrontos diretos da fase regular por ampla vantagem, São José enfim venceu o Sampaio, por 82 x 73.

O Sampaio precisava, em pouco tempo, mudar muita coisa caso seguisse sonhando com título. A começar pela postura defensiva, praticamente ausente na derrota em São José. O técnico Galego pôs a prancheta para funcionar e mudou também a dinâmica ofensiva: depois do excesso de chutes de três pontos no jogo 1, o time passou a procurar o jogo interno. Nas partidas 2 e 3, a rotação do garrafão (Gabi, Isabela Jourdain, Letícia Josefino e Thayná) concentrou os arremessos e a disparidade entre os dois elencos apareceu. Em São Luís, duas vitórias largas (93 x 68 e 88 x 62) viraram a série e confirmaram a passagem das maranhenses à final. São José despediu-se do sonho do título com a cabeça erguida, após uma campanha surpreendente e empolgante.

Faltava sua arquirrival carimbar a vaga. No clássico paulista, Sesi Araraquara e Unimed Campinas abriram a série com um jogo eletrizante: reviravoltas, viradas de placar, bons padrões táticos e bola no estouro do cronômetro que levou a partida à prorrogação. Campinas praticou o seu basquete bem característico, cadenciado e com jogadas trabalhadas, enquanto o Sesi tentava quebrar o ritmo forçando a armadora Meli Gretter a distribuir a bola rápido. A tática funcionou, mas não contavam com o dia inspirado da conterrânea Agustina Marín (24 pontos e 43%, com volume, nos tiros de três).

Campinas não reduz a produção de pontos a Gretter (a despeito de suas 12 assistências); Babi e Sangalli atuaram muito bem como playmakers secundárias e o time equilibrou o jogo. Bem manejado pelo técnico Bernardo, o elenco soube levar o confronto às últimas consequências – Luana converteu os 3 pontos que empataram o tempo regulamentar (2:11:30 do vídeo acima). Na prorrogação, porém, brilhou o talento individual do Sesi, explorando os mismatches e as fragilidades defensivas das campineiras. Manu de Oliveira pontuou como a tempos não se via e Araraquara venceu por 73 x 77. Findava ali o sopro de esperança de Campinas: a série acabaria decidida na sequência, com o triunfo do Sesi por 67 x 54 na partida 2.

Assim, mais um episódio do duelo entre Sesi Araraquara e Sampaio, o qual terá sediará o provável jogo-desempate. Nas duas finais anteriores, em formato ‘melhor de 5’, foram necessários os jogos 5 para definição da campeã; em 2023, o mando de quadra foi essencial para o Sesi decidir a série em 3 x 2. Já em 2024, jogando em seus domínios, o Sampaio teve a bola do troféu, errou e acabou derrotado na prorrogação do quinto jogo (Sesi Araraquara levanta o bicampeonato na LBF 2024). A rivalidade atingiu novos patamares com a implantação da Copa LBF: em duas edições, duas finais repetidas entre Sesi e Sampaio, com dois títulos das paulistas.

As finalistas oscilaram durante a competição, por razões diversas. O Sesi perdeu o técnico João Camargo, bi-campeão, e apostou em Fábio Appolinário. O time começou voando e foi perdendo tração com o desenrolar do calendário; daquela equipe que se impunha do início da temporada, ficou o talento individual e um coletivo bem entrosado, sem a mesma intensidade. Após a conquista da Copa LBF (em um torneio de nível abaixo do esperado, mesmo para os padrões já baixos do basquete feminino brasileiro atual), o time acumulou algumas derrotas preocupantes.

O Sampaio, como de costume, recebeu vários reforços egressos da Europa com a competição em estágio avançado. Some a mudança (esta inusual) de comando técnico após a derrota na Copa LBF – David Pelosini foi demitido e Rodrigo Galego reassumiu o cargo – e temos um quadro difícil de prognosticar. A mudança trouxe ânimo imediato, arrefecido com o passar dos jogos. O primeiro duelo, na fase regular, em meados de abril, contava com versões muito diferentes das atuais (vitória do Sampaio por 75 x 69). Em roupagem diversa, o segundo confronto fechou a temporada classificatória, com outro triunfo maranhense (70 x 74). O Sesi venceu, escusado dizer, a partida que importava – a decisão da Copa LBF (50 x 54) – estopim da demissão de Pelosini.

Prevalece o equilíbrio entre dois times que se conhecem amplamente. A tônica das vitórias do Sampaio foi o bom desempenho da armadora Lays e da pivô Gabi, enquanto o Sesi mexeu nas rotações: a ala Sossô perdeu a titularidade e Appolinário tem obtido sucesso com uma formação “mais alta”, com o trio Aline/Vitória/Evelyn.

Qualquer que seja o plano tático, esperemos uma final de melhor nível técnico. Apesar da emoção e do equilíbrio, a final de 2024 deixou a desejar em basquete bem praticado, fato repetido na Copa LBF desta temporada. Parece que o excesso de arremessos de três ficou no primeiro turno da competição (bom sinal), mas a intensidade precisa retornar – para os dois lados.

Leva o troféu quem vencer três partidas, agendadas para os dias 10 e 12 (em São Luís), 17 e 19 (Araraquara), e o eventual-provável jogo 5 no dia 24 (no Maranhão). Quem escreverá seu nome na história da LBF?


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