Taça da Liga de futsal feminino 2022: o ponto da situação

Artigo escrito por Miguel Oliveira sobre a Taça da Liga de futsal feminino

Escrever textos de opinião é algo que nunca me imaginei a fazer. Quem me conhece sabe que como treinador o meu gosto é o treino, estar com as minhas atletas, planear jogos e tudo o que acarreta estar em competição. Mas o futsal e, em especial, o feminino, não tem muitos espaços de divulgação e isso fez-me aceitar o convite do José Andrade através da Fair Play.

Futsal é uma modalidade entusiasmante e sobretudo com o género feminino, muitas vezes posto de lado ou esquecido. No entanto, para quem sabe e está no meio, ajuda na luta utópica talvez, de conseguir que olhem para o feminino e que percebam que existe uma qualidade técnica e cultura tática muitas vezes superior ao imaginável. Quem gosta da modalidade e do feminino, normalmente não quer sair e no meu caso, como já disse vezes sem conta, é onde gosto de estar e de trabalhar. Nesta minha primeira abordagem, deixemos de parte um pouco os microciclos e comecemos esta nova aventura.

Neste primeiro artigo, debruço-me sobre a primeira parte do campeonato e consequentemente acesso à Taça da Liga 2022. Apesar de terem passado uns meses e alguns clubes se terem reforçado nas mais diversas formas, os clubes finalistas são os mesmos. Todos eles com um percurso diferente, mas com um resultado igual
ao da época passada.

Como o ditado bem nos indica “os últimos são os primeiros” e a Novasemente está novamente na Taça da Liga 2022, encontrando-se como quarto classificado numa decisão da última jornada da primeira volta, em igualdade pontual com o Santa Luzia.

O maior número de pontos alcançados entre os dois clubes empatados nos jogos realizados entre si, permanece como lei neste desempate e, uma vez mais, a Novasemente está nas decisões. Após remodelação de plantel e equipa técnica, mesmo não tendo começado como esperado, aos poucos o grupo de jogadoras experiente e unido deu conta de si e conseguiram o apuramento.

Estão de parabéns pela conquista e principalmente por não baixarem os braços. Claramente que este foi o prémio que acredito que merecido. Por outro lado, o Santa Luzia foi, na minha ótica, a “desilusão” da primeira volta. Equipa que se reforçou bastante para a presente época, e que prometia, com isso, estar a disputar lugares de topo na tabela. Foi conseguindo estar entre o terceiro e quarto classificado durante bastante tempo, no decorrer destas onze primeiras jornadas, mas desde que começaram as dificuldades, as bases abanaram e desde essa altura que os resultados foram sendo incertos, até culminar com o empate frente ao Feijó que as colocou fora da Taça da Liga. Estavam apenas a depender do seu resultado para manter o quarto lugar e falharam. É agora altura de internamente perceberem o que aconteceu e focar-se no próximo objetivo, tendo sempre por base a evolução no processo, porque há ainda uma segunda volta inteira para disputar.

Outro clube a classificar-se, sem surpresas, foi o Sporting. Trabalho que o Marcelino iniciou, continua em evolução, apesar de ser notório que ainda falta alguma coisa para chegar ao dois da frente. Talvez muita juventude no plantel em que a máxima de um futsal positivo e também com a esperança que, em breve, consigam impor-se ainda mais e discutir ainda mais os resultados.

Um outro a classificar-se, o Grupo Nun’Alvares, sem surpresas com este segundo lugar no pódio, reforços cirúrgicos na equipa de Pedro Nobre fazem do Grupo uma equipa mais capaz de nas decisões estar mais vezes dentro do jogo e com isso discutir o resultado final. O último confronto com o primeiro classificado deu vantagem ao SL Benfica, e há que novamente perceber as dinâmicas da equipa e perceber o que fazer para não repetir os mesmos erros.

Como disse anteriormente, “os últimos são os primeiros”, e assim é, por fim refiro-me ao primeiro classificado. Mais uma vez, o Benfica termina a primeira volta com onze jogos e onze vitórias. Comparativamente à época transata, a diferença encontra-se no empate frente à Novasemente na primeira volta em 2021/2022. Desta vez, ninguém conseguiu retirar pontos a um Benfica que está em modo cruzeiro para as decisões.
Relativamente à final four da Taça da Liga, iremos ter um Benfica – Novasemente e um Nun’Alvares – Sporting (mais uma vez), e na minha opinião o desfecho para a final será o mesmo, apesar de não existirem jogos fáceis e quando estamos a referir-nos a jogos a eliminar, tudo pode acontecer.

No entanto, ciente de que a diferença do top 2 ainda é grande o suficiente para serem favoritas para a final. Numa fase mais final, o que é habitual dizermos é que “as finais são para se ganhar” e acredito que, por um lado, o Nun’Alvares irá fazer de tudo para voltar a ser feliz nesta competição, e por outro, que o Benfica irá tentar reaver o título perdido.

Que venha a segunda fase da Taça da Liga de futsal, que estaremos cá para a analisar.