Mundial Snooker 2018 de A-Z
Com o término do mundial, importa fazer um balanço não só de tudo aquilo que se passou em Sheffield, destacando o melhor e o pior, mas também antever e prognosticar um pouco do que se irá passar já na próxima época. A nova temporada começa já no final do mês de julho e por isso não há tempo a perder no que toca a preparar os torneios que se avizinham.
Ali Carter: Se alguém merece um destaque neste mundial é o “The Captain”, não só por aquilo que fez neste mundial como por toda a história de superação que vai conseguindo dia após dia, torneio após torneio. Começou por vencer Graeme Dott na primeira ronda, num encontro extremamente equilibrado para depois, na segunda ronda, deixar pelo caminho o mais temido de todos os adversários, Ronnie O’Sullivan. O inglês que ainda antes três dias do começo do mundial não tinha a certeza se iria estar presente em Sheffield devido a problemas de saúde e, não só esteve presente como chegou aos quartos-de-final, onde aí caiu perante Mark Williams.
Barry Hearn: O homem forte da World Snooker merece uma vez mais destaque neste mundial, por mais uma vez ter organizado um mundial de excelência, como já é seu apanágio. Trouxe novas ideias para possivelmente implementar já na próxima época, como o tempo máximo de tacada, algo que deixou muitos fãs da modalidade algo descontentes.
Centenárias: Se no ano passado foram 72 centenárias, ou entradas superiores a 100 pontos, feitas nesse mundial, este ano essa marca foi largamente superada, tendo havido 84 centenárias no total. Encabeçadas por um dos maiores nomes do snooker, John Higgins, que fez a tacada mais alta do torneio, situada nos 146 pontos, “coisa pouca” como se diz na gíria popular.
Decepções: Mais do que decepções acabou por ser a confirmação de épocas longe do seu melhor. São os casos de Mark Selby e Neil Robertson, dois ex-campeões do mundo que não foram além da primeira ronda, tendo perdido para Perry e Milkins, respectivamente. Dos dois jogadores, Mark Selby foi mesmo aquele que desiludiu mais, já que o inglês tinha vencido as últimas duas edições do mundial e a vitória no China Open, no início de Abril deixava boas perspectivas para o mundial, algo que não se veio a verificar.
Eurosport: Uma palavra de grande apreço para esta estação televisiva que mais uma vez nos brindou de forma espantosa com as transmissões deste mundial, onde os comentários de Nuno Miguel Santos e Miguel Sancho foram mais uma vez a cereja no topo do bolo. De destacar ainda as “aulas” de O’Sullivan que através do Eurosport britânico, que explicou como mais ninguém algumas jogadas que houveram no Crucible.
Marco Fu: Sabia-se que era difícil o asiático conseguir uma boa prestação neste mundial, visto que vinha de uma operação ao olho esquerdo e de algum tempo para cá que já não jogava qualquer torneio. Apesar de ter caído logo na ronda inicial, Fu merece o destaque pela sua presença no mundial, mesmo estando longe das suas melhores condições.
Golpe de teatro: Uma expressão que encaixa que nem uma luva no mundial deste ano e no Crucible Theatre. Ano após ano, os famosos “golpes de teatro” vão surgindo nos panos verdes e este não foi excepção, merecendo por isso o destaque no resumo deste mundial.
Barry Hawkins: Não chegou ao Crucible como um dos favoritos, longe disso na verdade, mas talvez por isso mesmo tenha conseguido uma tão boa prestação. Alcançou as meias-finais, onde aí caiu para Mark Williams, num belo encontro, decidido apenas no penúltimo ‘frame’, a favor do galês por 17-15.
Império do Snooker: O império do snooker é inevitavelmente dependente do dinheiro. Um jogador por conseguir estar presente no mundial, mesmo que oriundo das qualificações, arrecada qualquer coisa como 18.000 libras, algo que para muitos jogadores que jogam as qualificações é mais do que conseguem ganhar em toda uma época. Quem consegue o feito de alcançar a final recebe a “módica quantia” de 180.000 libras, sendo que o vencedor recebe “apenas” 425.000 libras!
Ding Junhui: O chinês que arrasta multidões no seu país natal e que vai coleccionando fãs por onde passa, esteve intocável até aos quartos-de-final, tendo deixado pelo caminho até então, Xiao Guodong e Anthony McGill. Nos “quartos” desapareceu de tal forma que Hawkins aplicou uns esclarecedores 13-5 ao chinês.
Kyren Wilson: É apontado por O’Sullivan como uma das próximas estrelas do snooker mundial e mais do que uma promessa, o inglês já é uma confirmação. Termina a época no top-16 e caiu apenas nas meias-finais, novamente para John Higgins, depois de no ano passado ter caído também para o escocês nos quartos-de-final. Vai cimentando a sua posição dentro do circuito e criando o estatuto para numa das edições futuras do mundial ser um dos candidatos maiores a brilhar mais alto em Sheffield.
Lyu Haotian: O miúdo que fez a sua estreia em Sheffield, deixando pelo caminho na primeira ronda Marco Fu, caiu na segunda ronda para Hawkins, não sem antes de dar muita luta ao inglês. Perdeu aí por 13-10, mas mostrou muita qualidade para o seu ano de estreia no circuito e a continuar a este ritmo tem tudo para vir a ser um jogador de altíssimo nível.
Mark Williams: Falhou a presença no mundial de 2017, mas este ano chegava a Sheffield num lote restrito de favoritos a vencer o mundial. E a verdade é que o galês chegou, viu e venceu. Quinze anos volvidos da sua ultima vitória no mundial, eis o que é considerado por muitos como o mais fraco do trio da geração de 92 a erguer o tão desejado troféu. Foi uma final absolutamente épica, onde Williams saiu por cima de Higgins por 18-16, aliás o mesmo resultado das finais de 2000 e 2003, altura em que se sagrou também campeão mundo. A cereja no topo do bolo surgiu na conferência de imprensa pós-final, onde a promessa de Williams se concretizou, aparecer nu na sala de imprensa.
Thepchaiya Un-Nooh: Merece o destaque por ter sido o único jogador asiático, sem contar com os habituais chineses, a marcar presença no mundial. Foi um “osso duro de roer” para Higgins na primeira ronda, o que demonstra bem a qualidade deste jogador, ele que é o segundo jogador com o tempo médio de tacada mais baixo do circuito.
Ronnie O’Sullivan: Dispensa qualquer tipo de apresentação, não fosse ele um dos maiores embaixadores do snooker por todo o mundo. Este mundial falhou uma vez mais o objectivo de alcançar o seu sexto título mundial, algo que já procura desde 2013. Era apontado por muitos como o maior candidato a vencer o mundial, isto depois da tremenda época que protagonizou, mas tal não se veio a verificar e Ronnie ficou-se pela segunda ronda, frente ao “Captain” Carter, por 13-9.
Portugal: Novamente este cantinho à beira mar plantado mereceu honras de destaque em Sheffield, já que Portugal está novamente com boas perspectivas para organizar um torneio, tal como noticiado pelo jornalista do jornal A Bola, António Barroso. É preciso “mexer os cordelinhos” e angariar patrocínios necessários para trazer novamente os magos do taco a terras lusas, depois de estes terem cá estado em 2014, no Lisbon Open.
Quarentões: São cada vez mais os jogadores “veteranos” do circuito a brilhar e este mundial é a prova viva disso mesmo. Dois “velhinhos” da modalidade a marcar presença numa grande final, homenageando e de que maneira a “geração de 92”.
Ricky Walden: O inglês regressou ao mundial este ano, depois de ter falhado as qualificações no ano passado. É sempre bom ver jogadores que brilharam muito outrora, regressar aos grandes palcos do snooker. Sendo que nesta edição do mundial, Walden deixou pelo caminho Brecel, acabando depois por perder na segunda ronda para Judd Trump.
Stephen Maguire: Conseguiu ultrapassar as tormentas das qualificações, tendo depois tido o azar de apanhar Ronnie O’Sullivan na primeira ronda. Esteve perto de conseguir deixar o inglês pelo caminho, mas acabou por não conseguir concretizar tal proeza, perdendo com o “Rocket” por 10-7.
Judd Trump: Invariavelmente e, ano após ano, o inglês falha o assalto ao tão desejado título mundial. Este ano conseguiu chegar aos quartos-de-final, onde caiu para um dos maiores nomes da modalidade, John Higgins. Foi um encontro épico, decidido apenas na “negra”, tendo essa caído de forma favorável para o escocês. É mais um ano em que fica a sensação de que falta qualquer coisa a Trump para chegar ao tão ambicionado troféu.
Alexander Ursenbacher: O jovem luso-descendente não conseguiu a qualificação para o mundial, mas ainda assim merece destaque pela boa época que fez no seu geral, sendo que na próxima época terá de manter esse bom nível para garantir a sua continuidade no circuito.
Vinte: Um número que fala por si próprio, são 20 anos que separam a primeira final de Higgins para a que o escocês alcançou este ano. Pouco mais há a dizer, apenas que o escocês é indiscutivelmente um dos melhores de sempre.
John “Wizard of Wishaw” Higgins: O parágrafo anterior resume muito daquilo que é a carreira de Higgins e este mundial foi a prova viva disso mesmo. Teve duelos duríssimos até chegar à final, onde aí frente a um dos seus grandes rivais de sempre, perdeu por 18-16. Ainda assim, Higgins merece tantas honras como Mark Williams, já que ainda conseguiu colocar em sérias dúvidas a vitória de Williams na final, numa altura em que o galês vencia por 15-10 e o escocês empatou a 15 de uma só assentada.
Xiao Guodong: Uma vez mais este chinês marcou presença no mundial, onde este ano o sorteio acabou por não ser favorável, já que na primeira ronda teve de defrontar o seu compatriota DIng Junhui, num encontro onde saiu derrotado por 10-3.
Yan Bingtao: Era mais do que expectável que o chinês marcasse presença no mundial. Tal não aconteceu e com isso Bingtao acabou por ser o único jogador do top-20 a não marcar presença em Sheffield. Muitas mais oportunidades virão para Bingtao, sendo que para o ano é provável que este figure no top-16 e assim tenha entrada directa para o Crucible.
Zero: Foi um mundial com zero tacadas máximas, tendo John Higgins ficado a um ponto de conseguir essa proeza, mas ainda assim não deixou de ser um torneio de excelência onde as dezenas de tacadas centenárias compensaram e muito este nulo de 147’s.