SL Benfica campeã da Liga Europeia: um marco para o andebol nacional

Bernardo GalanteJunho 2, 20225min0

SL Benfica campeã da Liga Europeia: um marco para o andebol nacional

Bernardo GalanteJunho 2, 20225min0
O SL Benfica é o novo detentor da Liga Europeia da EHF, e Nuno Santos falou com o Fair Play sobre o feito das "águias" e o impacto que tem para Portugal

O Sport Lisboa e Benfica fundou a secção da modalidade no dia 8 de maio de 1932 e, praticamente, 90 anos depois, o clube da Luz alcançou um feito histórico ao vencer a Liga Europeia da EHF, a segunda competição mais prestigiante da Europa.

Nuno Santos, ponta-direita que representou os crónicos campeões eslovacos, o Tatran Presov durante as últimas duas épocas garante “ser um orgulho ver um clube do seu país a vencer uma competição tão prestigiante como é a Liga Europeia”.

“O SL Benfica marca assim o andebol nacional, sendo o primeiro clube a conquistar uma competição europeia [EHF European League ou EHF Champions League], e para quem é atleta profissional ou pretende alcançar o profissionalismo só pode ver estas conquistas com bons olhos. A conquista de algo no estrangeiro, quer seja a nível de clubes ou sucessos individuais de atletas, acaba por dar visibilidade ao campeonato português e também valorizar o jogador português”, garante o atleta que está em final de contrato com o Tatran Presov.

“Desejo que os clubes portugueses continuem a manter o nível competitivo que têm tido de há uns anos para cá para que seja possível continuar a lutar por títulos Europeus e defrontarmos os considerados “gigantes europeus” “cara a cara”.”.

O SL Benfica comandado pelo espanhol Chema Rodríguez, alcançaram um feito histórico para o andebol português, sendo justo serem-lhes atribuídas todos os louros possíveis. O facto das águias terem iniciado esta campanha na 1ª Eliminatória da competição e, desde cedo, terem que ultrapassar equipas como o Rhein-Neckar Löwen [3ª posição na Liga Europeia 2020/21], TBV Lemgo, GOG, HBC Nantes, Fenix Toulouse, Wisla Plock ou o Magdeburg – equipa que foi derrotada na final e, considerada por muitos, a melhor equipa do mundo da atualidade – só valoriza ainda mais a conquista final.

O atleta de 27 anos, natural de Lisboa, defrontou na Fase de Grupos da competição os polacos do Wisla Plock e os franceses do Fenix Toulouse. “Diria que o patamar competitivo do Fenix Toulouse é mais elevado do que o do Wisla Plock, simplesmente pelo campeonato onde estão inseridos. O Toulouse está inserido numa das melhores ligas do mundo e onde todos os jogos são disputamos numa grande intensidade. Este fator acaba por dar um ritmo bastante alto quando “chegam” as competições europeias.

No entanto, se olharmos para os atletas do Wisla e para o seu treinador, rapidamente damos conta das enormes qualidades que a equipa tem. Diversos jogadores internacionais com experiência em grandes palcos europeus e todos eles comandados por um excelente treinador espanhol.”, diz o ponta-direita português. “Tendo tudo isto em conta, a vitória do SL Benfica sobre estas duas excelentes equipas só demonstra o extraordinário trabalho que tem sido desenvolvido pelo treinador Chema Rodríguez e a sua equipa técnica”, profere Nuno Santos, exaltando o mérito do técnico benfiquista e da restante equipa técnica.

O facto da EHF Cup ter sido substituída pela EHF European League – a que foi ganha pelo SL Benfica a 29 de Maio -, na temporada passada, implica também uma mudança no formato. Atualmente, a Liga Europeia da EHF é disputada num formato de quatro grupos de seis equipas, abrindo espaço para mais equipas sendo que, consequentemente, o nível de qualidade e competitividade é aumentado. Os emblemas que competem em campeonatos como o espanhol, alemão ou francês [os três mais cotados no ranking da EHF] e não atingem a qualificação para a Liga dos Campeões, devido às curtas vagas existentes, auferem a possibilidade de jogar a segunda competição europeia de clubes, tendo plantéis de nível “Champions”.

“Este novo formato que entrou em vigor na época passada, inserindo equipas como o Magdeburg (Alemanha), HBC Nantes (França), GOG (Dinamarca), etc, torna a Liga Europeia bastante competitiva. Consequentemente, “obriga” os restantes clubes a “reinventarem-se” para que possam ser cada vez mais competitivos e “sonhar” com bons resultados. Este conjunto de fatores, na minha opinião, acaba por fazer da Liga Europeia uma competição de enorme qualidade”,

refere o atleta português que disputou o Grupo A da competição, culminando numa 5ª posição, atrás do Wisla Plock (Polónia), Fuchse Berlin (Alemanha), Fenix Toulouse (França) e CD Bidasoa (Espanha).

O jogador que representou, em Portugal, clubes como o Boa-Hora, Belenenses e Sporting da Horta salienta ainda a importância que esta conquista tem para a visibilidade do jogador português na europa do andebol,

“Na ótica do jogador português, a conquista de bons resultados e títulos de um clube português na Europa é uma conquista de todos nós. Não precisamos recuar muito no tempo para ter uma ideia que poucos eram os jogadores portugueses que tinham a possibilidade de jogar no estrangeiro. Um dos poucos que me recordo foi o de Ricardo Andorinho (internacional português) que se transferiu do Sporting CP para o Portland San Antonio (Espanha) em 2004. Desde então, o mercado também acabou por se globalizar mais e atualmente temos diversos exemplos espalhados por essa Europa fora. Luís Frade, Gilberto Duarte, Pedro Portela, entre outros”.

“Não podemos esquecer que a questão monetária é um dos fatores que leva alguns jogadores portugueses a emigrarem, mas a verdade é que isto só é possível porque a qualidade do jogador português tem sido reconhecida além-fronteiras. E a isto devemos muito à nossa Seleção Nacional, pelo percurso que tem feito nos últimos anos, e às grandes prestações das equipas portugueses nas competições europeias”, garante Nuno Santos.


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