Women’s Rugby Europe Championship 2025: dados e análise pt.1
Portugal terminou em 3º lugar no Women’s Rugby Europe Championship 2025, repetindo o mesmo resultado que na temporada passada mas com algumas diferenças na qualidade de jogo e em outras áreas. Houve progressão? Que novidades produziram efeitos positivos na equipa? E o que podemos esperar para o futuro? Olhemos para alguns dados comparativos entre 2024 e 2025 para perceber as diferenças e evoluções da selecção comandada por João Moura.
O QUE DIZEM OS NÚMEROS COMPARATIVOS?
Comecemos pelos números finais: as Lobas obtiveram 50 pontos marcados (8 ensaios) e consentiram 62 (9 ensaios sofridos). E como se comparam a 2024? Na temporada de estreia na principal competição do rugby feminino da Rugby Europe, Portugal sofreu 82 pontos (13 ensaios sofridos) e acabou por só marcar 34 (cinco ensaios), o que significa uma clara melhoria de um ano para o outro, um dado importante a reter. Já em 2024, as Lobas tinham realizado uma prestação soberba a defender frente à Espanha, depois de terem somado uma primeira vitória na competição frente à Suécia (27-00) e uma derrota caseira ante os Países Baixos (07-31), sendo exactamente a mesma classificação e pontuação final alcançada agora em 2025.
Posto a parte aborrecida dos números… Portugal efectivamente melhorou? Sim e claramente podemos vir isso por três partes. Ante a Espanha, Portugal realizou uma segunda-parte em que só houve uma equipa a marcar e essa foi a selecção nacional, conseguindo marcar um ensaio e não consentir qualquer ponto frente a um conjunto que vai estar no Campeonato do Mundo de rugby feminino em 2025. A defesa somou 90 placagens efectivas nesses segundos 40 minutos, garantindo ainda um número recorde de 7 turnovers no breakdown, até contestando as formações-ordenadas, tudo pontos que provam um crescimento positivo.
Segue-se uma primeira-parte de excelência frente aos Países Baixos, em que só sofreram um ensaio, tendo até algumas oportunidades para igualar o resultado, que infelizmente acabaram perdidas devido a um mau apoio ao portador da bola ou alguma precipitação no jogar com as linhas-atrasadas.
Finalmente, frente à Suécia, Portugal mostrou maturidade para aguentar a pressão da equipa adversária, explorando bem o contra-ataque para construir um resultado dilatado. No fim de tudo, as Lobas podiam até ter sonhado com resultados ligeiramente melhores, o que prova um crescimento auspicioso e que demonstra o trabalho conseguido por este conjunto. Mesmo nos dados estatísticos colectivos, Portugal termina a competição com a melhor defesa em termos de placagens efectivas (89% com 297 placagens) e turnovers (18), faltando só conseguir desenhar um ataque mais consistente e equilibrado, com o número de erros ofensivos a ter sido o mais alto, ficando mesmo à frente da Suécia nesse pormenor.
A idade média da selecção feminina anda em redor dos 27 anos, sendo a segunda mais alta a seguir aos Países Baixos (23,4) e Espanha (23,5), o que ajuda a explicar o porquê das Lobas terem progredido nesta temporada do Women’s Rugby Europe Championship 2025. Outro ponto importante a destacar é o ‘muscular’ do pack avançado que foi capaz de aguentar a maior pressão de selecções como a Espanha e garantir alguma estabilidade e conforto frente aos Países Baixos, apesar de uma segunda-parte mais nervosa.
Pontos positivos no global, e apesar das derrotas consentidas, é relevante lembrar que a Espanha está no Mundial e tem jogado no WXV3, com os Países Baixos a também terem tido essa oportunidade em 2025. A construção entre camadas de jovens como Ana Fernandes, Clarisse Augusto (extraordinária adição à selecção nacional) e Ana Fernandes, com a ajuda das mais experientes como Catarina Ribeiro, Daniela Correia ou Maria João Costa foram importantes para dar outro dimensão às Lobas.
No final disto tudo, importante reter algo… a selecção nacional de rugby feminino só vai obter melhores resultados se receber investimento, apoios e realizar mais jogos por época. Não se pode deixar com uma série de gerações com tanta qualidade acabem desvanecidas e esquecidas num par de anos só porque uma boa parte do rugby nacional não acredita neste projecto ou não vê qualquer retorno desportivo no curto-prazo. As Lobas merecem muito mais atenção, poder e capacidade para crescer e progredir, tendo uma plataforma enorme para tal. Emblemas como o Sport Porto, Agrária de Coimbra, SL Benfica, Sporting CP, CR São Miguel, CRAV, Belas Rugby, CRUAL, RC Tondela e agora até o GD Direito têm tentado dar outro empurrão, sendo fulcral que outros entrem no sistema e remem todos para o mesmo sentido.
🇵🇹 v 🇪🇸 @PortugalRugby close the gap after this Elsa Santos's try against Spain in this Iberian derby! pic.twitter.com/bYthkNLhsq
— Rugby Europe (@rugby_europe) March 29, 2025