Women’s Rugby Europe Championship 2024: boa réplica em Espanha

Francisco IsaacMarço 31, 20244min0

Women’s Rugby Europe Championship 2024: boa réplica em Espanha

Francisco IsaacMarço 31, 20244min0
Portugal fecha a temporada com um 3º lugar no Women’s Rugby Europe Championship e Francisco Isaac diz-te como correu o jogo em Espanha

Ponto final na campanha de Portugal no Women’s Rugby Europe Championship 2024, com as Lobas de João Moura a saírem derrotadas frente às campeãs em título, a Espanha, num jogo que terminou em 24-00, um resultado minimamente impressionante e explicamos tudo nestes três destaques.

MVP: MARIA JOÃO COSTA (CENTRO)

Começamos por dizer que é difícil só nomear uma jogadora para MVP, especialmente porque no cômputo ofensivo Portugal esteve ausente desse aspecto em largos períodos do jogo, o que era de esperar perante uma selecção que tem jogado ao mais alto nível (disputou a subida à divisão WXV2 em 2023, por exemplo) e desenvolvido um programa de boa envergadura para o rugby feminino. Posto isto, e perante os grandes momentos defensivos de ontem, há cinco jogadoras que se notabilizaram pela atitude defensiva que tiveram: Isabel Ozório, Arlete Gonçalves, Maria Morant, Ana Fernandes e Maria João Costa. Esta última acaba por ficar com o MVP tanto por ter registado duas placagens que salvaram Portugal de sofrer um ensaio – numa delas teve a capacidade de perceber que se não trancasse os braços da adversária, um offload perigoso iria sair daquela situação – como por ter registado duas belas arrancadas que destabilizaram a defesa contrária. Uma última palavra para Sara Moreira que fez um trabalho denominado “invisível”, isto é, esteve sempre a disputar os breakdowns, a ir no apoio à placadora, a tentar reverter a posse de bola e a lutar por cada centímetro, mostrando uma alma enorme que deve inspirar futuras atletas.

PONTO ALTO: UMA DEFESA DE GIGANTES

Enormes. É a melhor forma de adjectivar a prestação e atitude defensiva das Lobas neste encontro ante a Espanha, conseguindo fechar bem os espaços e recuperar em situações que o conjunto contrário parecia lançado para chegar à área de ensaio. Portugal efectuou mais de 150 placagens, falhando o alvo só em vinte, algo que conta com exactidão a excelência defensiva da equipa portuguesa, notando-se uma evolução clara nesta temporada, especialmente desde o primeiro jogo frente aos Países Baixos. A entrega da equipa foi constante, e mesmo quando surgiram cada um dos quatro ensaios de Espanha houve uma réplica extremamente positiva que tentou fechar os acessos à área de validação, impondo não só a tal placagem efectiva, mas uma pressão alta na linha ou uma agressividade inteligente no jogo no chão ou breakdown. Com Arlete Gonçalves, Isabel Ozório (teve um momento genial em que placa e imediatamente se volta a disponibilizar, disputando e conquistando a bola no breakdown de forma legal), Ana Fernandes, Daniela Correia, Beatriz Rodrigues, Maria Morant e Maria João Costa a carimbar belas placagens nas jogadoras espanholas, Portugal demonstrou que não foi ao país vizinho cumprir calendário, mas mostrar o seu crescimento e que pode almejar a outro patamar.

PONTO A MELHORAR: PACIÊNCIA E AMBIÇÃO A ATACAR

Portugal teve poucas oportunidades para marcar pontos, mas na segunda metade do encontro surgiram umas quantas situações que podiam ter dado pontos às Lobas, acabando por essas oportunidades acabarem por resultar em nada tanto pela falta de paciência para continuar a construir fases curtas, como pela falta de confiança em acreditar que era possível ferir a Espanha. Aos 77′ surgiu talvez o momento que deixou a larga maioria do público surpreendido, quando Portugal com uma penalidade já na entrada dos últimos 22 metros optou por não jogar ao alinhamento ou rápido, mas sim por chutar aos postes num encontro que já estava perdido e a perder por 24-00. A ideia era meter pelo menos três pontos no placard e reafirmar a excelente prestação, mas poderá ter sido um pouco falta de confiança naquele momento, tanto por medo de perder a bola no alinhamento – que não correu da melhor forma, verdade – ou que perante o cansaço físico já seria difícil lutar no contacto frente às Leonas. De qualquer forma, Portugal fecha a temporada num 3º lugar, ficando acima da Suécia e com a sensação que podiam ter derrotado os Países Baixos caso o aparelho ofensivo tivesse funcionado ligeiramente de forma mais eficiente.

Parabéns às Lobas pelo seu ano de estreia no Women’s Rugby Europe Championship, e ficamos a aguardar mais força, investimento e apoio ao rugby feminino português que merece mais carinho e atenção.


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