“The Premiership is back!” – Chiefs retêm o 1º lugar e Quins à prova de boks

Helena AmorimAgosto 16, 20209min0

“The Premiership is back!” – Chiefs retêm o 1º lugar e Quins à prova de boks

Helena AmorimAgosto 16, 20209min0
Está de volta e a Helena Amorim conta como foi este retorno aos jogos da Premiership, com destaque para a vitória dos Harlequins, Chiefs e Wasps. Tudo o que precisas de saber neste artigo

O SETUP PRÉ-COMPETIÇÃO

Depois de treze jornadas realizadas e de uma paragem de cinco meses, as doze equipas Inglesas estão de volta, propondo-se realizar as nove jornadas em falta para a conclusão do campeonato 19/20.

Não será prudente considerar esta retoma do campeonato como uma continuação da 13ª jornada, na medida em que o interregno fez com que as equipas parassem o seu momento de forma e tivessem que, cinco meses depois e sem férias, recondicionar-se novamente em termos físicos mas também e não menos importante, em termos psíquicos.

Naturalmente que sendo o rugby uma modalidade de contacto, os treinos têm-se baseado no fortalecimento muscular e no condicionamento físico mas será provavelmente a equipa com melhor condição emocional e psíquica, o melhor grupo em termos de coesão, a sair deste período, que terá mais a dizer na definição dos resultados.

De referir que houve muitas mudanças nos plantéis e mesmo nos staffs técnicos  assim como uma nova realidade de não haver pessoas no estádio a assistir aos jogos.  O factor motivação que chega normalmente da bancada, não terá agora o seu valor, daí que mais uma vez, seja a resiliência mental um dos principais senão o principal factor a ter em consideração.

Das doze equipas, os Saracens já estão relegados e as quatro primeiras equipas deverão avançar para as semi-finais com a final a realizar-se a 24 de Outubro.

O ARRANQUE: QUINS DERRUBAM O CONCLAVE BOK E CHIEFS COMEÇAM COMO SAÍRAM… A GANHAR

Os Harlequins e Sale Sharks foram as primeiras equipas a pisar o palco com um resultado final de 16-10. Um ensaio para cada lado, com o talonador Scott Baldwin a marcar pelos Quins com conversão e três penalidades do abertura Marcus Smith. Pelos Sale, o ensaio surgiu por intermédio de Byron McGuigan, o ponta direito escocês, com conversão de Rob du Preez e penalidade de AJ MacGinty.

À partida para esta jornada, os Quins seguiam na parte inferior da tabela, em oitavo lugar com 28 pontos e em igualdade pontual com os London Irish, enquanto os Sale de Manchester seguiam em segundo com 40 pontos, a cinco pontos do líder Exeter.

O início do jogo foi pautado por muita actividade faltosa dos Sale, que Smith aproveitou, marcando três penalidades. Os Sharks reduziram com o ensaio, naquilo que parecia ser uma bola lenta mas que de repente basculou da esquerda para a direita, com toque de meta de McGuigan.

O ensaio dos Harlequins chegou na segunda parte pelo talonador, fruto de um bom drive, drives aliás, que os Quins conseguiram sempre muito bem durante todo o jogo. Steve Diamond não gostou nada de um erro crasso de Rob du Preez que quase permitia um ensaio dos Quins e fez entrar AJ McGinty. Apesar de McGinty ter agitado o jogo, a consistência faltosa dos Sharks não lhes permitiu amealhar mais que uma penalidade.

Excelente estreia do segundo centro Joe Marchant com 1 turnover, 1 defesa batido, 13 m, 1 offload e 8/8 placagens. Bom desempenho do formação Martin Landajo, pelos Quins e de Nathan Earle e pelos Sale, Tom Curry e McGuigan em destaque. Manu Tuilagi, saído dos Tigers e estreando-se pelos Sharks, teve uma exibição muito pálida mas numa situação de avant na linha de meta e respondendo postivamente à pergunta do árbitro se ele tinha feito avant, fez dele o homem mais honesto do jogo!

No Worcester-Gloucester, o resultado final ficou em 15-44. Na tabela classificativa o Gloucester seguia em 9º com 26 pontos e Worcester em 10º com 22. Dois ensaios contra sete, num jogo marcado pela expulsão aos 17 minutos do defesa Melani Nanai dos Worcester por carga indevida a Jonny May que teve de sair. A segunda parte foi só Gloucester com cinco ensaios marcados e conversões de Billy Twelvetrees. De destacar as grandes exibições dos respectivos “8”, Matt Kvesic do Worcester e Jake Polladri do Gloucester.

Os Exeter defrontaram um super renovado Leicester Tigers e a expectativa estava em perceber até que ponto as mudanças operadas iriam surtir algum efeito.

A dupla Ben Youngs e George Ford esteve sempre muito activa durante o jogo e com uma penalidade e um drop, os Leicester conseguiram seis pontos de vantagem que os fez sonhar um pouco. No entanto, os terríveis alinhamentos e drives e a combatividade nos rucks dos Exeter, granjearam-lhes o primeiro ensaio pelo gigante asa do Zimbabwe, Dave Ewers.

Uma jogada fluida permitiu o ensaio de Hogg, fruto de uma primeira fase e de um entendimento perfeito das linhas atrasadas.Cowan-Dickie, na sua estratégia de marcação rápida das faltas, marca o segundo ensaio dos Exeter já na segunda parte; distracção dos Tigers a pagar-se caro. Mais um alinhamento, mais um drive e desta feita um ensaio de penalidade com o “8” dos Tigers Jordan Taufua a ir até ao sin bin.

Os Tigers ainda mostraram as suas garras, com a persistência de conseguirem um ensaio de penalidade  mas fisicamente já não foram competentes para mais. Os Exeter continuam com um plantel fisicamente robusto e as suas rotinas ainda estão muito visíveis, fazendo deles um muito provável finalista da competição.

No embate entre Bath e os London Irish, a equipa de Stuart Hooper começou com acutilância com uma intercepção, corrida de 20m e ensaio do formação Ben Spencer e dois ensaios de rajada do talonador Tom Dunn aos 16 e 22 minutos, que com a conversão de Rhys Priestland deu uma vantagem confortável de 17-0. Os dois ensaios finalizados por Dunn foram o resultado de alinhamentos e drives perfeitos.

Os Exilados combateram para voltar ao jogo e o ensaio convertido do segundo centro Curtis Rona, aliviou um pouco o marcador.

Na segunda parte o Bath voltou a entrar muito concentrado e com mais 17 pontos marcados (ensaios de Jonathan Joseph com uma finalização que vale a pena procurar nos highlights e Jack Walker), o bónus estava obtido. Mais uma vez ao cair do pano, os London Irish mostram um pouco de garra, desta feita com um ensaio de Matt Cornish. London Irish seguia em oitavo com 28 pontos e Bath em sexto com 30. Se o Bath continuar com este tipo de exibições ainda poderá facilmente fazer parte do top 4.

No penúltimo jogo desta jornada “re-inaugural”, os terceiros classificados com 38 pontos e uma época fantástica, os Bristol Bears, defrontaram os relegados mas ainda campeões em título Saracens, vencendo por 16-12. Bristol, contando com Charles Piutau, adicionou ao seu efectivo Semi Radradra, segundo centro Fijiano. Aliás, dias antes deste jogo, 33 jogadores renovaram contrato com os Bears, adivinhando assim um momento de satisfação dentro do clube e a reivindicação de algo mais num futuro próximo para a equipa de Bristol.

O jogo foi muito duro, com chuva e muitas batalhas, com uma primeira parte apenas com seis pontos para cada lado, fruto de penalidades de Callum Sheedy e Alex Goode.

Na segunda parte os Saracens avançaram com tudo, principalmente na ponta final, mas a determinação defensiva, a paciência e rigor, mantiveram o clube de Ashton Gate sempre incólume. Alex Goode ainda pôs os Sarries em vantagem mas um ensaio de penalidade aos 76 minutos, daria a definitiva vitória aos homens de Pat Lam. Aliás, no fim do jogo, o director de rugby dos Bears fez um grande elogio ao treinador de scrum, Alaistair Dickinson, ao treinador de avançados John Muldoon e ainda a Omar Mouneimne, o treinador de defesa.

Siale Piutau, foi o man of the match, numa exibição poderosa, com 11 placagens e uma liderança defensiva inigualável. Pelos Sarries, Maro Itoje continua a ser um jogador de destaque, com contínuas exibições de excelência.

No derradeiro jogo, entre Northampton Saints e Wasps (quartos com 35 pontos e quintos com 33), houve seis ensaios e dois amarelos (ambos para os Wasps, para Fekitoa e Sopoaga) com os “zangões” de Londres a levarem de vencida os seus rivais por 21-34 com bis do ponta esquerdo Josh Bassett.

Os Wasps foram, a par dos Bears, talvez as únicas equipas a manterem o momento de forma que tinham aquando do interregno da competição. Os londrinos começaram com bom momento e dois ensaios aos 7 e 16 minutos por Josh Bassett e pelo asa Jack Willis. Jack Willis teve alías uma exibição muito consistente, podendo ser um elemento a ter em consideração por Eddie Jones.

Na segunda parte os Saints tentaram rebater e disputar o jogo mas a falta de inspiração das linhas atrasadas era por demais evidente. O asa Thomas Young foi o  man of the match com o “8” Brad Shields a ser importante para o ponto de bónus dos Wasps. O novo treinador Lee Blachett só pode estar contente!

ALGUNS PONTOS A RETER: FALTAS E ALGUMA FERRUGEM NO ATAQUE

Como expectável, o número de faltas esteve em alta assim como o número de pontos marcados; naturalmente, a frustração e o “emperro” de uma paragem tão grande assim como a vontade de “atacar”, constroem um jogo mais faltoso que o normal nestes primeiros jogos. A falta daquele ambiente galvanizador, principalmente nos movimentos defensivos, fará com que a concentração e a superação não estejam activos para quem defende. Uma excepção: Bristol Bears e o seu desempenho frente aos Sarries!

A discussão sobre qual a melhor modalidade a adoptar em relação aos campeonatos (acabarem como ficou aquando do surgimento da pandemia, jogarem os jogos todos, jogarem de forma condensada, jogarem apenas alguns jogos) mantém-se muito activa. Há exemplos diversos em vários campeonatos mas sem dúvida que manter todas as nove jornadas com jogos realizados ao fim de semana e a meio da semana, será pesado para os jogadores “ingleses” e até que ponto comprometerá a próxima época é algo que não é mensurável nesta altura. Fica uma ideia para reflectir: Os Falcons vão voltar à Premiership mas só voltarão a jogar em Novembro, perfazendo um total de 8 meses sem jogar…até que ponto, quando a nova época da Premiership recomeçar, esta equipa irá saber estar numa idêntica forma física e mental e até que ponto é justo?

Mas há contratos televisivos e de publicidade a cumprir, há toda a manutenção da viabilidade financeira em causa…

É muito difícil dizer o que está certo ou errado; vamos apreciando os jogos e ver o que isto vai dar!


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