SR AU Final: Brumbies confirmam o seu domínio na Austrália!

Francisco IsaacSetembro 19, 20207min0

SR AU Final: Brumbies confirmam o seu domínio na Austrália!

Francisco IsaacSetembro 19, 20207min0
Os Brumbies são os primeiros campeões de sempre do Super Rugby AU, tendo sobrevivido a uns últimos minutos emocionantes! Francisco Isaac faz a análise do que se passou na final da competição de rugby australiana

Os Brumbies são os campeões do Super Rugby AU 2020, apesar de terem sofrido e suado (muito) nos últimos 5 minutos de jogo, altura em que os Reds tentaram procurar o ensaio do empate, mas perdendo nas franjas do breakdown! Uma final emotiva, com espaço para grandes jogadas, grandes estrelas e, também, grandes ensaios!

OS UP’S: NAS “ASAS” (PÉS) DE LOLESIO E NOS ARRANQUES DE KURIDRANI OS BRUMBIES CAMINHARAM ATÉ AO TÍTULO

Dos 28 pontos marcados pelos Brumbies, 13 vieram pelos pés de veludo (e já explicaremos porque é que podemos adjectivar assim) de Noah Lolesio, que ainda foi responsável pelo excelente offload/assistência para o ensaio de Andy Muirhead, tendo retornado à competição – depois de dois meses lesionado – com toda aquela pujança que marcou nesta sua época de estreia pela franquia de Canberra. Não sendo um 10 clássico ou da mesma amálgama que foi Bernard Foley, Quade Cooper ou Christian Lealiifano, Lolesio é um jogador com um potencial estrondoso e com um poder genial para mudar por completo um jogo, alterando o ritmo de uma combinação ofensiva só pela imposição da sua técnica de passe ou drible, desmontando um placador ou uma linha-de-defesa num mero segundo, como aconteceu naquele ensaio de Muirhead e vale a pena visitarmos esse momento.

Para quem desejar ver acompanhar pelos highlights é o 2º ensaio do jogo, aos 26 minutos do relógio… depois de duas excelentes entradas de Tevita Kuridrani, que conseguiu ganhar sensivelmente 50 metros e duas quebras-de-linha, Joe Powell colocou a oval rapidamente nas mãos de Lolesio, que se viu numa situação de 4 para 5 não tendo vantagem em termos numéricos. Contudo, o 10 simulou que iria para o lado exterior da defesa dos Reds e bateu rapidamente os pés para o interior, apanhando os placadores desprevenidos… nesse micro segundo, o abertura entrou no contacto e desferiu um offload matreiro para as mãos de Andy Muirhead que só teve de acelerar, baixar-se e bater até entrar na área de validação.

Visão de jogo, rápida leitura de como poder aproveitar uma situação de emergência defensiva do adversário, finta de pés veloz e um offload de categoria… uma receita para o ensaio e, porque não, vitória. Foi responsável por um ou outro erro, como aquela recepção a um pontapé que acabou por cair para a frente, mas foi constantemente o centro das atenções dos Brumbies, gravitando toda a estratégia dos agora campeões do Super Rugby australiano em seu redor, compondo um jogo ao pé pulsante, pressionante e ardiloso com um engenho extraordinário em como aproveitar a subida de linha desenfreada da oposição contrária, esgrimindo-se sempre com aquela composição de pés desconcertante e díficil de parar.

Os Brumbies dominaram o encontro quase por completo, tendo tido 78% da posse de bola entre os 40 e 60 minutos de jogo numa demonstração avassaladora da sua qualidade enquanto colectivo, fazendo a oval girar a uma passada lenta mas intensa, algo legível e ao mesmo tempo manhosa, aproveitando cada vantagem para avançar no terreno e procurar pontos, tendo por vezes perdido ensaios “feitos” por um certo egoísmo ou pressa de concluir um bom processo de jogo.

Podem ter feito mais erros próprios, perdido mais vezes a bola no contacto e até realizado mais penalidades, a verdade é que o domínio de jogo escapou-se-lhes só durante breves períodos, mantendo uma frieza de movimentos defensivos, de domínio das emoções e força de aguentar que só está ao nível dos verdadeiros campeões.

A jogada de Noah Lolesio no ensaio de Muirhead (1:10)

OS DOWN’S: REDS, APARECER PARA JOGAR SÓ NOS ÚLTIMOS 15 MINUTOS DE CADA PARTE NÃO CHEGOU

Verdade que os Reds saíram para o intervalo a perder por só cinco pontos e acabaram por fechar o encontro a também um ensaio não convertido de distância do empate, mas para quem viu o jogo completo, é com naturalidade e justiça que os Brumbies foram os vencedores da final do Super Rugby AU 2020, pois a franquia de Queensland pouca presença teve nos 22 metros dos seus adversários, ficando várias vezes arredado ao seu meio-campo e até área de ensaio. Defenderam bem?

Definitivamente que sim, pois foram capazes de pôr fim a três situações de ensaio iminente dos Brumbies, capturando a oval no chão (Fraser McReight, Harry Wilson e Angus Blyth foram fundamentais nesse processo) para devolver algum oxigénio e espaço de manobra, quando tudo parecia destinado a um amontoar de pontos para a equipa da casa. Contudo, a nível de conseguirem assumir o protagonismo nos processos ofensivos e de conquistarem a linha de vantagem ou de sobreporem à defesa dos Brumbies nunca foram completamente capazes, sendo apanhados numa contra-resposta engenhosa e “irritante”, com Filipo Daugunu ou Tate McDermott a mostrarem-se a sua irritação de forma vísivel e audível.

Faltou paciência e capricho de saber esperar pelo momento ideal e de perceber que para derrubar uma equipa tão experiente e inteligente como o elenco de Canberra, que apresentou uma durabilidade física de alto recorte – e os Wallabies só têm de aproveitar este vector para realizarem uns excelentes Test Matches em 2020 – e desmotivante para os Reds, optando por tentar sair a jogar através do jogo ao pé de James O’Connor, sem nunca terem surtido realmente em algo de palpável. Lutaram até ao fim, até poderiam ter ganho caso não tivessem perdido aquele alinhamento nos 5 metros e depois uma bola no chão umas jogadas depois, mas em abono da verdade, foram a segunda melhor equipa não só desta final mas de toda a competição e neste jogo em particular, só mostraram o seu melhor rugby no ensaio de Harry Wilson (uma jogada individual extraordinária de Jordan Petaia, que ficou demasiado tempo retido na ponta) e nos últimos 10/15 minutos da segunda metade do encontro.

OS ASES DA FINAL: NOAH LOLESIO, THOMAS BANKS, HARRY WILSON E TATE MCDERMOTT

O abertura, chamado para o trabalho dos Wallabies, fez quase de tudo, desde um drop bem metido na 2ª parte, para uma assistência brilhante para o ensaio de Muirhead, reforçando toda uma genialidade individual sempre que recebia a oval em seu poder e desatava a correr para inventar um espaço ou abrir uma linha-de-corrida para um colega seu. 13 pontos, 1 assistência, 1 quebra-de-linha e 3 defesas batidos no seu retorno à competição depois de dois meses parado!

Banks é um atleta completo, seja pelo seu poder de sprint e aceleração que faz a diferença no aproveitamento de um espaço na linha-de-defesa ou pela capacidade em dar uma potência total nos pontapés, tendo terminado como o jogador com mais metros conquistados (70) nesta final.

O nº8 dos Queensland Reds, Harry Wilson, tentou compensar a alguma falta de energia ofensiva dos seus parceiros da avançada (só Blyth e McReight o acompanharam nesses trabalhos) com excelentes avanços com a oval em seu poder, embuindo-se de um fisicalidade imponente que lhe possibilitou arrancar dois turnovers e uma penalidade ao bloco dos Brumbies, sem esquecer o ensaio marcado depois de uma jogada extraordinária individual de Jordan Petaia.

Tate McDermott pode ser ainda um produto longe de estar acabado, mas a verdade é que consegue dar outra velocidade à oval quando a sua equipa lhe permite e dar oportunidade para isso, tendo sido responsável pela abertura de bons espaços na defensiva dos Brumbies, sem esquecer os detalhes técnicos de elevada categoria evocados nesta final.

OS NÚMEROS DA JORNADA

Mais pontos marcados: Noah Lolesio (Brumbies) – 13
Mais ensaios marcados: Vários – 1
Mais quebras-de-linha: Thomas Banks (Brumbies) – 3
Mais placagens: Angus Blyth (Reds) – 13 (13 efectivas)
Mais turnovers: Vários – 1
Mais defesas batidos: Tevita Kuridrani (Brumbies) – 4
Melhor da Jornada: Noah Lolesio (Brumbies)

O drop de Lolesio (4:16)


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