Springboks e as novidades para o desafio frente aos Lions

Francisco IsaacJunho 8, 20216min0

Springboks e as novidades para o desafio frente aos Lions

Francisco IsaacJunho 8, 20216min0
Rassie Erasmus e Jacques Nienaber fizeram as suas escolhas para as Series contra os Lions e explicamos as principais novidades e detalhes da convocatória

Rassie Erasmus e Jacques Nienaber já escolheram os 45 Springboks que vão estar envolvidos na preparação para os três jogos frente aos British and Irish Lions, com algumas (poucas) novidades a surgirem nesta convocatória praticamente dominada por jogadores que estiveram presentes no Campeonato do Mundo de 2019. Ao invés de uma análise pormenorizada a cada posição, vamos aos detalhes e pormenores desta extensa lista de atletas, que estão escalonados para jogar frente à Geórgia (ainda sem data definida este duplo encontro frente aos lelos) e Lions (Springboks têm três test matches, sendo que a África do Sul “A” vai testar antes os britânicos e irlandeses a 14 de Julho).

Para os interessados, estes foram os jogadores chamados:

O que há de interessante para analisar nesta listagem de quase meia centena de jogadores? Escolhemos alguns pontos/factos/curiosidades para aguçar o interesse:

Só dois jogadores é que repetem a experiência de jogar contra os British and Irish Lions, com os irmãos Morné e François Steyn a terem tido a oportunidade de defrontar a selecção das Ilhas Britânicas e Irlanda em 2009 (lembrar que ganharam por 2-1 no total das Series). Morné Steyn, de 36 anos, foi um dos heróis em 2009, quando converteu os 3 pontos da vitória no jogo nº2, que acabou por decidir as Series a favor dos sul-africanos, mesmo faltando um jogo para a sua conclusão;

Rosko Specman é o veterano estreante, recebendo a oportunidade para se estrear nos Springboks aos 32 anos. O ponta dos Cheetahs dificilmente vai figurar nos três jogos de maior importância em Julho/Agosto, mas o facto de ter sido incluído nas escolhas é um facto a ressalvar, com a equipa técnica sul-africana a demonstrar que todos têm uma clara hipótese de receber uma oportunidade;

Sanele Nohamba é o mais jovem da lista (22 anos), numa selecção com uma média de idades a rondar nos 28 anos (27,9), provando aqui que a ideia passou por manter a aposta na experiência que os guiou ao título mundial há dois anos atrás. Em comparação com a última tour dos Lions, que foi em território neozelandês, os seus adversários dos All Blacks apresentaram uma média de idades na ordem dos 26 anos;

– Por falar nesse Mundial, só três jogadores não se mantêm na convocatória dos Springboks, sendo eles Tendai Mtawarira (MLR), Schalk Brits (retirado) e François Louw (retirado), todos, curiosamente, avançados (Mtawarira será substituído por Steven Kitshoff, Brits pelo estreante Joseph Dweba, e Louw tem múltiplos substitutos, com o principal a ser Siya Kolisi);

– E o número de internacionalizações revela algo? Se compararmos com os All Blacks de 2017, os Springboks de 2021 revelam uma média de internacionalizações inferior, com cerca de 24, enquanto os neozelandeses entraram em campo frente aos Lions com average de 30. Isto deve-se não só pelo facto de terem mais estreantes (8), mas também pelo facto de só terem três jogadores com mais de 65 internacionalizações: Eben Etzebeth (85), François Steyn (67) e Morné Steyn (66);

– Já falámos em dois dos estreantes, Rosko Specman e Sanele Nohamba, existindo ainda outros seis: Aphelele Fassi, Yaw Penxe, Wandisile Simelane, Jasper Wiese, Nico Janse van Rensburg e Joseph Dweba. Nota para Fassi que tem se assumido como um dos principais destaques dos Sharks, a franquia oriunda de Durban, estando na senda de Cheslin Kolbe no que toca à forma de jogar e de intervir no jogo com bola, ficando uma segunda referência para Jasper Wiese, asa de imenso poder físico e dotado de uma perspicácia e leitura defensiva de alto nível;

– 22 dos 44 convocados jogam fora da África do Sul, ou seja, apostaram numa saída a curto/médio/longo-prazo para outros campeonatos, como é o caso de Makazole Mapimpi (esteve até Maio nos NTT Hurricanes do Japão), Cheslin Kolbe (depois de anos a ser sonegado quando jogava pelos Stormers, foi em Toulouse que apareceu a encantar os adeptos da modalidade) ou Nico Janse van Rensburg (desde 2016 que joga na Europa). O criar do equilíbrio entre os atletas que jogam em espeço nacional sul-africano e os que estão a despontar/deslumbrar em outras ligas, tem sido uma das chaves do ressurgimento dos Springboks depois de dois anos menos positivos (2016 e 2017);

– Quem ficou de fora e merecia ter tido uma oportunidade? Dois nomes ganham significativo destaque neste aspecto, e são eles Marcel Coetzee e Andre Esterhuizen. O primeiro tem se afirmado como um terceira-linha polivalente, somando ainda a excelente percentagem de sucesso na placagem, para além do bom impacto no jogo “fechado”, enquanto o centro é uma das peças-chave dos Harlequins, impondo-se como um portador de bola ardiloso e competente. Se o caso de Esterhuizen deverá estar praticamente fechado (as seis semanas de suspensão por uma placagem à cabeça de um adversário terminam neste fim-de-semana), já Marcel Coetzee pode ainda ter uma real oportunidade de ser chamado, caso Duane Vermeulen não recupere da lesão sofrida na Rainbow Cup 2021;

– Qual é a posição que exerce menor multiplicidade de escolhas? Olhando para a convocatória, é difícil dizer se há realmente um sector “deficitário” ou que escasseie de opções credíveis, e a exemplo disso é a situação na camisola nº10. Handré Pollard deverá assumir a titularidade, com Elton Jantjies na “sombra”, podendo Morné Steyn surgir como um utility back que pode, no pior dos casos, substituir as hipóteses 1 e 2 para o lugar de médio-de-abertura. Porém, François Steyn pode também ser chamado a desempenhar estas funções, não ficando nada a dever a qualquer um dos três nomes mencionados;

– E que lugar detém maior pluralidade de opções?  Se não aglutinarmos pilares e talonadores num só sector (se o fizéssemos era o que detinha mais opções, de longe, com 11 jogadores diferentes), então é a 3ª linha a deter a maior escolha de jogadores, com cerca de 8, dividindo-se pelos titulares Siya Kolisi, Pieter-Steph du Toit (pode figurar na 2ª linha, caso seja necessário) e Duane Vermeulen, surgindo depois Jean-Luc e Dan du Preez, Marco van Standen, Kwagga Smith e Jasper Wiese;

Estes são só alguns dos pormenores ou curiosidades por detrás desta convocatória dos Springboks, que se apresenta como uma selecção recheada de experiência em termos de idade (nem por isso nas internacionalizações, devendo-se esse pormenor aos anos de “problemas” internos e de projectos díspares entre seleccionadores) e com um “core” de líderes bem definido, sem deixar cair palavras como renovação e ambição, estando assim lançados os dados para uma Series, com início oficial para 3 de Julho, dia em que entram em campo para jogar contra os Emirate Lions.


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