O “sidestep” do CN1: Bairrada surpreende e impõe derrota a candidato

Francisco IsaacDezembro 24, 20199min0

O “sidestep” do CN1: Bairrada surpreende e impõe derrota a candidato

Francisco IsaacDezembro 24, 20199min0
O CR Évora não sobreviveu na visita ao campo do MRC Bairrada e consentiu uma derrota surpreendente na abertura da 2ª volta do CN1. A análise à 10ª jornada no Fair Play

Foi com estrondo que o CR Évora saiu derrota da Aldeia do Rugby com o MRC Bairrada a somar uma vitória justa num jogo equilibrado e disputado até ao apito final, caindo assim para 3º lugar a três pontos do Caldas RC e CR São Miguel. Este foi um dos destaques da 10ª jornada agora analisada e vista no Fair Play, relembrando que não se realizou o RC Santarém-RV Moita (adiado sem data ainda prevista).

OS IRREDUTÍVEIS DA ALDEIA DO RUGBY FEREM O CR ÉVORA

Luís Supico tinha prometido que o MRC Bairrada seria um anfitrião muito complicado de ultrapassar e foi exactamente o que se passou na recepção ao CR Évora, com os comandados de Miguel Avó a saírem derrotados por 21-27, deixando escapar o 1º lugar da classificação (em 3º a três pontos de CR São Miguel e Caldas RC). Os anadienses mostraram pormenores quase artísticos com a bola nas mãos, conseguindo impor consecutivas falhas de placagem à defesa eborense, com destaque para Luis Dias, Henrique Monsanto e Gonçalo Costa nos apontamentos técnicos geniais.

O crescimento técnico individual do emblema do Bairrada só foi ultrapassado pelo esforço colectivo e capacidade de trabalho conjunta, onde a defesa foi um primor na segunda-parte depois de terem sofrido 21 pontos nos primeiros 40 minutos.

Houve mérito na forma como a equipa da casa explorou o jogo curto dando sequência a uma série de movimentos rápidos, seguindo-se bons passes no contacto (o offload foi um estratagema bem empregue) e conquista efectiva de território. Ao Évora faltou consistência na segunda metade do encontro, ficando evidente o impacto da ausência de alguns titulares que não foram convocados para esta 10ª jornada.

O treinador do MRC Bairrada explicou-nos alguns apontamentos da vitória do Bairrada,

Luís Supico, uma vitória que para uma boa parte dos adeptos do Campeonato Nacional 1 parecia improvável mas que aconteceu com todo o mérito vosso. Como podes explicar o que fizeram para derrubar um dos candidatos à subida?

Fizemos o melhor jogo da época até ao momento; tinha de ser, para conseguirmos ter este resultado. Tínhamos um plano de jogo pensado e, felizmente, correu bem mas o CRE, tal como Caldas e S. Miguel estão ainda um patamar acima dos outros. Mostrámos que estamos a lá chegar mas penso também que mais resultados destes irão aparecer (já estiveram bem perto disso Jaguares e Guimarães) porque o campeonato é muito equilibrado.

O que tens apercebido nestas últimas semanas em termos de crescimento da tua equipa? Sentes que podem chegar para além do 4o lugar?

Quando há resultados há confiança e quando essa aparece, é mais fácil treinar… mas acima de tudo, esta equipa tem uma visão e um objectivo muito claros, que sabemos não irão aparecer de repente. Por isso trabalhamos todos os dias, sem pensar em resultados, na convicção que eles aparecem. Esperemos só que apareçam mais vezes! Basta continuar o rumo que teremos mais hipóteses disso, sem dúvida, mas mais do que o 4º é muito difícil, pela diferença pontual para os 3 primeiros. Já o 4º lugar é complicado (com Jaguares, Guimarães, nós e Santarém com hipóteses) e ainda temos de contar com os últimos três (Braga, Elvas e Vila da Moita) que têm crescido imenso… É como digo, campeonato muito equilibrado que irá, agora, começar a ter mais resultados inesperados, mas não o suficiente para destronar os 3 primeiros.

SÃO MIGUEL DE DUAS MEDIDAS CONTRA JAGUARES DE CONTRA-ATAQUE

De domínio do território e da posse de bola para descontrolo defensivo e incapacidade de dar bom uso à oval, os “bulldogs” apresentaram-se no seu Bulldog Rugby Field com duas caras e o resultado em cada parte é revelador desse pormenor. Por outro lado, os Jaguares não conseguiram executar o seu jogo de contra-ataque na primeira-parte, ficando à mercê da maior experiência e capacidade de choque dos seus adversários, só conseguindo se soltar e revelar os seus melhores traços na segunda metade do encontro.

Foi observável o impacto dos avançados da equipa da casa, que dominaram não só nas fases estáticas como ocuparam bem o espaço no jogo curto, para além de terem combinando com qualidade com as linhas atrasadas, destacando Gonçalo Melo, Robert Delai (continua numa forma impressionante), Thomas Goyochea ou Filipe Lemos. Contudo, depois de uma primeira-parte de 28 pontos seguiu-se uma segunda metade a zeros, dando espaço de manobra para os Jaguares mostrarem todo aquele génio característico que faz a diferença nos detalhes, com Guilherme Sampaio a ser o principal instigador de uma exibição de qualidade nestes últimos 40 minutos.

28-17 acaba por ser um resultado minimamente justo para a equipa que melhor se apresentou na extensão de todo o jogo, apesar dos apontamentos técnicos fantasiosos dos Jaguares merecerem destaque.

O THE GREAT ESCAPE VERSÃO ELVENSE

Foi um jogo praticamente de um sentido só, com o RC Elvas a garantir 5 pontos essenciais para fugir finalmente ao último lugar, posição que ocupou durante várias jornadas. Com um estilo vibrante, acelerado e de rápida reacção, os elvenses foram castigando a defesa do Braga Rugby que concedeu por seu turno demasiado espaço e revelou demasiados problemas no que toca à placagem ou ao reagir ao jogo mais prático do seu adversário. João Bandeiras e Tomás Silva montaram um eixo de formação-abertura de elevada qualidade, fornecendo um fio de jogo bem ritmado que foi sendo essencial para conseguir chegar à área de validação contrária de forma constante.

Não esquecer que a terceira-linha elvense apresentou-se em grande nível também neste encontro, com Francisco Paralta a comandar bem a avançada a partir da posição de nº8, enquanto que Francisco Pessoa e Miguel Charréu foram duas “armas” essenciais não só no trabalho defensivo mas também na portagem de bola e no ganhar de metros (Charréu foi então uma dor-de-cabeça constante para a defensiva dos “gladiadores”).

O Braga Rugby ressentiu-se em demasia das ausências de Maxence Peysson ou Tomás Fontes (o dez fez bastante falta no pautar do jogo e no conferir de equilíbrio ofensivo-defensivo) e a derrota no final dos 80 minutos é inteiramente justa pela força e poder do RC Elvas, que “oferece” a lanterna-vermelha ao emblema bracarense.

João Bandeiras respondeu a duas questões nossas após a conquista desta importante vitória,

Mais um vitória e novamente em casa! Estão cada vez mais perto do nível que almejam?

Mais uma vitória e desta vez com um sabor diferente, atingimos o ponto bónus e fizemos o jogo que pretendíamos. O nosso objectivo daqui para a frente é a manutenção. A próxima volta é em casa e queremos manter este nível de exibições.

É possível o Elvas manter este nível na 2a volta toda?

Sim, acho possível o RCE manter esta nível. Tivemos o regresso de algumas lesões que vem acrescentar mais valor à equipa, vai fazer diferença na segunda volta.

FISICALIDADE E EMOÇÃO EM TONS DRAMÁTICOS NO CALDAS-GUIMARÃES

Emoção ao rubro nas Caldas da Rainha que terminou com um ensaio do Caldas RC no último minuto do jogo que lhes garantiu a vitória, conseguindo os “pelicanos” segurar o primeiro lugar em partilha com o CR São Miguel. Foi um encontro bem disputado e dividido frente ao Guimarães RUFC, que até começou melhor com Paulo Machado a mostrar os seus melhores atributos na luta no contacto, conseguindo o centro engajar num “combate” interessante com Oscar D’Amato.

O centro caldense voltou a ser um dos melhores em campo, não só devido ao que consegue fazer com a bola em seu poder (constantemente a ganhar metros e massacrar os defesas que tentaram amparar as entradas) mas pela influência positiva que exerce sobre os seus colegas de equipa. Outro jogador a receber os louros de destaque é Filipe Gil, o asa “silencioso” que sem dar nas vistas vai marcando ensaios e comandando a avançada como poucos neste Campeonato Nacional 1.

O Guimarães RUFC chegou a ter pinceladas de domínio de território, muito graças ao trabalho solidário e altamente eficaz das suas unidades, ficando na retina o papel de Bruno Silva durante grande parte do encontro. O formação somou 8 pontos, para além de ter efectuado uma exibição de alta qualidade na sua função de n.º9, enriquecendo a estratégia de jogo da equipa de Jeremias Soares.

O encontro acabou por terminar com um ensaio do Caldas RC ao cair do pano, para infelicidade dos vimaranenses e gáudio dos adeptos caldenses que puderam festejar a permanência no 1º lugar.

O “LINEBREAKER” DA SEMANA

Para esta semana escolhemos três asas/8’s: Filipe Gil (Caldas RC), Francisco Paralta (RC Elvas) e Miguel Heleno (MRC Bairrada). O asa do Caldas RC continua a marcar ensaios nesta temporada mas foi o seu papel a influenciar a sua equipa a trabalhar com persistência no contacto que fez a diferença no final; o nº8 do RC Elvas massacrou a defesa do Braga Rugby com excelentes entradas e placagens de alta envergadura; e Heleno voltou a dar “voz” à avançada do MRC Bairrada com boas arrancadas e uma atitude altamente de classe na defesa;

TRY FINISHERS AND POINT SCORERS


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