Seis Nações 2022: 3 previsões possíveis de acontecer

Francisco IsaacJaneiro 26, 20227min0

Seis Nações 2022: 3 previsões possíveis de acontecer

Francisco IsaacJaneiro 26, 20227min0
Quem será o campeão? E o melhor jogador? E o melhor jogo? O Fair Play oferece três previsões para estas Seis Nações que vais querer tomar nota

Depois de nomearmos os 3ªs linhas a seguir, os potenciais destaques, o calendário e os jogos mais especiais, fechamos a nossa antevisão às Seis Nações 2022 com 3 previsões com boas possibilidades e probabilidades de acontecerem… qual é a que mais gostam? E qual discordam?

MARCUS SMITH VAI SER CONSIDERADO O MELHOR JOGADOR

Próximo melhor do Mundo? Próximo grande lenda da Rosa? Próximo “mágico” magistral do rugby mundial? Bem, antes desses sonhos todos, Marcus Smith tem de conquistar o lugar de médio-de-abertura desta Inglaterra de Eddie Jones, mostrar que realmente é o comandante da movimentação ofensiva da selecção de Sua Majestade e conseguir, quando necessário, fazer a diferença “sozinho” em jogos de clutch total, sendo estas Seis Nações o palco perfeito para tal. Sim, Marcus Smith foi excelente nos internacionais de Inverno, ajudando a Inglaterra a derrubar a Austrália e África do Sul em Twickenham, conseguindo abrir espaços, inventar soluções e manipular os “tendões” do jogo quando foi necessário, naquilo que foi uma demonstração clara das suas capacidades tanto como impulsionador ou organizador do aparelho ofensivo.

O génio especial do nº10 dos Harlequins é o tónico de que esta selecção inglesa tanto ansiava nos últimos anos, apesar de George Ford (a realizar uma estupenda temporada pelos Leicester Tigers) ter conseguido, a espaços, mostrar o seu melhor, sem nunca realmente ter sido um abertura consistente – contudo, sempre superior a Owen Farrell ou a qualquer outro -, faltando-lhe aquela “fagulha” de inventar uma solução quando um dado encontro entra numa monotonia preocupante, ficando refém de adversárias mais erráticas, caso da França ou Escócia actualmente, ou daquelas que aplicam uma defesa agressivamente alta e detêm um contra-ataque letal, como a África do Sul.

A inclusão de Marcus Smith e a sua chegada ao “trono” de orquestrador da estratégia da Inglaterra foi e é um processo natural, e nestas Seis Nações, mesmo que a Inglaterra não leve o título principal para casa, veremos o nº10 a mostrar a sua habilidade em despertar excelentes situações de ataque da sua selecção, como surpreender todos quando se esperava por algo mais cinzento ou comum, para além de oferecer uma lição ou duas de como colocar a bola ao pé no local certo à hora certa.

IRLANDA TERMINA CAMPEÃ

É a nossa proposta, vaticínio e que até poderá sair ao lado, pois esta é uma das Seis Nações mais equilibradas dos últimos 10 anos, com França, Inglaterra, Escócia e País de Gales a serem todos candidatos com argumentos suficientes para levantarem o troféu em Março, mas a Irlanda é a candidata número 1 a terminar esta edição de 2022 como a grande vencedora. Porquê? Coesão nos avançados, excelente ligação no par de médios, centros bem rotinados e um três-de-trás que, mesmo não tendo Jacob Stockdale (o ponta foi operado ao tornozelo e só retorna em Setembro deste ano), tem um capricho especial para ser decisivo para descortinar aquele “buraco” para sair disparado até à área de validação ou engendrar uma quebra-de-linha que leve ao objectivo máximo de um jogo de rugby… fazer pontos.

Andy Farrell agarrou bem no trabalho de Joe Schmidt, ultrapassou um primeiro ano complicado, melhorou, consideravelmente, no segundo (derrotaram os All Blacks no Aviva Stadium, sem espaço para  discussão sobre o resultado final) e, agora, os irlandeses estão perto da sua forma final, contendo excelentes princípios de jogo, seja na reacção à perda de bola (contestam rucks com volatilidade, destabilizando o adversário desde o primeiro momento), a sair a jogar e ter confiança nas suas fases (conquista da linha-de-vantagem é um dos actuais segredos para o sucesso da selecção do Trevo) e na organização defensiva, possuindo soluções para todas as posições, o que permite ter outra confiança e segurança na abordagem a cada jogo.

Sim, a França deslumbrou contra os All Blacks em Paris, a Inglaterra abateu os campeões do Mundo em Novembro passado, e são ambas, sem dúvida alguma, duas super candidatas. Contudo, a Irlanda tem um xadrez bem oleado, apetrechou o seu sistema de resposta ao pontapé com um planeamento refinado e tem um 5 da frente que consegue vergar a larga maioria dos seus adversários, tendo já o feito na última edição das Seis Nações, o que faz para nós seja o candidato nº1 ao título.

FRANÇA VS ESCÓCIA VAI SER O MELHOR JOGO

Até os céus irão tremer com o França Escócia deste ano, e pelas melhores razões possíveis claro, a começar pela mais significativa: embate de modelos e estratégias de jogo contrários. Não há dúvidas que existem similitudes, especialmente em como olham e abordam o jogo no chão ou o pós fases-estática (os escoceses têm procurado criar aberturas na defesa contrária a partir de um posicionamento diferente de um dos asas ou o talonador), mas no decorrer do rugby contínuo encontramos diferenças importantes que oferecem outro sabor a este embate.

Os Les Bleus de Fabien Galthie não têm qualquer receio em sair a jogar com a oval nas mãos em qualquer zona do campo, impondo uma virtude apaixonante ao seu ataque, com isto a levantar questões fracturantes aos seus adversários, uma vez que terão de arriscar numa linha de defesa mais subida e proactiva, invés de manterem uma postura de contenção… Contudo, esta abordagem pode oferecer excessivo espaço ao três-de-trás da França que tem se revelado uma ameaça constante na perseguição do jogo ao pé, e isto força aos defesas e pontas adversários a estarem sempre num nível de intensidade alto, impondo maior desgaste.

A imprevisibilidade de como a França pode fazer uso da sua posse de bola e a eficácia na transmissão da oval, combinado com a explosão e dinamismo carregado de detalhes técnicos sórdidos, garantem uma ansiedade alta para o bloco contrário, especialmente para as seleções mais rígidas no seu approach táctico, um elemento onde não se encaixa a Escócia, para o bem e mal. Os homens de Gregor Townsend são, neste momento, uma das coqueluches dos adeptos mundiais tanto por causa da “loucura” vertiginosa de Finn Russell, da monstruosidade física de Hamish Watson ou Jamie Ritchie, ou a liderança corrente de Stuart Hogg ou Matt Fagerson, tendo uma conjuntura actual idílica e que lhes permite ter o título das Seis Nações não como sonho, mas sim como objectivo, e parte disto advém de uma estrutura de jogo resoluta, dinâmica e de elegantes ligações que permitem aos seus pontas ganhar a maioria dos duelos contrários sem perder a posse de bola no fim.

A versatilidade em sair a jogar à mão e ao pé fora dos 22 metros (dentro optam quase sempre por colocar a oval longe, sendo aqui menos imprevisíveis que a França) trazem problemas complexos a defesas que queiram esperar pelo contra-ataque, já que esta Escócia, quando bem disciplinada, raramente perde o controlo da sua posse, indo de fase em fase até encontrarem um meio para alvejar a área de validação contrária. Duas seleções que gostam de rugby poético, de procura de momentos entusiasmantes e virtuosos, com uma a querer ser mais resoluta no contacto, entanto a outra quer aproveitar para ir lançando problemas repentinos e surgir em alta velocidade, significado no fim só uma coisa: um jogo de alto requinte para os amantes do desporto.


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