Seis Nações 2019: será o adeus perfeito de Warren Gatland?

Francisco IsaacJaneiro 15, 20197min0

Seis Nações 2019: será o adeus perfeito de Warren Gatland?

Francisco IsaacJaneiro 15, 20197min0
Será a última vez que Warren Gatland guiará os Dragões Vermelhos nas Seis Nações e a vontade é e dizer adeus com uma vitória na competição. Terão essa oportunidade?

“Hwyl Fawr, Mr. Gatland” é o que os galeses vão dizer após o Mundial 2019, ou seja, “adeus” a um dos seleccionadores de maior categoria que passou pelo País de Gales nos últimos 20 anos. Warren Gatland aterrou em Cardiff em 2007 e nos 11 anos que se seguiram à frente dos galeses foi o maestro da conquista de três Seis Nações (duas delas em Grand Slam), potenciando uma selecção que chegou às meias-finais do Mundial de Rugby em 2011 e que colheu recordes nesta década com o neozelandês.

Contudo, depois de anos de sucessos e conquistas o País de Gales enfrenta uma seca que dura desde 2013, ficando à mercê da Inglaterra e Irlanda, dois dos maiores rivais dos Dragões Vermelhos. Se em 2016 foi arrasador e 2017 na mesma toada, só em 2018 se assistiu uma ligeira melhoria, o que será em 2019? Conseguirá Warren Gatland sair em grande?

Comecemos por ver os 39 convocados para a competição!

SEM FALETAU, COM HALFPENNY A MEIO-GÁS MAS COM BIGGAR EM GRANDE!

Com nota para a lesão de Taulupe Faletau (voltou a partir o braço) estes são os atletas escolhidos:

AVANÇADOS: Rob Evans (pilar), Wyn Jones (pilar), Nicky Smith (pilar), Elliot Dee (pilar), Ryan Elias (talonador), Ken Owens (talonador), Leon Brown (talonador), Tomas Francis (pilar), Samson Lee (pilar), Dillon Lewis (pilar), Jake Ball (2ªlinha), Adam Beard (2ªlinha), Seb Davies (2ªlinha), Cory Hill (2ªlinha), Alun Wyn Jones (2ªlinha), Ross Moriarty (nº8), Josh Navidi (asa), Justin Tipuric (asa) Josh Turnbull (asa), Aaron Wainwright (asa) e Thomas Young (asa)

3/4ºs: Aled Davies (formação), Gareth Davies (formação), Tomos Williams (formação), Gareth Anscombe (abertura), Dan Biggar (abertura), Jarrod Evans (abertura), Rhys Patchell (abertura), Jonathan Davies (centro), Hadleigh Parkes (centro), Owen Watkin (centro), Scott Williams (centro), Josh Adams (ponta), Hallam Amos (ponta/defesa), Steffan Evans (ponta), Leigh Halfpenny (defesa), Jonah Holmes (ponta), George North (ponta), Liam Williams (ponta/defesa)

As únicas ausências notadas são de Taulupe Faletau (nº8) e Rhys Webb (formação), mas que não beliscam a qualidade e a potencialidade galesa de virem a causar estragos na competição. Para preencher a ausência de Faletau, está Ross Moriarty que tem comandado com excelência a partir do lugar de nº8, tendo sido um dos melhores durante os Internacionais de Inverno e será, sem dúvida, uma das referências do XV de Gatland.

Já a não ida de Rhys Webb explica-se pela ida do formação para o RC Toulon, uma saída que levantou problemas com a WRU (federação galesa), ficando completamente de fora das escolhas do seleccionador do País de Gales. Webb conta com 31 internacionalizações, já fez parte dos British and Irish Lions e tem uma genialidade muito própria e diferente que muda com o ritmo de jogo de um segundo para o outro.

Todavia, ao não ter 60 jogos pelos Dragões Vermelhos não pode ser incluído nas escolhas, estando a jogar fora do espaço territorial galês, algo que deixou Warren Gatland minimamente desiludido. Gareth Davies vai assim manter a titularidade e perante o que tem feito nos últimos meses merece esse lugar. O atleta dos Scarlets é um formação clássico, destacando-se pela forma como exige um rendimento alto aos avançados, trabalha também bem com qualquer médio-de-abertura e está sempre com olho em arriscar uma fuga pelo canal mais junto ao ruck.

Passando esses dois “pequenos” problemas, vamos aos nomes fortes deste País de Gales, que em Novembro ganharam todos os jogos (Escócia, África do Sul e Austrália), que tanto garantem experiência e genialidade: Alun Wyn Jones, o mítico segunda-linha de 33 anos, vai continuar a liderar a equipa para mais uma Seis Nações e caso faça os 5 jogos vai entrar no clube de jogadores com mais de 50 jogos na competição. Não tem a mesma velocidade e poder de aceleração, mas a “agressividade”, capacidade de trabalho e a coragem continuam a valer-lhe a titularidade.

Justin Tipuric é outro jogador a ter em atenção, pois é um dos avançados mais dinâmicos na placagem e contra-ruck, estando sempre à espreita de como roubar a oval do poder do adversário, para além de uma capacidade de explosão especial que cria dificuldades sérias à oposição. Com Ross Moriarty como nº8, ainda há Josh Navidi (recuperado de lesão) e Thomas Young.

Na linha de 3/4’s surge Dan Biggar em grande forma o médio-de-abertura que joga ao serviço dos Northampton Saints e está pronto para assumir o lugar de nº10 do País de Gales já nas Seis Nações 2019, apesar de ter sido preterido para o banco em Novembro passado. Biggar é um dos melhores movimentadores de jogo do Hemisfério Norte, munido de um pontapé de elevado acerto e de uma panóplia de qualidades a nível da visão de jogo e handling.

Leigh Halfpenny só deverá jogar a partir do 2º/3º encontro, uma vez que está a contas com uma concussão (outra) que vai forçar a sua ausência durante 5 semanas, entregando a Liam Williams o lugar de defesa, com George North e Steffan Evans como pontas.

Estes são alguns dos nomes que deverão ter em conta para estas Seis Nações 2019, existindo ainda Jonathan Davies, um dos melhores centros do Hemisfério Norte com um poder físico e técnico de elevada categoria.

Em termos de estratégia e de qualidade exibicional o que vai apresentar o País de Gales em 2019?

ENTRE O WARRENBALL (APERFEIÇOADO) E DOMÍNIO TERRITORIAL SUSTENTADO

O País de Gales atravessou um período minimamente conturbado entre 2016 e 2017 em termos de fluidez de jogo, denotando-se pormenores de elevada categoria (avançados a funcionarem muito bem como movimentadores de jogo no elo de ligação entre sectores) mas também uma falta de “pulmão” minimamente preocupante, a somar-se a falta de soluções em momentos críticos dos encontros.

Em 2018 iniciou-se uma pequena revolução no País de Gales, que só consentiu duas derrotas em todo o ano: Irlanda e Inglaterra. Derrotaram praticamente todas as outras, em especial as do Hemisfério Sul como a Austrália, África do Sul e Argentina, onde se notou uma evolução em termos de consistência e capacidade de moer os adversários, arrancando preciosas penalidades para avançar no terreno ou atirar aos postes. Não necessitam de açambarcar a posse de bola na totalidade, conseguindo gerir os tempos de jogo mesmo que não tenha a oval nas suas mãos.

Exemplo disso foi o que aconteceu com os Springboks, com os sul-africanos a terem 57% posse de bola e 55% do domínio do território, para além de terem feito quase mais 100 metros com a oval em sua posse. No final quem saiu por cima foram os galeses, operando um jogo inteligente, sem correr riscos e ir castigando os sul-africanos com pontapés bem colocados para as costas.

Com a bola em sua posse mantinham um mindset de criar fases jogo de forma paciente, sem entrar em loucuras ou em pânico caso o avanço não fosse o melhor, optando por esperar pelo momento oportuno para soltar uma bola rápida numa unidade de ataque ou efectuar o tal pontapé na caixa, forçando um recuo dos seus adversários.

É um jogo sistematicamente irritante para quem está do outro lado e que não consegue fazer a diferença na placagem ou no ruck, ficando “amarrados” a uma selecção que tem uma excelente capacidade de reacção em termos defensivos.

Na soma de todos estes factores, o País de Gales poderá fazer uma surpresa nas Seis Nações, com um elenco bem largo e carregado de boas opções que poderão valer a Warren Gatland mais um troféu numa das maiores provas do Mundo do Rugby.


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