RWC19: o detalhe dos 1/4’s – a emoção das despedidas

Francisco IsaacOutubro 20, 20193min0
Rory Best disse "adeus" ao rugby mundial, Beauden Barrett despediu-se do avô e Christian Lealiifano demonstrou o que é ultrapassar um cancro. A palavra "emoção" no Mundial de Rugby 2019

Um Mundial de qualquer modalidade é sempre recheado de uma carga emocional forte, não só porque há aquele “pormenor” de ter de se garantir o melhor resultado possível, mas porque está a competir-se no evento que é o pináculo do desporto A ou B. Nestes quartos-de-final do Rugby World Cup 2019, tivemos várias despedidas, momentos de agri-doces e sentimentos fortes que marcam uma carreira para todo o sempre.

Escolhemos este detalhe das emoções como o factor comum nos quartos-de-final do Mundial de Rugby

RORY BEST E A DEMONSTRAÇÃO DO FAIR PLAY NO RUGBY

Após 122 jogos e 16 anos de serviço pela Irlanda, o grande e único Rory Best pendura as botas, tendo conseguido conquistar dois Grand Slams das Seis Nações, para além de ter ajudado a selecção do Trevo a atingir o 1º lugar do ranking mundial em 2019. Depois dos “adeus” recentes de Paulo O’Connell, Brian O’Driscoll ou Ronan O’Gara, o talonador era o último representante de uma geração de líderes inesquecíveis.

Rory Best sabia que este Mundial era o seu último capítulo numa história tão bela e espectacular, e que apesar de não ter terminado na conquista do mais desejado troféu desta modalidade, acabou com uma salva de palmas enorme de todos os 50 mil adeptos presentes no estádio. Um guerreiro, um líder, um exemplo, um símbolo e um homem que acima de tudo deu tudo o que tinha para oferecer à Irlanda, merecendo fazer parte de um XV de jogadores-lendas da bola oval.

 

LEALIIFANO E A MAIOR LIÇÃO QUE SE PODE APRENDER NA VIDA

Todos sabem o que foram os últimos quatro anos do Wallaby, Christian Lealiifano… de abertura titular dos Brumbies de Canberra e solução para a posição de nº10 na selecção australiana, para sobrevivente de um cancro (leucemia) que prometia-lhe acabar com a carreira, não fosse a força de vontade total deste homem que recusou a resignar-se e a ficar de fora, mesmo sabendo que teria de começar do zero.

Recuperou, levantou-se, voltou a calçar as botas, emigrou para a Irlanda, mostrou que conseguia jogar e voltou para a Austrália em 2017, caminhando lentamente para a total recuperação. Mas quem apostaria que o abertura conseguiria alguma vez ser incluído na lista dos 31 Wallabies a participar no Rugby World Cup 2019? A verdade é que depois de uma época de excelência ao serviço dos Brumbies, mereceu a chamada para a selecção australiana e vestiu a camisola 10 de uma forma exemplar.

No momento da despedida ao RWC 2019, Christian Lealiifano dirigiu-se às bancadas – como todos os jogadores fazem – e só quis abraçar a pessoa que mais significa para si, numa demonstração clara do que é ultrapassar os maiores obstáculos possíveis e regressar ao seu melhor.

A FORÇA DA FAMÍLIA BARRETT

A perda de um familiar querido marca sempre e para sempre a vida de qualquer um, deixando um sentimento de tristeza pela ausência que essa pessoa vai marcar daí em diante. A família Barrett despediu-se do avô nesta semana passada e nenhum dos irmãos Barrett que estão a alinhar pelos All Blacks neste Campeonato do Mundo, puderam deslocar-se à Nova Zelândia para prestar a última homenagem a uma das maiores forças de inspiração e força.

Beauden Barrett, que foi considerado o Melhor em Campo do encontro frente à Irlanda, foi convidado a proferir algumas palavras e não conseguiu conter a sua tristeza mas também felicidade ao recordar a importância do avô na sua carreira e formação como pessoa. É importante que as pessoas tenham noção de que os atletas profissionais não são “máquinas” (apesar de parecerem-no por vezes) mas sim humano e por vezes não têm a liberdade para pesar a perda de uma pessoa importante da sua vida como a maioria de “nós” conseguimos.


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