O Rugby em Portugal e a sua estratégia de futuro! – Crónica Miguel Portela

Fair PlayDezembro 11, 20194min0

O Rugby em Portugal e a sua estratégia de futuro! – Crónica Miguel Portela

Fair PlayDezembro 11, 20194min0
Qual terá de ser a estratégia do rugby português para garantir um futuro mais positivo? Miguel Portela estreia a sua coluna de opinião com o tema do crescimento da modalidade

O Rugby noutras latitudes é um desporto de valores muito fortes. Por cá a federação também tenta promover isso, os clubes apesar de nem sempre o praticarem também o promovem. No entanto o rugby em Portugal é um desporto de pequenas “quintas” fechadas nas suas “hortas” sempre a verem como prejudicam a do vizinho.

Muitos dos dirigentes do rugby nacional não entendem que devido à pequena dimensão do nosso desporto, somos um desporto frágil e que está sempre em risco.

Esta tabela com informação retirada da “pordata” mostra o número de atletas de várias modalidades num espaço de 21 anos e é interessante ver a evolução da natação e o do voleibol. Em 1996 eram desportos apenas ligeiramente maiores que o rugby e em 2017 já eram 8 vezes maiores.

A solução para o crescimento do rugby na minha opinião é complexa e tem vários níveis.

Muita gente no rugby português acha que a solução para os problemas do rugby nacional passa por uma qualificação para o mundial, que é “santo-graal” do rugby nacional que vai resolver tudo. Eu sinceramente acredito que ajude no entanto da última vez que fomos rendeu um incremento de 38% (1317 atletas), no ano seguinte, e de 60% (2055 atletas) no ciclo de 4 anos até ao mundial seguinte  de atletas praticantes o que é muito bom, No entanto não é com crescimentos médios de 15% anuais de 4 em 4 anos que se vai replicar o crescimento que o voleibol ou da natação tiveram ao longo dos últimos 20 anos.

Mas mesmo que seja esse o plano para crescer o rugby então aí ele é mais funcional quanto mais clubes existam a cobrir o território nacional. E neste momento ainda existem muitas médias cidades em Portugal sem qualquer projecto de Rugby como Viana, Gaia, Matosinhos, Gondomar, Maia, Vila Real, entre outras. E se essas cidades tiverem pelo menos um clube de rugby os efeitos dessa ida ao mundial vão ser muito maiores.

No entanto não me parece que este é o caminho mais efetivo para o rugby realmente crescer basta olhar para o que se passa internacionalmente, se este facto fosse assim tão determinante a nível nacional era interessante comparar o sucesso do Rugby e o Voleibol a nível internacional!

O ranking no Voleibol (Foto: FIVB)

 

Foto: World Rugby

Logo se o sucesso do internacional fosse o detalhe determinante para a grandeza de um desporto em Portugal o Rugby seria bem maior que o Voleibol! Mas não é o caso. Apesar de tudo estes dados mostram a grande qualidade com que se ensina a prática do rugby em Portugal, pois com poucos praticantes o rugby português tem tido muito sucesso tanto sênior como na formação.

Como o sucesso internacional parece não ser o fator determinante para o crescimento e de um desporto alternativo em Portugal. Era interessante estudar o que o voleibol fez e tentar replicar isso. Um dos fatores determinantes é o fato de os professores de educação física percebem muito mais de voleibol que percebem de rugby o que os inibe de ensinar o rugby na escola. A principal solução para o problema do rugby nacional passa muito por aí estar presente nas escolas e colégios de forma consistente tal como o Voleibol Andebol e Basquetebol.

Conseguir que o Rugby seja desporto obrigatório em educação física todos os anos para todos os alunos seria um passo muito mais forte para o crescimento da modalidade que ir ao mundial. Dar cursos acreditados de Rugby a Professores de Educação física poderia ajudar os professores a sentirem-se mais à vontade para ensinar rugby.

O Rugby para crescer tem de deixar de uma vez por todas de ser o desporto que está constantemente a se endividar na raspadinha a ver se sai o jackpot (“Mundial”) e passar a ser o desporto do trabalho e a construção de uma grande pirâmide com alicerces bem fortes para estabilizar-mos no topo da pirámide (“Mundial”). As coisas funcionam sempre melhores se forem feitas a médio e longo prazo que se apostarmos no fácil e imediato.


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