4 Jogadores que podem (ajudar a) decidir o Campeonato Nacional
O CN1 aproxima-se do final, com as meias-finais e final por jogar entre Abril e Maio. Com o AEIS Agronomia-GD Direito e o CF “Os Beleneneses”-GDS Cascais como os jogos de todas as decisões, o Fair Play apresenta 4 jogadores que podem (ajudar, porque não é só um que resolve todo um jogo) a decidir o Campeonato Nacional, seja com ensaios, liderança, pontapés, inteligência ou criatividade.
Os nossos 4 escolhidos… quem é que podia estar ainda nesta lista?
ANTÓNIO CORTES MONTEIRO (AEIS AGRONOMIA)
Como uma flecha, António Monteiro tomou o CN1 de assalto em 2017/2018 com mais de uma dezena (se já não duas) de ensaios numa época em que confirmou o seu papel de finalizador ou agitador na ponta esquerda da Selecção Nacional. É verdade que já tinha sido dos principais jogadores dos “agrónomos” nas duas temporadas anteriores, com vários ensaios, placagens mirambolantes e vários momentos que desafiaram as leis da física.
Verdade pelo outro lado que existe José Rodrigues, o médio-de-abertura com uma das melhores percentagens de conversão de pontapés em Portugal nos últimos anos, que mexe com o jogo de uma forma extraordinária. Todavia, Cortes Monteiro assume um poder de decisão que poucos diriam ao vislumbrar o ponta.
Porquê é que dizemos isto? São vários os adeptos que soltaram as seguintes palavras quando viram António Monteiro dentro de campo; “mas ele é franzino” ou “como é que aguenta contra adversários com um porte físico maior?”.
Para as duas afirmações há uma contra-resposta: 1- o tamanho não mede a capacidade de ser importante numa equipa ou não (pode ajudar, mas não é uma sentença) ou a coragem e técnica que um atleta tem; 2- o problema neste caso não é Cortes Monteiro aguentar, é os adversários aguentarem-no.
Para quem acompanha de perto os jogos da Agronomia (e, nos últimos tempos, a Selecção Nacional) o ponta é um dos melhores placadores em território português, armando cada tentativa de placagem com um extraordinário impacto físico e técnica (que por vezes “desaparece” para dar lugar a um tipo de placagem mais “dura” e menos ortodoxa) que põe os seus alvos a andar para trás ou a cair no chão de forma seca.
A juntar a isto é a sua capacidade para explodir, correr e fugir à defesa, sem que ninguém o consiga apanhar, na maioria das vezes. A passada larga é acompanhada com uma total vontade de partir para cima da linha adversária, revelando-se como uma ameaça para qualquer defesa que fique à espera ou que suba rápido demais. Igualmente bom na recepção dos pontapés altos, é um atleta completo e seguro na maioria dos “departamentos” do jogo.
Na equipa da Tapada da Ajuda ainda podem decidir com preponderância: José Rodrigues (o abertura é um “poço de energia”, com um pontapé 99% das vezes certeiro e um dos melhores “maestros” a montar o jogo), Manuel Cardoso Pinto (o mago da Tapada faz coisas inacreditáveis com a oval) ou Tomás Gonçalves (um asa com 30 e tais anos que continua a exercer toda uma paixão e “agressividade” física quer seja a defender ou atacar)
DUARTE MOREIRA (CF “OS BELENENSES”)
O ponta do Restelo é uma verdadeira força da natureza, munido de um excelente poder físico que é acompanhado de uma técnica de luta no contacto espectacular. Duarte Moreira foi sempre dos melhores jogadores da Selecção Nacional de 7’s, autor de alguns dos melhores ensaios em Campeonatos da Europa ou nos World Series.
Reconhecido sempre como um verdadeiro atleta, em que “engole” metros com a bola na mão, é a personificação em pessoa do espírito do Belenenses: bravura em campo, lealdade para com os seus pares, raçudo e um não desistente mesmo quando a situação não é a melhor e uma vontade de fazer coisas inesperadas nos momentos certos do jogo.
É, desta forma, um verdadeiro azul do Restelo e que fez/faz/vai fazer falta à Selecção Nacional, já que há poucos jogadores com a qualidade de Moreira.
Formado no CF “Os Belenenses”, é um verdadeiro atleta na acepção da palavra e que vale a pena observar algumas características que fazem do português uma “ameaça” para os seus adversários: seguro na recepção dos pontapés, tentando ganhar logo posição para sair rapidamente para o contra-ataque; excelente no contacto, não há dúvida que é um dos melhores a “partir a placagem” (o chamado de tackle bust), afirmando o seu poder físico perante os seus placadores; velocidade não só de “pernas” mas também de leitura de jogo, observando bem qual o melhor canal para atacar, acelerando no momento certo; e um defesa eficiente que não falha placagens, assumindo uma agressividade letal no 1 para 1.
Por estas razões, Duarte Moreira merece ser cotado como um dos melhores jogadores do CN1, que infelizmente não pôde dedicar-se tanto à modalidade nos últimos anos como desejaria, mas está agora em 2018 decidido a agraciar o Belenenses com o título de Campeão Nacional.
Outros jogadores a destacar: Tomás Sequeira (nº8 forte e dominante na placagem, tem sido uma das caras-fortes da avançada dos azuis), Diogo Miranda (o criativo está a fazer uma das suas melhores temporada, liderando com eficiência os seus colegas) ou Joe Pickett (o pilar é uma força da natureza tanto no contacto como na formação-ordenada)
GABRIEL POP (GDS CASCAIS)
O Cascais está novamente nas meias-finais e muito deve à juventude que se tem imposto no plantel de Tomaz Morais. Desde António Vidinha, Nuno Mascarenhas, Duarte e Francisco Costa Campos, Tomás Santa Clara, entre outros são as “caras” deste Dramático que tenta chegar ao título de campeão de Portugal, algo que não acontece desde 1996.
Mas há um nome consensual em termos de factor decisivo nos jogos a doer: Gabriel Pop. O defesa com 20 anos tem assumido o papel de chutar aos postes, de carregar os pontapés, de aparecer na linha de vantagem e ganhar metros, fazendo uso do seu físico (esguio mas alto, com uma forte capacidade de ganhar no contacto corpo-a-corpo) e sendo, deste modo, uma peça fundamental no xadrez da equipa da Linha.
Internacional a nível de formação, o defesa tem dado cartas na sua equipa com ensaios, jogadas de belo efeito (consegue facilmente saltar no ar para chegar a uma bola pontapeada, cair e sair a jogar a uma boa velocidade) e pormenores técnicos que elevam não só o seu jogo mas como o dos seus colegas. Não tem medo de usar o pé para meter a bola longe, perseguindo-a em alta velocidade, conferindo à sua equipa a segurança necessária “lá atrás” como manda a regra.
Placador minimamente fiável, falta-lhe só comandar a defesa na posição de 15 com mais rigor e “agressividade” de modo a que consigam garantir uma “muralha” impenetrável, inteligente e que rapidamente evite possíveis quebras-de-linha dos seus adversários.
“Nascido e Criado” na Galiza/Jaguares, a sua mudança para o Dramático garantiu que conseguisse dar o próximo passo na sua evolução enquanto atleta, ficando agora a faltar mais uns anos até atingir a maturidade ideal para assumir-se como ponta na selecção nacional.
No Cascais tanto o seu jogo ao pé (valeu o acesso à final da Taça e meia-final do Campeonato o ano passado), como a sua postura no contacto ou a sua vontade de rasgar a linha fazem a diferença necessária para mexer com o jogo por completo.
Outros jogadores a destacar no GDS Cascais são: António Vidinha (tanto a centro como a ponta o Lobo dá garantias na placagem e na recuperação de bola, assim como no ataque), Lourenço Ribeiro (o ex-agrónomo chegou a Cascais e conquistou o seu lugar a titular, sendo um dos jogadores mais reconhecidos no Dramático pela sua bravura e manha) ou Nuno Mascarenhas (não são precisas muitas palavras para descrever o talonador português, sendo o perfeito exemplo daquilo que devem ser os jogadores portugueses)
NUNO SOUSA GUEDES (GD DIREITO)
Um dos jogadores mais reconhecidos em Portugal pela sua versatilidade (tanto já jogou a formação, abertura, defesa ou ponta) e capacidade de rasgo, Sousa Guedes (formado no CDUP) é um daqueles jogadores que consegue mudar os ritmos de jogo ao seu gosto.
Tanto consegue encaixar-se num jogo mais frio e de colocação da bola longe fazendo uso do seu bom jogo ao pé, como rapidamente decide inverter a estratégia, agarrando na oval e seguindo a jogar pelo lado do campo que lhe vai render mais “frutos”.
Foi dos poucos jogadores destas novas gerações que galgou vários metros nas World Series, destacando-se em campo pelo seu perigoso side-step ou pela finta de passe, duas “armas” que deixam sempre os seus adversários na dúvida de qual o approach a ter no momento de pressioná-lo.
No GD Direito, Nuno Sousa Guedes tem sido sempre um dos desbloqueadores de jogo, com uma incrível capacidade para encontrar o melhor caminho até ao objectivo final de cada jogada: o ensaio.
Se jogar a abertura, onde não se destaca com tanta facilidade, o português traz criatividade ao jogo, não tendo problemas em assumir o risco de atacar a linha na busca de uma brecha por onde passar. Na posição de 10 fica a ganhar a parte da “magia” em contacto curto, mas perde-se a parte da estratégia ao pé e do surgir solto nas linhas atrasadas. É uma situação de ganho-perda que todos os treinadores gostariam de ter.
Numa época em que o GD Direito atravessou alguns problemas a nível competitivo (ficaram fora cedo da Taça de Portugal e só se apuraram para as meias-finais na última ronda, derrotando o campeão CDUL em casa), é agora o momento para tomar controlo da época com Nuno Sousa Guedes à cabeça. Seja na hora de marcar ou criar ensaios, de meter a bola longe, de irritar defesas ou de arriscar, será da responsabilidade deste em dar outra dimensão ao jogo ofensivo do Direito.
Todavia, se estes últimos jogos não forem resolvidos pelos ensaios, o defesa/abertura/ponta está pronto para desatar o resultado com os pontapés aos postes. É um dos melhores chutadores em Portugal de momento e num dia bom, Sousa Guedes raramente falha.
Outros jogadores a ter em atenção no GD Direito são: Vasco Fragoso Mendes (placador exímio, mete os seus níveis de “agressividade” num ponto alto que podem fazer a diferença em jogos muito renhidos), Pedro Leal (a experiência faz a diferença em jogos decisivos de campeonato e uma das Lendas vivas do rugby português encaixa nesse perfil) e Vasco Uva (último ano do centurião português, do qual o rugby nacional vai sentir muita falta pela sua bravura, coragem e liderança)
As meias-finais do Campeonato Nacional 1 (a antiga Divisão de Honra) realizam-se em finais de Abril, com a AEIS Agronomia a receber o GD Direito (o clássico de Monsanto mais importante dos últimos anos) e o CF “Os Belenenses” a convidar o GDS Cascais para o seu reduto, na reedição da meia-final do ano passado.