Rugby Moments: o overtime que forçou Larkham a um drop inesquecível em 99′

Francisco IsaacMaio 8, 20194min0

Rugby Moments: o overtime que forçou Larkham a um drop inesquecível em 99′

Francisco IsaacMaio 8, 20194min0
Em 1999 a Austrália conquistou um lugar na final do Mundial depois de ir ao prolongamento frente aos Springboks. Aí surgiu Larkham (e Burke) a darem a vitória aos Wallabies. Sabias deste momento?

O Desporto é feito de grandes momentos e o rugby como tal não só não escapa, como consegue dar alguns dos melhores de sempre. Seja pelos famosos Hakas da Nova Zelândia, as vitórias improváveis da Argentina, o Mundial de 1995 da África do Sul, a ida dos Lobos ao Mundial de Rugby, o Fair Play fala aqui alguns dos melhores momentos do Rugby. Ensaios, placagens, hinos, sorrisos, lágrimas e tudo mais!

PARA DESBLOQUEAR A DEFESA BOK APARECEU UMA INVENÇÃO À LARKHAM!

Estamos em 1999, no virar do século, numa altura em que a modalidade está em total ebulição, com o profissionalismo cada vez mais presente na ordem do dia, para além da possibilidade certa de que a Itália vai fazer parte das 5, passando agora a 6 Nações. Ou seja, a exemplo do que se pode vir a acontecer em 2019, o ano de 1999 foi de antecâmara de revolução total para a modalidade, mas antes desse novo Mundo havia um Mundial de Rugby para se jogar.

Os  favoritos são os do costume: Springboks (campeões em título), All Blacks, Wallabies, com a Inglaterra e França a olharem por cima do ombro, vislumbrando-se um Mundial minimamente “quente”, já que é o 1º após o início da era do profissionalismo.

A Austrália calhou num grupo “médio” só com a Irlanda a assumir-se como adversária perigosa, mas facilmente os Wallabies liderados por John Eales e ladeado por jogadores como George Gregan, Chris Latham, Stephen Larkham, Tim Horan, Joe Roff, Matt Burke ou Jeremy Paul e seleccionador por Rod MacQueen ultrapassaram os grupos sem preocupação.

Com um incrível Stephen Larkham (inesquecível aquele médio magrinho munido com um capacete preto, a bater o pé uma e outra vez por entre defesas) a médio-de-abertura, Matt Burke lá atrás como arrier a operar todos os movimentos e George Gregan a comandar toda a estratégia de jogo, os Wallabies mostravam-se melhores do que nunca com um rugby atractivo, pulsante e motivador (todas as equipas ainda hoje em dia têm um movimento chamado “Gregan” em honra de uma jogada que esta Austrália possuía).

Nos quartos-de-final facilmente derrotaram o País de Gales e seguia-se os campeões em título, os Springboks de Nick Mallett. A África do Sul só tinha atletas como Robbie Fleck, Brendan Venter, Percy Montgomery, Joost van der Westhuizen, Rassie Erasmus (sim, o actual seleccionador dos ‘boks), Bobby Sknistad, Andre Venter, Os du Randt, todos grandes nomes e lendas actuais desta selecção.

Jogo durinho à espera dos australianos que iriam sofrer o seu 1º encontro complicado na prova, enquanto que a África do Sul tinha destruído a Inglaterra com um 44-21.

Na meia-final, ambos os lados encaixaram-se perfeitamente e foi a taco-e-taco até ao final dos 80 minutos com os sul-africanos a salvarem-se com um pontapé de penalidade convertido por Jannie de Beer para ficar em 18 pontos iguais… prolongamento, mais 20 minutos de sofrimento para qualquer um dos lados, cada vez mais cansados e enlameados.

Ao fim de 10 minutos de overtime, continuava o impasse, mas agora com mais 3 pontos para cada lado e é então que aparece Stephen Larkham. A 6 minutos do final do encontro, o médio de abertura recebe uma bola no meio-campo e… simplesmente chuta. Deixa a bola bater no chão, espera pelo ressalto (tudo numa questão de milissegundos) e dá um toque com tal força que a oval percorre mais de 60 metros (ela cai já fora dos postes).

3 pontos, 24-21 e a África do Sul fica desesperada com este momento de jogo procurando agora o empate quando faltava menos de 5 minutos para terminar o prolongamento. Contudo, seriam os Wallabies a meter mais três pontos desta vez por Matt Burke fechando com o jogo por completo.

O momento de Larkham marcou este Mundial de 1999 de tal forma que os Wallabies não pararam até conquistar o 2º título de campeão mundial, numa final fácil ante a França. Um drop mágico que simbolizou todas as melhores qualidades dos australianos nesta prova: astúcia, intensidade, magia, querer e audácia.

Será que Jonny Wilkinson aprendeu com Larkham para depois em 2003 repetir o movimento e estragar o sonho do bicampeonato consecutivo aos Wallabies?


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