O Rugby Championship 2018: quem vai dominar o Hemisfério Sul? pt2

Francisco IsaacAgosto 8, 20187min0

O Rugby Championship 2018: quem vai dominar o Hemisfério Sul? pt2

Francisco IsaacAgosto 8, 20187min0
Aí vem a maior batalha pelo poder no Hemisfério Sul: Nova Zelândia, África do Sul, Austrália e Argentina lutam pelo domínio no Rugby Championship 2018! Quem vai ganhar?

O Super Rugby já fechou o dossier 2018 e depois de vários jogos de alto nível entre franquias do Hemisfério Sul, agora dá-se lugar ao Rugby Championship, a competição que mete All Blacks, Wallabies, Springboks e Pumas frente a frente.

Os neozelandeses são bicampeões, se considerarmos o RC de 2015, pois na altura o formato foi só a uma volta devido ao Mundial de Rugby que os kiwis viriam a ganhar em Inglaterra. Se não considerarmos as edições que são em formato mais “curto”, os All Blacks são campeões há 5 anos de forma consecutiva.

Mas será que 2018 marcará o fim da hegemonia neozelandesa na competição? Façamos uma breve leitura e análise a cada uma das concorrentes para perceber os pontos fortes e fracos de cada uma.

O calendário é o seguinte (com horas portuguesas e podem ver no vipbox.nu ou batmanstream.com):

18 de Agosto

Austrália-Nova Zelândia (11h05)

África do Sul-Argentina (16h05)

25 de Agosto

Nova Zelândia-Austrália (08h35)

Argentina-África do Sul (20h10)

8 de Setembro

Nova Zelândia-Argentina (00h00)

Austrália-África do Sul (11h05)

15 de Setembro

Nova Zelândia-África do Sul (08h35)

Austrália-Argentina (11h05)

29 de Setembro

África do Sul-Austrália (16h05)

Argentina-Nova Zelândia (23h40)

6 de Outubro

África do Sul-Nova Zelândia (16h05)

Argentina-Austrália (23h40)

A parte 2 do artigo sai quinta-feira!

UMA NOVA ERA COM ERASMUS?

A África do Sul vem com tudo para o Rugby Championship 2018, depois de terem derrotado a Inglaterra nas Series de Junho com um novo timoneiro à frente dos temíveis Springboks: Rassie Erasmus. Um treinador que andou muito tempo pelo Hemisfério Norte, mas que a partir de Janeiro assumiu uma “cadeira” que muitos recusaram devido aos diversos problemas que o país do arco-iris padece.

Olhando para 2018, Erasmus operou já algumas mudanças tanto nos convocados como na forma de jogar e estes ‘boks bem precisavam de uma reformulação interna e de uma novo acreditar nas suas capacidades. Muito do futuro dos sul-africanos vai passar por isso mesmo: acreditar de novo que podem ombrear com a Nova Zelândia pelo domínio a nível Mundial.

Erasmus reedificou os avançados dos Springboks, que nos últimos dois anos apresentavam níveis de agressividade máxima, com boas placagens, duros no ruck e contra-ruck, na subida aos pontapés para fazer pressão, na luta pelos alinhamentos, mas que se desgastavam com facilidade e entrava num vórtice negativo sempre que o jogo lhes corria da pior forma. Quando surgia um percalço, toda a lógica de jogo se desmoronava e ninguém conseguia reverter esta situação.

Não ajudou também que em três anos tiveram quatro capitães diferentes, devido a uma reforma antecipada (Adriaan Strauss) ou lesões constantes (Warren Whiteley e Eben Etzebeth), com Siya Kolisi a receber a maior das honras em 2018. Na verdade, há males que vêm por bem pois o asa dos Stormers tem sido um atleta enorme dentro de campo, inesgotável na defesa, um trabalhador nato no breakdown, um líder total na formação-ordenada e um apoiante ao portador de bola de classe mundial.

É em Kolisi que muito da confiança dos Springboks começou a voltar, com os seus colegas a capacitarem-se que tinham de fazer bem mais e melhor, agigantando-se nos últimos meses. Com o regresso de Eben Etzebeth e Warren Whiteley, os sul-africanos passam a ter uma equipa total e que está pronta para o desafio das outras três congéneres.

Mas quem está mais nos convocados? Handré Pollard (o super-abertura quer voltar a confirmar o seu papel como manobrador de jogo), Willie Le Roux, Damian Willemse (estreia para o jovem camisola 10), Faf de Klerk (depois das exibições fantásticas em Junho não podia faltar!), Franco Mostert, Malcolm Marx (o melhor jogador sul-africano no Super Rugby), Jean Luc du Preez, entre outros!

Vai ter que ser através de um domínio nas fases curtas, nos alinhamentos e mauls, na imprevisibilidade de Faf de Klerk, na saida rápida comandada por Pollard e executada por jogadores como Marx ou Whiteley que os Springboks podem chegar ao título do Rugby Championship.

O XV que pode alinhar nos primeiros jogos (depois poderá ser ligeiramente alterado): Francois Louw, Malcolm Marx, Tendai Mtawarira, Franco Mostert, Eben Etzebeth, Siya Kolisi, Jean Luc-Du Preez e Warren Whiteley; Faf de Klerk e Handre Pollard; Jesse Kriel e Lukhanyo Am; Aphiwe Dyantyi, Makazole Mapimpi e Willie Le Roux.

Podem ver toda a convocatória aqui: Convocados Springboks

LADESMA SIGNIFICA SUCESSO EM ARGENTINO?

Nova era para os Pumas, com a saída definitiva de Daniel Hourcade e a subida de Mario Ledesma ao cargo de seleccionador da Argentina. Hourcade perdeu a atenção e interesse dos seus jogadores, com o último ano de resultados a serem completamente humilhantes em alguns jogos, como aconteceu em Junho frente à Escócia e País de Gales. É um recomeço para uma selecção que precisa de ganhar a sua auto-estima.

Os Jaguares no Super Rugby foram fenomenais, atingindo pela primeira vez a fase final, sucumbindo frente aos Jaguares. Jogaram bastante bem, onde um ritmo de jogo foi acompanhado de consistência, seriedade e um trabalho cuidado nos rucks, alinhamentos, formações ordenadas. Com Ledesma deram outra importância à oval tratando-a como o bem mais precioso… as penalidades no chão por bola presa desapareceram quase por completo, um passo certo na evolução da franquia.

Mais importante que esses detalhes todos, foi o facto dos argentinos terem reduzido para menos de metade os cartões amarelos/vermelhos ou faltas por protestos ou comportamentos anti-desportivos. Ledesma explicou bem que quando chegou, havia uma ânsia e um nervosismo total que toldavam o juízo da equipa em momentos importantes dos jogos e alterar esse comportamento foi fundamental para o sucesso da equipa.

Mas se este é um artigo para falar da Argentina, porque é que estamos a perder tempo com os Jaguares? Bem, tudo o que Ledesma fez na franquia do Super Rugby vai repetir nos Pumas e a lógica está correcta, até porque pode ser um sistema muito útil numa equipa que muitas vezes foi irresponsável na forma como lidava com a oval, na placagem e na aproximação à defesa adversária.

Ledesma tirou mesmo a limitação que Hourcade tinha imposto na Argentina: jogadores a alinhar fora das Pampas, não podiam até agora jogar pelos Pumas. Agora, voltam a estar todos elegíveis e para este Rugby Championship pode ser que Isa, Imhoff, Cordero já possam vir jogar pela selecção, algo que não foi possível desde 2016.

Para já, a convocatória tem sete novos nomes: Lucas Favre, Marco Ciccioli, Diego Fortuny, Santiago Grondona, Franco Molina e Mayco Vivas. Com Matias Alemanno, Agustin Creevy, Marcos Kremer, Juan Leguizamon, Pablo Matera, Tomas Cubelli, Bautista Delguy (jogador de enorme categoria que cresce a cada jogo), Matias Moroni e Nicolas Sanchez como alguns dos melhores jogadores desta formação, Ledesma tem tudo para assustar os seus rivais do RC.

E quem vai começar no XV? Propomos esta equipa: Nahuel Chaparro, Agustin Creevy, Santiago Botta, Marcos Kremer, Matias Alemanno; Javier Desio, Pablo Matera e Leonardo Senatore; Martin Landajo e Nicolas Sanchez; Jeronimo de la Fuente e Matias Orlando; Matias Moroni, Bautista Delguy e Emiliano Boffelli.

Podem ver toda a convocatória aqui: Convocados Pumas


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