Jaguares fazem História na Nova Zelândia – Ronda 11 Super Rugby 2018

Francisco IsaacAbril 28, 20188min0

Jaguares fazem História na Nova Zelândia – Ronda 11 Super Rugby 2018

Francisco IsaacAbril 28, 20188min0
A ronda 11 do Super Rugby teve algumas surpresas mas houve uma que foi especial! Os Jaguares fazem História ao vencer na Nova Zelândia pela 1ª vez na sua História

A NOVA ZELÂNDIA: SUPER NOS JOGADORES, MEDÍOCRE NOS ÁRBITROS

Primeira nota antes de começarmos: não é um ataque à arbitragem, mas sim à inconsistência e diferentes leituras que os vários árbitros do Super Rugby têm tido nesta época. Neste fim-de-semana em específico, os árbitros neozelandeses estiveram vários furos abaixo do que se exige numa competição destas.

No jogo entre Hurricanes e Sunwolves (vitória para os neozelandeses por 43-15), Jamie Nutbrown esteve francamente mal na leitura de várias áreas do jogo. Seja a disputa nos rucks ou a sua “limpeza” (tirou um ensaio a Vince Aso por suposta falta de Ardie Savea num ruck, que não faz nada de mais na sua acção para tirar Labuschagne da disputa), as placagens (os Sunwolves mais uma vez apostaram em fazer algumas placagens fora do tempo não penalizadas), os alinhamentos ou formações ordenadas, existiram uma série de erros preocupantes por parte do ex-jogador kiwi.

Mas o grande problema residiu na forma como o vídeo-árbitro, Ben Skeen, interferiu no jogo, efectuando várias intervenções (a maioria bem, outras nem tanto) com uma interpretação da lei demasiada extremizada. Chris Boyd, treinador dos Hurricanes disse no final do encontro que,

“Se observarmos o jogo, vamos notar que o árbitro teve um papel significativo na forma como o encontro foi se desenrolando. Para mim, devia ser o jogo a controlar o árbitro e a ditar os timings, do que ao contrário… mas isto é apenas a minha opinião.”.

O jogo acabou por ser demasiado mastigado, exageradamente arbitrado (o juiz de jogo assinalou uma panóplia de faltas, excepto os constantes mergulhos dos Sunwolves no ruck), perdendo qualidade. Pior que tudo, Nutbrown pareceu ser um arbitrado “assustado” e que necessitava do apoio constante do vídeo-árbitro.

No mesmo dia, mas na África do Sul, Ben O’Keeffe apitou o Stormers-Rebels, com a equipa da Cidade do Cabo a sair vitoria por 34-18. Contudo, O’Keeffe tem um par de decisões que mudaram as dinâmicas de jogo, castigando os australianos com algumas faltas estranhas (conseguiu transformar um fora-de-jogo sul-africano, numa falta por obstrução de um dos jogadores dos Rebels) ou decisões de passes para a frente de forma errada.

Nos Blues-Jaguares, Paul Williams foi o “juiz”, num jogo em que foi visível que não esteve à altura de duas equipas difíceis de “orientar”. Os Blues foram penalizados em excesso na formação-ordenada (3 das 6 faltas assinaladas contra os neozelandeses na FO eram ao contrário), no breakdown ou na saída para o ataque (nos últimos 10 minutos, fruto do nervosismo, os Jaguares estavam quase sempre em fora-de-jogo, nunca penalizado). Os Jaguares podem queixar-se de algumas más interpretações no breakdown, também.

Ao todo, dos quatro árbitros neozelandeses deste fim-de-semana, dois estiveram numa categoria “fraca”, outro em “medíocre” e só Glenn Jackson saiu com uma nota bastante positiva. Talvez é hora de repensar em que árbitros está a Federação neozelandesa a formar, assim como a World Rugby.

JAGUARES: O DIA EM QUE FOI CUMPRIDO UM SONHO

Ora se em 2016 ficaram num dos últimos lugar do Super Rugby e em 2017 melhoraram mas ainda ficaram longe dos playoff, 2018 pode ser o ano em que a franquia da Argentina dá o salto para a fase-final da maior prova de clubes a nível mundial! Uma vitória saborosa contra os tristes Blues de Tana Umaga por 20-13.

No geral foi um encontro de rugby mal jogado, com as duas equipas a cometerem 30 erros próprios, 24 penalidades e uma série de outros apontamentos negativos. Foi o jogo com menos metros conquistados (apenas 398 no total) e com menos quebras-de-linha (4). Ou seja, uma disputa medíocre entre duas equipas que estavam em situações diferentes.

O cenário pré-jogo era este: os Jaguares vinham de duas vitórias consecutivas (Rebels e Brumbies) e os Blues só tinham somado duas vitórias em 9 possíveis. Ambas têm apresentando um rugby com um misto de velocidade e explosão com erros infantis e uma leitura fraca dos acontecimentos.

Ora, em Auckland, capital do rugby neozelandês, os argentinos evitaram ao máximo fazer erros e entrar em despiques, deixando essa parte para os Blues (Akira Ioane passou mais tempo a afastar adversários e a arranjar conflitos do que a jogar rugby), assumindo o favoritismo logo a abrir a segunda parte.

Creevy, Boffelli, Fuente ou Kremer foram os líderes de uma equipa extremamente moralizada e que foi destruindo a formação-ordenada dos Blues (ganharam 5 das 9 FO dos da casa, para além de terem conquistado 6 penalidades) ou tornando inoperante as movimentações das linhas atrasadas dos neozelandeses.

De nada valeu a insistência de Rieko Ioane (já jogou a 12, 13 e 11 em 9 jogos, algo que não ajuda à revelação de 2017) ou de Matt Duffie, pois o apoio prestado ao portador da oval foi sempre fraco (excelentes os Jaguares no breakdown), perdendo a posse da bola por diversas ocasiões.

Os argentinos foram pacientes, foram trabalhando, abrindo espaços e no momento certo deram as estocadas necessárias para garantir uma vitória histórica em terras neozelandesas… nunca antes a Argentina tinha ganho contra uma equipa ou selecção em terras de All Blacks e esta vitória ante os Blues deve servir de inspiração para os próximos jogos.

UM ESPINHO (THORN) VERMELHO NA PATA DOS LIONS

Se na semana passada os Lions tinham derrotado os Waratahs por 29-00, humilhando por completo uma das melhores formações australianas, nesta semana tropeçaram, e de que maneira, ante os Reds de Queensland!

A equipa de Brad Thorn fez uma primeira parte genial, com 24 pontos marcados contra nenhum sofrido, fruto de uma excelente prestação da sua avançada que foi mortífera nas fases curtas ou nos mauls. Caleb Timu, o nº8 de serviço da equipa da casa, somou dois ensaios, um deles numa intercepção muito fácil após uma passe lento de Dillon Smith.

Para além do 8, George Smith voltou à titularidade com vontade de demonstrar toda a sua experiência, tendo sido importante não só pelo ensaio mas pelas 10 placagens e dois turnovers que foi responsável por. Foi sempre um “castigo” para Jantjies, caçando o médio-de-abertura com eficácia impedindo que os Lions produzissem manobras mais fluídas.

O bloco dos oito avançados foi “agressivo”, muito duro na placagem, inteligentes na forma como saíam a jogar e sólidos nas fases estáticas, fugindo aos erros nocivos que tiraram espaço de manobra à franquia de Queensland nas últimas rondas.

Os Lions não estavam à espera de uma avançada tão aguerrida e séria, comprometendo o jogo no breakdown ou na forma como iam ao contacto perdendo o controlo da oval (10 avants são um sinal de alerta para Swys de Bruin) com Tambwe a ser um dos piores neste capítulo (o ponta rubricou uma exibição desastrosa).

Os Reds voltam a entrar na disputa por um lugar na fase-final com 8 jogos pela frente! Será que Brad Thorn fará algo que não o conseguem desde 2013!

O IMPACTO DOS SUPLENTES: MATAELE E CROCKETT

Crusaders começaram a sua dupla saída na Austrália com uma boa vitória frente aos Brumbies, que continuam a marcar passo neste Super Rugby. Os campeões em título derrotaram os australianos por 21-08, num jogo que teve poucos ensaios, muitas placagens, três amarelos (os neozelandeses chegaram a estar a jogar com menos dois durante 8 minutos) e com dois super-suplentes: Wyatt Crockett e Manasa Mataele.

O pilar e ponta entraram a “matar”: Wyatt Crockett deu outra dimensão e capacidade à formação-ordenada, conquistando o “troféu” do melhor placador de todo jogo com 14 placagens (entrou aos 8′ por lesão de Tim Perry); por sua vez, Mataele substitui Israel Dagg que sofreu uma contusão, resultado de uma placagem alta e dura por Chance Peni. O fijiano pegou na oval e fez dois ensaios no espaço de 5 minutos, destoando o encontro numa altura complicada.

Mas a influência de Mataele vai bem para além dos ensaios, com o ponta a somar 80 metros (lembrar que só entrou aos 20 minutos de jogo), tendo batido/fintado 9 adversários com duas quebras-de-linha (ambas resultaram em ensaios) que tiraram alguma monotonia deste duelo entre Brumbies-Crusaders.

A formação de Christchurch continua com algumas baixas de relevo, caso de Moody ou Mo’unga, mas o excelente elenco que Scott Robertson tem, garante a estabilidade necessária para que a equipa mantenha o mesmo “timbre” e qualidade técnica/física.

Vejam o caso de Mike Delany, que aos 35 anos regressou a “casa” depois de vários anos na Europa, e tem feito excelentes exibições na posição de abertura sendo ele a 3ª escolha para a camisola 10. Mas será que basta o nível exibicional actual para chegar ao bicampeonato?


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