O Caminho para o Europeu de Sub-20: quem são os “novos” Lobos?

Francisco IsaacFevereiro 28, 201812min0

O Caminho para o Europeu de Sub-20: quem são os “novos” Lobos?

Francisco IsaacFevereiro 28, 201812min0
O Europeu de sub-20 está a pouco mais de um mês e uns dias e o Fair Play foi descobrir quem são os nossos representantes!

Faz quase um ano em que Portugal conquistou o Campeonato da Europa de sub-20 na Roménia, um dos momentos mais altos dos últimos anos do rugby português (ao nível da conquista do Europeu de sub-20 em 2012, o bronze dos sub-18 em Lisboa em 2016, o empate frente à Nova Zelândia nos 7’s, o vice-campeonato no Mundial de Rugby no Uruguai em 2017, entre outros), e que encheu de orgulho os adeptos da modalidade em Portugal.

Mas a vitória num ano significa que termina a participação de uma geração de jogadores neste escalão, colocando uma nova pressão nos que agora são “obrigados” a substituir os seus colegas. Com as saídas de Vasco Ribeiro, José Luís Cabral, Manuel Picão, Jorge Abecassis, João Bernardo Melo e António Vidinha (entre outros) abre-se agora espaço para novos nomes neste escalão.

E quem são as novas caras a surgir nas listas de convocados de Luís Pissarra, seleccionador Nacional de sub-20 que prolongou o seu vínculo com este grupo de trabalho? E quem foram os atletas que se mantiveram? Vamos apurar todos estes pontos e factos, lembrando que as gerações actuais nos sub-20 são os jogadores nascidos entre 1998 e 1999.

OS NOMES PARA 2018

Dos que ficaram destacamos alguns nomes como: Martim Cardoso, Duarte Azevedo, José A. Sarmento, João F. Vital, Gonçalo Santos, Manuel Peleteiro, José Pimentel, Duarte C. Campos, Francisco C. Campos. Estes são alguns dos jogadores que transitaram da convocatória do Europeu de 2017 para o jogo realizado frente à Espanha em Fevereiro de 2018.

Ressalva para o facto de Manuel Cardoso Pinto e Nuno Mascarenhas, estarem disponíveis para jogar nos sub-20 (geração de 98), não constando nas fichas de jogo com os jogos frente à Holanda e Espanha devido ao facto de terem jogado pela selecção Nacional principal.

Ou seja, poucos foram os jogadores do ano passado que se mantiveram para 2018 e esse facto vai “obrigar” (no bom sentido) à equipa técnica nacional aprimorar e preparar uma nova equipa para voltar a lutar pelas honras mais altas do Europeu de sub-20 em 2018, que se irá realizar na região do centro (Coimbra-Lousã).

Os novos convocados provêm tanto dos anos de 98 como 99 e vamos ficar a saber quem são alguns destes novos potenciais convocados para o Europeu, que decorrerá entre 7 e 15 de Abril.

Da selecção de sub-18 (ainda comandada pelo Professor Rui Carvoeira e Francisco Branco) saltaram para o escalão seguinte: Rodrigo Marta, Vasco Morais, Manuel Nunes (lesionado de momento, o ex-capitão dos sub-18), José Roque (um dos asas com mais futuro do rugby português ao bom estilo da escola de Montemor), Manuel Giões, Manuel Barros (continua a crescer e no caminho de se afirmar como um saltador de qualidade o jovem do GDS Cascais), Frederico Simões, Francisco Afra Rosa, David Costa, Duarte Matos e António Cunha.

Dos de 1998, que não foram seleccionados para o Europeu ou Mundial, voltaram a entrar nas contas João Lima, João F. Lima, Manuel Dias, Vasco Azevedo, Tomás Lamboglia, Sebastião Silva, Miguel Rosa (atleta do Técnico assumiu a posição de defesa, sendo um bom substituto de Manuel C. Pinto), Rodrigo Bento, que agora têm nova oportunidade para fazer parte do elenco a ser convocado para o Campeonato da Europa.

No meio ainda há os que não foram convocados para o Europeu de sub-18, mas que estão prontos para conquistar um lugar nos convocados de Luís Pissarra: Simão Van Zeller (o ex-Cascais está a jogar em Inglaterra, como é o caso de David Costa ex-GD Direito), Márcio Pinheiro, José Pedro Gouveia e António Puerta.

Este é, para já, o núcleo duro da equipa técnica comandada por Luís Pissarra, com um elenco bem alargado que será diminuído semana após semana até chegar a hora de divulgar a convocatória final. Pormenor importante é ver que 97% destes atletas passaram pelos sub-18 como internacionais desse escalão, o que pode ajudar a explicar uma parte do sucesso destas escalões de formação.

Foto: Luís Cabelo Fotografia

DESTAQUES

JOSÉ ALEXANDRE SARMENTO (CDUP)

O talonador tem sido dos grandes destaques do CDUP, aliando à força e técnica na formação ordenada, o trabalho físico duro e o batalhar por cada fase dinâmica curta. É um talonador diferente do que é Nuno Mascarenhas, mas tem outras armas para ser bem sucedido na selecção nacional. É um trabalhador nato, raçudo nas formações ordenadas e está sempre pronto para mais um sacrifício em prol da equipa.

Os jogos a nível sénior têm-lhe proporcionado um desenvolvimento bastante importante naquilo que será um Campeonato da Europa exigente para os avançados portugueses e José Sarmento tem de ser um dos destaques da equipa portuguesa.

DIOGO CARDOSO (CDUL)

Mágico, fantasista ou criativo são alguns dos adjectivos que facilmente podem ajudar a definir Diogo Cardoso, o ponta/defesa do CDUL. Seja com as mãos ou pés, o jogador tem um estilo próprio que deixa os seus opositores colados ao chão. O tamanho pode parecer, num primeiro olhar, um problema para a posição que assume em campo, mas acreditem que é dos jogadores mais dotados tecnicamente em Portugal.

A velocidade e a mestria com que ataca a linha de vantagem podem fazer a diferença no Europeu, já que as selecções mais a leste têm problemas com trocas de velocidade e manobras rápidas na defesa.

DUARTE COSTA CAMPOS (GDS CASCAIS)

Uma força da natureza, o nº8 que pode também jogar a asa se houver essa necessidade, Duarte C. Campos é um dos jogadores mais talentosos da sua geração, munido de uma força de impacto de boa qualidade, para além de não negar a fazer uma nova entrada (mesmo que ainda esteja a recuperar da anterior) ou de ter que efectuar três ou quatro placagens num espaço curto de tempo.

Foi um dos “desbloqueadores” de jogo para Portugal no Mundial de Rugby sub-20 “B”, trabalhando bem no contacto, esmerando-se na defesa com uma série de boas placagens ou de apoios de grande qualidade. Para além disso, é muito complicado batê-lo na luta pelo ruck, revelando-se autoritário e determinado no breakdown.

Duarte Costa Campos Foto: Luís Cabelo Fotografia

ENTREVISTAS

O Fair Play entrevistou três membros da selecção sub-20 para percebermos melhor como tem decorrido o trabalho e quais os objectivos até Abril. Luís Pissarra (Seleccionador Nacional), João Lima (AEIS Agronomia que pode jogar a Abertura, Defesa ou Centro) e Tomás Lamboglia (o abertura do Caldas RC tem sido uma das surpresas dos últimos dois jogos da selecção) foram os escolhidos.

LUIS PISSARRA (SELECCIONADOR NACIONAL SUB-20)

Luís Pissarra, a preparação para o Campeonato da Europa continua a bom ritmo com duas vitórias em dois jogos amigáveis… os teus jogadores estão a trabalhar bem? Quais são os pontos forte desta nova confluência de gerações?

Como dizes, são jogos de treino e as vitórias só contam para o nosso orgulho e moral porque o que interessa é o objectivo maior no CE. A equipa está muito bem e focada no que interessa, preparar a próxima competição.  O que nos deixa muito contentes é a vontade que todo o grupo tem, os que são convocados para cada jogo, bem como os que ficam de fora e mesmo outros atletas que pedem e nos procuram para ser integrados e poder treinar com este grupo!!

Sentimos, como grupo, que há prazer em estar incluídos e viver este ambiente de preparação para uma grande competição onde temos aspirações legítimas. Se toda a gente dizia que a geração anterior era especial, esta não lhe fica mesmo atrás….. a facilidade com que os mais velhos (que transitam do ano passado) integraram os novos jogadores, bem como a vontade em perceber a nossa filosofia que têm demonstrado já revela que estamos a formar o mais importante…. um grupo coeso!

No campo estão a mostrar as suas características peculiares que passam muito por velocidade no jogo e defesa coesa!

Quais é que têm sido as tuas principais preocupações? E os atletas estão a corresponder às exigências da selecção?

A grande preocupação tem a ver com não provocar grandes sobrecargas aos atletas mas ao mesmo tempo a necessidade de montar o nosso sistema de jogo. Não é fácil para um jogador estar habituado a um estilo/filosofia de jogo no clube e ter, muitas vezes, alterações, num curto espaço de tempo, quando está no ambiente de selecção com alguns princípios diferentes.

O mais importante é os jogadores perceberem o que se pretende, no geral, bem como em cada situação do terreno com alguma clareza. Os atletas têm compreendido, na generalidade, o que se pretende do sistema de jogo e filosofia que estamos a transmitir e tenho a certeza que se estão a divertir com este tipo de jogo o que ajuda muito na compreensão.

O que se segue na preparação até ao Europeu? Vão colocar ainda mais pressão ao grupo de trabalho

Vamos ter um mês de Março muito “light” porque vai haver muita competição doméstica e não seria justo para os atletas nem para os clubes estar a provocar mais desgaste físico e mental.  Vamos encontrarmos-nos em 3 quartas feiras para manter o contacto apenas e aferir algumas situações.

Vamos estar muito juntos e focados na semana que antecede o CE.

JOÃO LIMA (AEIS AGRONOMIA)

João, como foram os jogos com a Holanda e Espanha? Sentes que este grupo tem credenciais para ir para lá do limite?

Os jogos com a Holanda e a Espanha foram bastante importantes para nos começarmos a conhecer como grupo, assim como para testarmos o modelo de jogo que pretendemos implementar, tendo havido uma grande evolução do primeiro para o segundo jogo, atendendo a que a Espanha é uma seleção substancialmente mais forte. Ir além do limite depende um pouco daquilo que se defina como limite, acho que esta seleção tem qualidade para atingir os objetivos a que nos propusemos como grupo.

O facto da grande maioria dos convocados jogar nos campeonatos séniores dá outra consistência? E quais são as vossas melhores qualidades?                                                            

Como é evidente, a experiência de jogarmos regularmente no campeonato nacional dá-nos outra bagagem para estes confrontos de Sub-20, tal como já tinha verificado no ano passado. Na minha opinião, as nossas melhores qualidades são a velocidade que conseguimos pôr no jogo e uma defesa agressiva, que ainda estamos a limar.

O que esperas nas próximas semanas de treino? Estão prontos para subir nas exigências da equipa técnica em termos de treino e pressão?

Das próximas semanas de treino espero poder intensificar o trabalho físico e, igualmente, garantir uma posição confortável no clube para que joguemos a meia-final do Campeonato em casa. Acho que se não estivéssemos prontos para isso, mais valia não estarmos sequer a treinar, as semanas que se avizinham vão ser duras e cada um de nós vai ter de se levar ao limite para garantir o lugar na equipa que vai disputar o Europeu em Abril

TOMÁS LAMBOGLIA (CALDAS RC)

Tomás, tem sido uma luta muito difícil para garantir um lugar nos convocados da selecção? Como te sentiste nos jogos com a Holanda e Espanha?

Sem duvida que tem sido muito difícil garantir um lugar nos convocados, temos um plantel bastante grande onde há jogadores de muito bom nível, com quem eu tenho um prazer enorme de jogar. Estava um pouco nervoso e receoso no início dos dois jogos, mas com o decorrer do encontro os nervos vão desaparecendo e a vontade de mostrar o que valho é cada vez maior.

O trabalho exigente na selecção nacional tem sido bom para vocês? Estão à espera de ir até ao limite na preparação?

Acho que este trabalho intensivo tem sido muito bom, não só para melhorar a qualidade do nosso rugby mas também para formar um grupo de jogadores e amigos com vontade de ajudar. Os nossos treinadores têm sido 5 estrelas e têm-nos ajudado em tudo o que precisamos. Acho que o grupo está unido, com vontade de ir ao limite, evoluir e chegar ao tão desejado destino, o campeonato do mundo.

O jogador a titular no CN2 pelo Caldas tem-te proporcionado a forma ideal para seres titular na Selecção?

Não é fácil sendo jogador do CN2 chegar às seleções. São dois níveis de rugby diferentes, e jogados de maneiras muito distintas. Adoro jogar no caldas, poder partilhar o campo com a minha segunda família e sentir que remamos todos para o mesmo lado em sentido de uma vitória são coisas que não trocaria por nada. E até agora tenho conseguido conciliar bem as duas coisas.

A selecção continua a preparação para o Campeonato da Europa que realizar-se-à entre os dias 7 e 15 de Abril na Região do Centro. O Fair Play fará acompanhamento das convocatórias com novas entrevistas, análises dando a conhecer alguns dos nomes envolvidos nos trabalhos da selecção.

Foto: Luís Pissarra

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