Portugal nas 1/2s com sofrimento – o “maul” do Europeu de sub-18

Francisco IsaacNovembro 11, 20235min0

Portugal nas 1/2s com sofrimento – o “maul” do Europeu de sub-18

Francisco IsaacNovembro 11, 20235min0
Francisco Isaac traz a análise do Portugal-Roménia que garantiu uma ida às meias-finais para as cores nacionais neste Europeu de sub-18

Os “Lobos” sub-18 começaram o Rugby Europe Championship com uma vitória que lhes permite chegar à meia-final da competição, mas com uma exibição medíocre e que revelou erros incomuns em comparação com as duas temporadas anteriores. A análise ao que se passou em Markéta na Chéquia neste primeiro jogo do Europeu de sub-18.

MVP: MANUEL MAGRIÇO (TALONADOR)

À excepção dos últimos dez minutos, o talonador português foi capaz de ter um desempenho muito interessante e que não se parabeniza só pelos dois ensaios marcados, mas também pelo bom trabalho nas fases-estáticas e no jogo sem bola.

Manuel Magriço trabalhou bem na maior parte dos alinhamentos, soube comandar o maul, teve influência em alguns bons momentos da formação-ordenada e a nível de placagem esteve no patamar que se espera de um jogador português dos sub-18.

Indo só rapidamente aos dois ensaios, a inteligência e velocidade ao sair rápido do maul aproveitando o impulso deste “sistema” para ludibriar a defesa foi um sinal positivo e que pode ser importante para o encontro das meias-finais.

PONTO ALTO: DEFESA RARAMENTE CEDEU UM METRO DE ESPAÇO

Mesmo que o resultado tenha sido bem longe do que se esperava – 22-15 -, há que aplaudir o esforço defensivo com Portugal a ter sofrido um ensaio por um erro ofensivo, com um passe perdido dentro da área-de-ensaio, enquanto o segundo adveio de uma distração após um seguir rápido da Roménia. As placagens foram agressivas e fisicamente poderosas, conseguindo fazer com que o adversário não só andasse para trás, mas entrasse em pânico atirando passes sem lógica ou optar rapidamente por despejar a bola ao pé na esperança de forçar algum erro de posse de bola português.

Guilherme Vasconcelos, Diogo Pina, José Monteiro, Domingos Gonçalves ou Francisco Pissarra estiveram bem na arte de placar, sendo que no geral a equipa esteve toda ao mesmo nível, um ponto importante para o jogo que se segue. Mesmo quando tiveram de defender dentro dos seus últimos cinco metros, os portugueses mantiveram uma boa compostura, cerraram fileiras, trabalhando uma e outra vez até encontrar forma de arrancarem a bola num breakdown ou a desmoronar um ruck, passando por cima e recuperando a oval no meio do “caos”.

No aspecto defensivo houve um sentido de colectivo forte e que foi decisivo para colocar a Roménia em sentido, percebendo-se que Portugal era a equipa dominante dentro de campo, mesmo se o resultado pontual não apresentasse uma declaração tão assertiva.

PONTO A MELHORAR: FALHAS DE CONCENTRAÇÃO E INDISCIPLINA

Erros constantes de handling, más decisões no jogo ao largo, perdas de concentração e falhas em momentos críticos… tudo em excesso e que acabaram por tornar um jogo “fácil” (com o devido respeito à Roménia) numa missão complicada.

A exibição portuguesa tanto na primeira como segunda-parte foi atabalhoada em diferentes períodos, passando de uma sequência de excelentes fases com passes tensos ao largo e boas linhas de corrida, para algo sem sentido, com falhas técnicas inesperadas e um apoio deficitário ao portador de bola ou uma perda de bola demasiado fácil. Se é porque calcularam mal a capacidade do adversário, as condições adversas que se fizeram sentir ou uma entrada mais a frio não interessa tanto, até porque se viram em diferentes situações uma equipa capaz de dominar e ditar o fluxo de jogo, sendo que o maior problema esteve na concentração.

Tendo se gostado ou não da arbitragem, o facto de que uma parte dos jogadores portugueses caiu em pequenas queixas e a querer contestar decisões não ajudou em nada, especialmente na parte final do encontro, e é algo que não pode acontecer quando jogarem frente à Espanha nas meias-finais. Com uma parte destes nomes a terem figurado na selecção de 2022, foi ligeiramente preocupante a falta de maturidade em determinados momentos. A rever.

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Ensaios – Manuel Magriço (5+5 = 10) e Francisco Pinto (5)
Conversões – Tomás Marques (3+2+2 = 7)


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