Portugal nas meias-finais – o “Cross Kick” do Europeu de sub-20

Francisco IsaacNovembro 6, 20224min0

Portugal nas meias-finais – o “Cross Kick” do Europeu de sub-20

Francisco IsaacNovembro 6, 20224min0
A Polónia ofereceu boa réplica, mas Portugal conquistou acesso às meias-finais do Europeu de sub-20 e explicamos como foi em 3 pontos

Portugal está nas meias-finais do Europeu de sub-20, depois de derrotar a Polónia no Jamor por 43-10, encontrando agora os Países Baixos nas meias-finais do Rugby Europe Championship 2022.

MVP: GONÇALO COSTA (DEFESA)

Em todas as gerações do rugby português há sempre pelo menos um fantasista, ou jogador mais vocacionado para surpreender constantemente na linha-de-ataque ou nas respostas de contra-ataque, e nesta geração que compete neste Rugby Europe Championship, há uns quantos que merecem destaque como José Vilar Gomes, Francisco Menéres (saiu cedo do encontro por lesão), Manuel Salgado, Martim Faro, Duarte Portela Morais e, o virtuoso principal deste jogo, Gonçalo Costa. O defesa foi um polo constante de irreverência, submetendo a Polónia a um estado de preocupação constante, e acabou por criar constantes boas movimentações de ataque com os seus parceiros das linhas-atrasadas, impondo assim aquele tipo de jogo que Portugal gosta de implementar.

Não marcou nenhum dos ensaios, e só esteve na assistência para um dos sete toques-de-meta da equipa lusa, mas em abono da verdade, Gonçalo Costa esteve em quase todos os maiores momentos de maior exuberância do ataque português, produzindo uma série de espaços na defesa contrária que acabariam por ser bem aproveitados pelos seus colegas de equipa.

Pode não ter sido uma prestação totalmente sólida de Portugal, contudo, o facto de termos um ataque móvel, veloz, ágil e de risco, ajuda a construir as bases para garantir vitórias no caminho até à final deste Campeonato da Europa sub-20.

PONTO ALTO: IRREVERÊNCIA TIROU A POLÓNIA DA FRENTE

Dois sectores estiveram em alta neste encontro, com o primeiro a ser um ataque irreverente e carregado de pormenores técnicos que foram forçando erros na Polónia, com o adversário de Portugal a se entregar a um jogo extremamente físico e que por vezes foi para lá dos limites do exequível, e um segundo ponto que correu bem passou pelo trabalho minucioso no breakdown defensivo, capturando a oval em diferentes situações quando o bloco polaco procurava colocar pontos no marcador. A conjugação destes dois factores acabou por surtir na construção da larga vantagem dos “Lobos” sub-20, que poderia ter sido ainda maior caso os comandados de João Luís Pinto e Nuno Damasceno tivessem sido mais disciplinados na posse de bola ou nos alinhamentos, ultrapassando aquele período inicial dos primeiros 20 minutos onde a incerteza no resultado imperou.

Não foi fácil vergar com a fisicalidade polaca, uma vez que esta tentou “castigar” ao máximo possível as movimentações de ataque de Portugal, procurando até lançar problemas na formação-ordenada (um departamento que não consentiu penalidades, mas acabou por recuar em algumas situações) e mauls, desorganizando as plataformas de jogo da formação lusa. Porém, aquele virtuosismo, irreverência, mestria técnica e capacidade para perceber como e quando arriscar, acabaram por forçar constantes roturas defensivas ao ponto que a Polónia não foi capaz de suster e acabou por ceder o espaço suficiente entrelinhas, com José Vilar Gomes, Gonçalo Costa, Martim Faro, Manuel Salgado ou Bernardo Nogueira a explorarem e abrir caminho para a vantagem dos “Lobos” sub-20.

Importante dizer que isto só foi possível pelo excelente jogo do formação António Campos, conseguindo liderar bem na saída com a bola no ruck, para além das boas intervenções de Manuel Fati, Simão Medeiro, Sebastião Petronilho ou Henrique Baptista.

PONTO A REVER: ERROS NO CONTACTO PODERIAM TER CUSTADO CARO

Erros de passe, no chão, na recepção da oval ou no breakdown, acabaram por lançar dificuldades extra ao conjunto português no caminho para chegar à meia-final, e que contra os Países Baixos poderá ser resultar em problemas maiores caso não seja diminuído ao mínimo. Sim, normal que surjam mais erros na equipa que detém a posse de bola por um período de tempo maior, porém, há certas falhas de condução da oval resultantes de alguma precipitação ou excessiva vontade de continuar a jogar, necessitando saber quando pausar o jogo de modo a impedir o adversário de ter acesso à oval via erros próprios.

Verdade que Portugal ao fim de 15-20 minutos dominou por completo o fluxo de jogo e teve quase sempre a iniciativa de construção, imperando com sagacidade na defesa do princípio ao fim, mas em encontros onde os detalhes acabarão por ditar o resultado final, certas situações de ataque não podem ser geridas da mesma forma, sob o risco de se esgotarem as soluções em encontros mais disputados.

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