Portugal na final do Mundial! – A Bola Rápida do World Rugby Trophy
Portugal pela primeira vez na sua História vai marcar presença numa final de um Mundial de Rugby de sub-20. Os Lobos sub-20 somaram uma vitória memorável antes as Fiji, por 16-13, com Jorge Abecassis a demonstrar-se letal em frente aos postes. Vasco Ribeiro, Nuno Mascarenhas, David Wallis, Duarte Costa e Campos, Duarte Azevedo foram alguns dos destaques de Portugal, numa vitória de um imenso colectivo que soube sofrer, trabalhar e ganhar pela 6ª vez consecutiva no espaço de 6 meses.
A 3ª Bola rápida do Fair Play com Portugal na final do Mundial “B” da World Rugby, a realizar-se no próximo Domingo!
O minuto final do jogo entre Portugal e Fiji merece entrar para os “pergaminhos” de História da World Rugby… com um 16-13 para Portugal, a equipa do Pacífico conquistou uma penalidade dentro dos 22 metros. Praticamente em frente aos postes, o defesa das Fiji acertou em cheio no “metal”, com a bola a ressaltar e a ser conquistada pela Alcateia.
Tudo parecia correr de feição, quando o árbitro diz “no time”, assinalando o final de jogo, em caso que a bola fosse poste fora. Infelizmente, ou, melhor, incrivelmente o jogo seguiu. Com um alinhamento nos últimos 10 metros, as Fiji conseguiram perder a bola no ar, com os saltadores de Portugal a “roubarem” a oval… Duarte Azevedo recebeu a bola e meteu-a fora, marcando não só o final do jogo mas, e mais importante, a passagem de Portugal à final do World Rugby Trophy.
Num jogo impróprio para cardíacos, Portugal chegou a dominar por largos minutos, colocando os fijianos “enfiados” dentro dos seus últimos 20 metros durante largos minutos. Vassalo, que entrará por José Luis Cabral (saiu por lesão aos 11′), marcou o primeiro e único ensaio de Portugal no jogo, após uma excelente fuga e finta, que os seus adversários não conseguiram parar.
As Fiji ainda estiveram a jogar com 13, mas Portugal, infelizmente, não tirou grandes proveitos dessa situação. A segunda-parte pendeu para as Fiji que dominaram durante os primeiros 20 minutos ,para depois o jogo entrar numa toada exigente, física e caótica. Valeu o coração da Alcateia que agora terá de aguentar para um 4º e último jogo, lutando, mais uma vez, pelo “ouro”.
A 3ª Bola rápida do World Rugby Trophy com uma análise aos momentos críticos do encontro ante as Fiji
OS FLYING FIJI ESBARRARAM NA “MURALHA” DA ALCATEIA – 7 PONTOS
Defender, defender e defender… Portugal demonstrou não só uma raça profunda mas também uma disciplina irreprensível na linha defensiva, não consentindo qualquer penalidade ou falta por fora-de-jogo ou outro tipo de ilegalidade.
Não foi só o esforço de uns quantos, mas sim de um colectivo que soube “respirar” nos momentos mais asfixiantes do jogo, especialmente nos primeiros 10 minutos da 1ª parte e nos primeiros 20 minutos da 2ª. De qualquer forma, de assinalar a “agressividade” de Nuno Mascarenhas (16 placagens efectivas), a técnica individual de João Granate e David Wallis e a forma como Vasco Ribeiro lia os movimentos do três de trás das Fiji, que nunca conseguiram fazer o que mais gostam… montar um show de offloads e quebras-de-linha de outro “Mundo”.
As Fiji ficaram desconcertadas com a qualidade defensiva portuguesa, entrando num estado torpe durante largos minutos dos primeiros 40′, o que garantiu tempo e espaço para Portugal garantir uma preciosa vantagem de 13 pontos.
A placagem à Lobos, a defesa à Alcateia e o sentido de união e grupo foram tão fortes, que as Fiji não foram para além de um ensaio e quatro quebras-de-linha, tendo se “socorrido” de pontapés mal executados para tentar ganhar metros de outra forma.
Uma nota especial para um factor de grande importância: os jogadores das Ilhas Fiji tentaram explorar o canal exterior, após duas ou três fases de avançados. O objectivo era ganhar em velocidade e técnica, explorar as costas dos pontas e defesa e partir para o ensaio. No entanto, nunca o conseguiram… foi sempre um objectivo que saiu “furado” perante a agilidade da defesa de Portugal.
E NO INÍCIO ERA… A FORMAÇÃO ORDENADA – 4 PONTOS
Se contra Hong Kong foi um prazer ver os 8 avançados de Portugal a “destruir” os seus homólogos asiáticos, contra as Fiji tivemos momento de domínio nesta fase estática. Em 13 formações ordenadas, Portugal apenas consentiu uma penalidade (que deu três pontos aos fijianos), conquistando todas as outras (apesar de duas terem saído disparadas da FO) ou mesmo “arrancando” penalidades (por duas vezes) à equipa das Ilhas do Pacífico.
Portugal sofreu alguma pressão e teve duas primeiras FO para se ajustar aos seus adversários, para depois conseguir estabilizar e garantir uma boa plataforma de jogo para o ataque. Um dos ensaios de Portugal nasceu praticamente de uma FO. Dizemos “praticamente”, pois quando Costa e Campos ia pegar na oval, esta acabou pontapeada pelo nº6 das Fiji (legalmente). A bola foi parar às mãos de Francisco Vassalo (entrou por José Cabral aos 12′ após lesão do centro do GD Direito) e o centro escapou a três placadores, seguindo para a linha de ensaio.
A FO teve uma nota bem positiva e poderá ser uma chave para o sucesso de Portugal na final do Mundial. Já o alinhamento não gozou de tanta estabilidade, com Portugal a perder 5 das 14 oportunidades, duas das quais foram nos últimos 5/10 metros defensivos da equipa adversária. As Fiji leram bem o que Portugal queria fazer no ar, conseguindo roubar a oval em certos momentos. Todavia, se Portugal conseguisse ganhar e montar o maul, o perigo instalava-se, com os jovens Lobos a avançar 23 metros no conjunto das oportunidades a partir desse aspecto do jogo.
Na final da competição será imperativo que os jovens portugueses sejam exímios nos alinhamentos, mortíferos na formação ordenada e demolidores nos mauls.
AS OPORTUNIDADES SÃO PARA SE APROVEITAR – 3 PONTOS
Os Lobos sub-20 gozaram de 12 minutos a jogar contra 13, com dois jogadores fijianos (nº3 e nº4) a receberem ordem de expulsão temporária por placagem alta. Portugal já se encontrava a ganhar por 10-00, estava “calmo” e paciente, trabalhava bem, executando bem o plano de jogo (fases curtas de avançados, bola para o 10 e jogar, numa primeira fase, com o 12 ou 7, para voltar a ter duas fases mais “lentas” e depois arriscar num passe mais longo, onde surgiam o três de trás soltos). Todavia, esses amarelos pareceram criar alguma “impaciência” nos jogadores portugueses que não conseguiram mais de três pontos (em cima do apito final da 1ª parte).
Portugal sentiu que estava a dominar e que podia tirar partido desta “vantagem”, tentando alterar um pouco o seu plano de jogo, arriscando em fases mais rápidas, em jogadas directas e, quase, a praticar o mesmo estilo de rugby das Fiji. Esta decisão não correu de feição para Portugal e acabou por não se traduzir em pontos expressivos que poderiam ter garantido, desde logo, uma vantagem bem larga no resultado.
Só nos momentos mais “apertados”, onde a dificuldade do encontro atingia um nível altíssimo é que Portugal conseguiu conquistar sempre pontos. Forçou as Fiji consentirem faltas no chão (estranhamente o juiz de jogo não apitou faltas de fora-de-jogo, quando poderia perfeitamente ter castigado os fijianos em alguns momentos), dando a possibilidade a Jorge Abecassis de converter três penalidades preciosas para a vitória.
Nos momentos em que Portugal se sente em vantagem, por cima do jogo, é que o plano de jogo tem de existir e sem manter imutável. Não podem existir desvios e outras “vontades”, há que confiar na estratégia decidida e planeada. Sempre que Portugal o fez, conseguiu não só estabilidade, mas como pontos e vitórias.
NOTA FINAL – 14 PONTOS
ASPECTOS POSITIVOS: Defesa exímia, placagem individual de elevado nível, comunicação e discilplina de jogo com nota máxima; Leitura defensiva de valor; Processos básicos bem trabalhados e executados com cuidado; Fases de ataque bem montadas; Jogo ao pé de Jorge Abecassis; Bom jogo de contenção; Formação ordenada quase perfeita; Boa estratégia a partir do maul;
ASPECTOS NEGATIVOS: Destabilização no momento que se jogava contra 13; Desconcentração na entrada para 2ª parte; Riscos tomados, em certos momentos, desnecessários e que deram pontos às Fiji; Alinhamento suficiente, mas longe da qualidade do que foi contra o Uruguai ou Hong Kong; Jogo caótico entre os 45′-65′;
PORTUGAL: 1 – João Melo ; 2 – Nuno Mascarenhas; 3 – Gonçalo Domingues; 4 – Tomás Pereira; 5 – Manuel Picão; 6 – João Granate; 7 – David Wallis; 8 – Duarte Campos; 9 – Duarte Azevedo; 10 – Jorge Abecassis (3,3,3,2); 11 – António Vidinha; 12 – José Luís Cabral; 13 – Vasco Ribeiro; 14 – Caetano Branco; 15 – Cardoso Pinto
Suplentes: José M. Sarmento, Ruben Pimentel, José Andrade, João F. Vital, Gonçalo Prazeres Francisco Vassalo (5) e Rodrigo Freudenthal
Equipa Técnica: Luís Pissarra (Seleccionador), António Aguilar (Treinador), Carlos Polainas (Team Manager), Francisco Moreira (Médico) e José Carlos (Fisioterapeuta).
Post-Match com Luís Pissarra, seleccionador Nacional:
1- Momento em que podias definir todo o jogo? E onde deveríamos ter estado melhor?
2- Esta selecção continua a ser imperial na defesa, tanto que a equipa fijiana sentiu imensas dificuldades em fazer circular a oval da forma como mais gosta. Qual foi a estratégia e plano de jogo defensivo? E as FO voltaram a ser um ponto alto no jogo, correcto?
3- Japão ou Namíbia, é nos indiferente o nosso próximo adversário? Achas que esta selecção está fadada para fazer o Planeta da Oval “tremer”? E o que queres ver mais no último jogo?
Momentos Finais do Jogo: