Portugal a “metros” da Final – A Bola Rápida do World Rugby Trophy
Portugal soma e segue no Campeonato do Mundo de Rugby “B”, com uma nova vitória agora ante Hong Kong. Um 31-24 no final dos 80′, garante a disputa pelo 1º lugar do grupo, algo que só será decidido no jogo frente às Ilhas Fiji. Excelentes prestações de Duarte Azevedo, da 1ª linha, de Jorge Abecassis e Manuel Cardoso Pinto. Esta é a 2ª Bola Rápida do World Rugby Trophy
Portugal realizou algumas alterações no XV titular, com a introdução de Domingues e Pimentel na primeira linha, Tomás S. Pereira na 2ª, enquanto que João Fezas Vital toma o lugar de David Wallis (Picão assumiu o lugar de Granate) na posição de asa aberto. Nas linhas atrasadas destaque para a entrada de Duarte Azevedo, Frederico Felipe e Rodrigo Freudenthal (por troca directa com o capitão António Vidinha).
Apesar das alterações, Portugal entrou com a mesma postura… defensivamente agressivo e “frio” e no ataque eficaz e, quando possível, dominador. Os últimos 15 minutos foram de algum “sofrimento”, todavia os jovens jogadores da Selecção Nacional nunca deixaram o adversário virar o resultado, garantindo nova vitória, colocando-se em 1º lugar (até à hora de saída deste artigo) do grupo.
Uma Formação Ordenada de excelência, uma defesa quase “completa” e algumas questões para o jogo de ataque a partir das linhas atrasadas, são alguns dos pontos analisados pelo Fair Play na sua 2ª Bola Rápida do World Rugby Trophy
MAIS UMA DOSE DESSA FORMAÇÃO ORDENADA, POR FAVOR – 6 PONTOS
Implacável… é desta forma que Hong Kong pode adjectivar a formação ordenada de Portugal. Em 13 FO’s Portugal conquistou cinco penalidades, “roubou” três aos seus adversários e segurou as restantes, para depois sair a jogar. Os Lobos sub-20 formaram um excelente núcleo na avançada, que trabalhou incansavelmente neste perímetro (os alinhamentos demoraram a entrar, com três perdas de bola na 1ª parte) e que aos poucos ia “decalcando” a equipa asiática.
O trabalho foi de excelência tal, que a equipa lusa conquistou um ensaio de penalidade na 2ª parte, para além de ter dado a possibilidade de Jorge Abecassis converter duas penalidades ao pontapé. Ou seja, em termos de números, a FO de Portugal conquistou 13 pontos num total de 31, algo pouco comum no universo do rugby português.
Já o alinhamento padeceu de alguma apatia nos primeiros 25 minutos, mas com o tempo “endireitou-se” e entrou em harmonia. A partir daí, Portugal optou por formar bons mauls dinâmicos, conquistando metros e metros, algo que Hong Kong não soube contrariar.
As fases estáticas estiveram bem acima do grau “satisfatório” com a FO a atingir o grau de “excelência”, o alinhamento um “bom” e o maul “muito bom” em termos de avaliação. O 5 da frente composto por Domingues, Melo, Pimentel, Andrade e Pereira (Manuel Picão surgiu a 6, no lugar de Granate que à última acabou por ser excluído da equipa de jogo, possivelmente por alguma lesão) realizou um excelente trabalho tanto nestes aspectos como nos rucks, sendo que Costa Campos, o nº8 do GDS Cascais, realizou uma tremenda prestação na sua posição, coroada com um ensaio após uma saída rápida.
PLACAGEM E REACÇÃO, DEVIAM RIMAR COM VITÓRIA- 5 PONTOS
Em três momentos críticos Portugal viu-se em “apertado” por Hong Kong e não fossem dois factores entrarem em “jogo”, talvez o reusltado final teria sido diferente. Falamos da placagem eficaz e reacção imediata à bola.
“Viajemos” até ao minuto 61′, quando o encontro estava num indefinido 25-17, com a equipa asiática a ocupar os 22 metros de Portugal com algum ascendente… a equipa lusa ia parando as incursões com boas placagens, uma sólida “barreira” defensiva e um trabalho de comunicação dinâmico.
Porém, numa desatenção no lado “aberto”, permitiu que a equipa adversária conseguisse passar entre o penúltimo jogador ao lado do ruck e o par de centros de Portugal… quebra de linha e numa situação de 2 para 2, temeu-se o pior.
Valeu a rápida intervenção de Manuel Cardoso Pinto, que após uma boa placagem, levantou-se de imediato e atacou a bola pelo seu canal, obtendo uma penalidade no chão.
Este tipo de “acontecimento” voltou a decorrer ao minuto 69′, quando Portugal tinha a oval em seu poder. Quando os lobos preparavam para fazer uma incursão junto da linha lateral, Martim Cardoso realiza um mau passe que é interceptado por um jogador de Hong Kong… valeu que Manuel Cardoso Pinto e Frederico Felipe estavam lá para a “emenda”, conseguindo um placar e o outro “roubar” a oval, conquistando nova penalidade no chão.
Uma última situação aconteceu ao minuto 76′ com Vasco Ribeiro a não só placar bem o médio de abertura (suplente) de Hong Kong, mas segurando-o no ar, impedindo-o de ir ao chão… Portugal aguentou e do nada, um dos avançados conseguiu “roubar” efectivamente a bola pondo fim a uma boa possibilidade de ataque de Hong Kong, isto quando o resultado estava num “nervoso” 28-24.
As placagens e reacções valeram a vitória a Portugal na defesa, que consentiu três ensaios, dois deles por falha de placagem em jogo aberto (uma de José Rebelo de Andrade, outra por falha de comunicação entre os jogadores na linha defensiva), algo que não pode, de forma alguma, acontecer contra as Fiji, uma equipa fisicamente poderosa e que gosta de bater, bater e bater, até encontrar espaço suficiente para lançar o show de offloads do “costume”.
SEM ESPAÇO E SEM TEMPO – 3 PONTOS
Não foi um jogo bem conseguido das linhas atrasadas de Portugal, que surgiram a espaços mas sem uma cadência de jogo mais consistente. E porquê? Podem existir algumas explicações, mas, com toda a certeza, foi uma mescla das várias que aqui apresentamos.
Hong Kong deu-se mal no contacto “próximo”, ou seja, na defesa às saídas curtas dos avançados portugueses e nas fases mais fechadas (onde chegou a consentir um ensaio, de Costa Campos, e algumas penalidades aproveitadas por Abecassis), mas sempre que abria a sua defesa, impunha uma excelente pressão que tirava espaço tanto a Azevedo (jogo bem conseguido do nº9 do CF “Os Belenenses”) como a Abecassis, algo que os impossibilitou de fazer “girar” a oval.
Sem espaço para abrir para o três de trás ou para os centros (José Cabral voltou a aparecer, sempre que pôde, bem com a bola nas mãos, com Vasco Ribeiro a trabalhar mais como um apoio aos portadores de bola), Portugal optava por realizar fases mais “pesadas”, algo que correu quase sempre bem durante os 80 minutos (os Lobos sub-20 consentiram apenas três penalidades, todas na primeira parte, por “prenderem a bola no chão”).
Outra explicação vai para o facto dos timings de ataque e entrada entre os 3/4’s apresentarem alguma desconexão. Pouco se viu do três de trás de Portugal, apesar do ensaio de Freudenthal (concluiu à ponta, após um bom passe de Abecassis), num jogo que pedia velocidade e técnica. Manuel Cardoso Pinto ainda realizou algumas tentativas, assim como Frederico Felipe (uma das quais termina em avant após um offload mal esboçado por Manuel C. Pinto), mas sem a continuidade desejada. Alguma falta de comunicação, também pode ter precipitado esse jogo mais “apagado”.
A estratégia de jogo de Portugal passou, geralmente, por apostar nos avançados e em algumas saídas rápidas, com Abecassis (novo belo jogo do 10) a pautar bem o que queria dos seus colegas.
Com as Fiji será um jogo de “combate”, em que as linhas atrasadas fijianas vivem dos offloads, sprints e detalhes técnicos de “sonho”, o que vai forçar aos portugueses a realizarem o seu melhor jogo de todo World Trophy.
NOTA FINAL – 14 PONTOS
ASPECTOS POSITIVOS: Excelente reacção no breakdown, boa capacidade de “pescar” a oval e forçar a equipa adversária consentir falta no chão; FO impressionante, agressiva e demolidora; maul eficaz, trabalhador e competente; Defesa colectiva dinâmica, com boas fases de ligação que forçaram Hong Kong a recuar no terreno; Jogo ao pé de Jorge Abecassis de grande qualidade, tanto aos postes como durante o jogo; Bom trabalho junto aos rucks, saídas curtas bem apoiadas; Apenas um avant; Em 5 ocasiões conseguiu-se ultrapassar as 10 fases consecutivas no ataque,
ASPECTOS NEGATIVOS: Falhas de concentração que permitiram três ensaios a Hong Kong; Trio de trás algo desaparecido do jogo; Pouca envolvimento dos asas no ataque;
PORTUGAL: 1 – Gonçalo Domingues ; 2 – João Melo; 3 – José Pimentel; 4 – Tomás Pereira; 5 – José R. Andrade; 6 – João Granate; 7 – João F. Vital; 8 – Duarte Campos (5); 9 – Duarte Azevedo; 10 – Jorge Abecassis (3,3,3,3,2); 11 – Rodrigo Freudenthal (5); 12 – José Luís Cabral; 13 – Vasco Ribeiro; 14 – Frederico Felipe; 15 – Cardoso Pinto [ENSAIO DE PENALIDADE].
Suplentes: José M. Sarmento, Nuno Mascarenhas, Duarte Torgal, , Martim Cardoso, Francisco Vassalo, Gonçalo Prazeres.
Equipa Técnica: Luís Pissarra (Seleccionador), António Aguilar (Treinador), Carlos Polainas (Team Manager), Francisco Moreira (Médico) e José Carlos (Fisioterapeuta).
Post-Match com Luís Pissarra, seleccionador Nacional: