E o pesadelo acabou ao fim de 40 jogos! – Ronda 14 do Super Rugby 2018

Francisco IsaacMaio 20, 20188min0

E o pesadelo acabou ao fim de 40 jogos! – Ronda 14 do Super Rugby 2018

Francisco IsaacMaio 20, 20188min0
A Austrália precisou de 40 jogos para conseguir derrotar uma franquia neozelandesa e nós explicamos como aconteceu! Toda a Ronda 14 analisada!

WARATAHS PÕE FIM AO PESADELO COM TONS DE VERMELHO

O título algo enigmático é facilmente explicado: a partir dos 18 minutos de jogo, os australianos, a jogar em casa, ficaram a jogar contra 14 jogadores com a expulsão de Tevita Nabura após um pontapé deliberado à cara de Cameron Clark. Situação extremamente “feia” e que vale não só um vermelho como alguns jogos de suspensão para o ponta das Fiji.

Se isto já não bastasse, os Highlanders já perdiam desde os 15 minutos por 08-00 ficando submetidos a uma incrível pressão que teriam de ultrapassar para garantir a vitória. Contudo, Aaron Smith quis adicionar ainda mais dificuldades à sua equipa e logo aos 22′ foi expulso temporariamente… 13 contra 15, vantagem que os Waratahs aproveitaram totalmente com mais um ensaio convertido. 15-00 nos primeiros 40 minutos com uma pressão extrema dos australianos.

Os segundos 40 minutos foram quase totalmente da formação de Israel Folau, Bernard Foley e Michael Hooper por inteiro… Taqele Naiyaravoro (o gigante voltou a acordar) ligou o boost e começou a atropelar os seus adversários (já o tinha feito na primeira parte, quando tirou Sopoaga, Dixon e Naholo da frente), Folau fez o que Folau faz, ou seja, a marcar ensaios e a dar aquele side-step que poucos conseguem parar e Curtis Rona a defender que nem uma muralha com pernas os ‘tahs.

Mas o jogador que merece um destaque ainda maior na vitória por 41-12 é Bernard Foley. Finalmente o médio-de-abertura começou a “soltar-se” das “amarras” que tinha imposto a ele próprio, aparecendo no jogo com excelentes passes, quebras-de-linha (4, um dos melhores registos esta época do 10) e duas assistências para ensaio.

A forma como abordou o jogo foi completamente diferente, aparecendo mais recuado o que lhe permitia mais espaço e tempo para atacar a linha, optando por jogar fora ou dentro, ou mesmo assumir o protagonismo.

O fim dos 40 jogos de sofrimento não marca o fim do desnível entre Austrália e Nova Zelândia e quem pense o contrário pode ter um dissabor!

O REGRESSO DE CHARLIE NGATAI NA AUSÊNCIA DOS “TODOS PRETOS”

Chiefs sucumbiram em Durban frente a uns motivados Sharks por 24-28, num jogo em que não jogaram com os seus All Blacks. Nem Nathan Harris, Broadie Rettalick, Anton Lienert-Brown, Damian McKenzie ou Sam Cane puderam dar o seu contributo a uma equipa já de si muito fragilizada por lesões e ausências de peso. Os Sharks tinham aqui a oportunidade para garantir uma boa posição na luta pelo playoff que se aproxima a largos passos!

Ora bem, o jogo foi duro, dinâmico e fisicamente desgastante, com ambas as equipas a adaptarem-se ao jogo e ao adversário da melhor forma possível. A ausência de McKenzie e Lienert-Brown tirava soluções no ataque, o que forçou aos Chiefs a darem a primazia da bola aos sul-africanos… o registo final de 630 metros dos Sharks para os 380 dos Chiefs é uma “prova” dessa necessidade dos neozelandeses, optando pela recuperação de bola no chão.

Contudo, mesmo com Messam e Jacobson na 3ª linha, não se deram os turnovers necessários para que os Chiefs saíssem em contra-ataque apanhando a defesa dos Sharks de forma prevenida. A exibição média dos neozelandeses só ganhou outra forma com o jogo fantástico de Charlie Ngatai que aos poucos começa a voltar ao jogador que era até há dois anos atrás.

Ao pé foi fenomenal, pondo a oval longe sempre que a recebia dentro dos 22 metros, impondo uma pressão que Robert du Preez e Curwin Bosch (outra estrondosa exibição do 15) tiveram dificuldades em vários momentos do jogo.

A coroar a boa exibição fica um ensaio de intercepção, como podem ver no vídeo. A complementar os dados de ataque, há o pormenor de ter sido dos melhores a nível da placagem (12) e um comunicador de excelência num encontro complicado para os Chiefs… foi a 2ª derrota nos últimos 3 jogos e os Hurricanes/Crusaders já estão longe para serem apanhados.

TOURO TENRO CAÇADO E DEVORADO PELOS JAGUARES

54-24 foi desta forma com que os Jaguares voltaram a brindar o seu público com mais uma vitória na luta pelo sonho do playoff do Super Rugby. Quem é que pára estes argentinos loucos e munidos de uma capacidade letal para fazer ensaios? Não foram os Bulls de certeza!

A formação liderada por John Mitchell fez uma exibição pobre em Buenos Aires, sendo apanhados naquilo que foi a nossa previsão inicial: falta de velocidade de jogo e um jogo muito baseado em força e avançados iria ser arrasado por quem conseguisse acelerar de forma total. Os Jaguares fizeram um uso da oval eficaz e eficiente, para além de nunca terem feito algo que normalmente dá alento à equipa de Pretoria: erros no ataque (passes para a frente ou chão).

O maestro Nicolás Sanchez voltou a estar a um nível soberbo, com 3 assistências para ensaio (está com um passe que facilmente “viaja” 30/40 metros com velocidade), acertou 8 pontapés dos 11 que teve ao seu dispor (5 conversões e 3 penalidades) e deu sempre problemas à dupla de centros composta por Handré Pollard (exibição muito pobre do abertura convertido a centro… não funciona desta forma) e Jesse Kriel.

Os Jaguares estão imparáveis na sua forma de jogar, com uma avançada que deixou de querer ser os únicos protagonistas, abrindo o espaço suficiente para que Boffelli (está intratável o ponta/defesa, com uma agilidade e velocidade de categoria) ou Delguy saíssem disparados numa situação sempre de vantagem perante uma defesa pouco “móvel” dos Bulls.

De nada valeu Warrick Gellant (boa exibição) ou Marco van Staden (23 placagens e 5 turnovers… é um talento a aparecer no rugby sul-africano) aos Bulls que perderam não só pontos como ficam agora atrás de um rival directo pelo playoff.

UM DROP COMO TODOS GOSTAMOS, NÃO É HAYDEN PARKER?

Nova semana, nova vitória dos Sunwolves e a vítima desta feita foram os Stormers de Allende, Carr, Kolisi, entre outros. Um jogo incrivelmente louco com ensaios de praça-a-praça, pontapés convertidos a mais de 50 metros dos postes, passes incríveis e outros momentos espectaculares carimbou estes 4 pontos da franquia nipónica. Mas vamos por partes!

O ensaio de Dilian Leyds foi sensacional, com o ponta a percorrer quase 100 metros com a bola nas mãos, a simular umas fintas pelo meio, a “prender” os seus placadores durante todo o sprint. É um ensaio à Leyds e um ensaio que vale a pena ver e rever.

Os Sunwolves foram atrás do “prejuízo” do início do encontro e através de um jogo mais “caótico” lá conseguiram começar a marcar pontos… o primeiro ensaio vem numa sequência de rucks rápidos, em que a defesa dos Stormers colocava poucos homens a defender o eixo abrindo espaço para que os japoneses se aproveitassem para quebrar a linha de defesa. Parker, após a equipa recolher um pontapé carambola, chega aos postes pela 1ª vez.

O 10 voltou a centrar as atenções de jogo em si, com pontapés bem armados e uma genialidade que é própria dos jogadores kiwi. Falando em kiwi que dizer da assistência de Michael Leitch para o ensaio Grant Hattingh? O 6 recebe a bola à ponta, mete para dentro, apanha as costas dos jogadores sul-africanos e faz um passe rápido para que Hattingh recebesse a oval em modo malabarista mas que felizmente terminou em ensaio.

Até ao final do encontro houve um despique de pontapés e aos 80 minutos tínhamos um 23-23 no marcador… e então veio o momento do jogo. Depois de 30 metros a avançar com a oval parecia que os Sunwolves tinham estagnado, não conseguindo passar pela defesa dos Stormers… Parker recua uns metros, pede a bola e dá um pontapé de ressalto que deixou o público sem reacção… em menos de 1 segundo a bola atravessou os postes e deu os 4 pontos aos nipónicos.

Sensacional para a formação dos Sunwolves que foram rotulados com vários adjectivos depreciativos e têm agora calado uma série de pessoas que eram contra a sua continuidade… será que fazem mais uma surpresa em Melbourne na próxima semana?

DESTAQUES

MVP da Ronda: Beauden Barrett (Hurricanes)
Jogo da Ronda: Hurricanes-Reds
Placador da Ronda: Marco van Staden (Bulls)
Agitador da Ronda: Nicolás Sanchéz (Jaguares)
Vilão da Ronda: Tevita Nabura (Highlanders)


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