Patrice Lagisquet e David Penalva… nova era para game-changer?

Francisco IsaacJulho 10, 20196min1

Patrice Lagisquet e David Penalva… nova era para game-changer?

Francisco IsaacJulho 10, 20196min1
Patrice Lagisquet é o novo timoneiro da selecção nacional, num início de um projecto que promete dar outra dimensão ao rugby português. Quem é o novo seleccionador nacional e quem o acompanha no cargo?

Depois de quase quatro anos sob o comando técnico de Martim Aguiar, a selecção sénior de XV tem não só novo seleccionador nacional como reformula quase por completo a equipa técnica dos Lobos com a chegada de Patrice Lagisquet ao cargo de maior importância das selecções nacionais de Portugal. É portanto o início de um novo capítulo para os Lobos que coincide com o regresso ao Rugby Europe Championship, conquistado em Junho passado frente à Alemanha em Frankfurt.

Mas então quem é o novo líder da Alcateia dos séniores portugueses? E qual é o corpo técnico que acompanha este início de processo com vista ao desenvolvimento do rugby português à escala internacional?

PATRICE LAGISQUET… ELO DE LIGAÇÃO, LÍDER EXPERIENTE OU ALGO MAIS?

Comecemos então por Patrice Lagisquet que entre alguns cargos de maior importância foi treinador-adjunto de Phillipe Saint-André  na selecção francesa durante os anos de 2012 a 2015, que coincidiu com uma das piores fases vividas pelos Les Bleus chegando mesmo a “ganhar” a Wooden Spoon nas Seis Nações ou a perder por números insólitos e com uma exibição “triste” ante a Nova Zelândia nos quartos-de-final do Mundial de Rugby de 2015.

Para Lagisquet a carreira de treinador foi marcada por duas fases: uma primeira em que foi bem sucedido ao serviço do Biarritz Olympique com três títulos do Top14/16 entre os anos de 1997 e 2008, construindo um império fenomenal e que “assustou” o rugby francês durante anos a fio; e uma segunda-fase completamente contrária à primeira em que acabou por ser vítima de maus resultados, tanto ao serviço do Biarritz (conquistou a Challenge Cup mas terminou em 9º lugar no campeonato) como da selecção francesa (responsabilidades maiores de Phillipe Saint-André que foi ao mesmo tempo culpado e vítima dos erros técnicos e de gestão).

Desde então optou por sair do mapa dos grandes clubes e academias do rugby gaulês, surgindo em ligas inferiores de França, bem longe dos principais holofotes, estádios e públicos do passado-recente. Internacional pela França como jogador, “filho” de origem da Nouvelle Aquitaine (a região francesa com mais rugby no sangue) volta assim ao estrelato, agora para liderar Portugal nos próximos quatro anos.

É um cartão de visita simples mas nada modesto, pois a experiência acumulada no Top14/16 e a passagem por uma das selecções de topo do Mundo do rugby são elementos mais que suficientes para merecer a atenção e confiança por parte da direcção actual da Federação Portuguesa de Rugby. Possivelmente o plano da entrada de Lagisquet é na óptica de criar uma “ponte” e elo de confiança com os emblemas de topo franceses, conseguindo contar com mais facilidade com os atletas luso-descendentes que jogam tanto no Top14 como a PROD2 ou Féderale 1, seja Mike Tadjer, Samuel Marques ou Thibault de Freitas, entre todos os outros nomes.

A última grande conquista de Lagisquet… a Amlin Cup pelo Biarrtiz (Foto: Getty Images)

REFORMULAÇÃO COM OBJECTIVOS CLAROS?

Lagisquet é acompanhado por Olivier Rieg, Durquéty Hervé e David Penalva. Olivier Rieg chega para a função de preparador-físico dos Lobos, contando com passagens pela Federação da Roménia e a Federação Francesa de Hóquei (variante da patinagem artística no gelo). Já sobre Duquéty Hervé pouco se sabe do seu trabalho enquanto treinador-adjunto (treinou maioritariamente os escalões inferiores em França, associado sempre a equipas amadoras), contudo foi jogador pelo Bayonne durante os anos 70-80 e tem uma forte ligação a Patrice Lagisquet, sendo um homem da confiança do antigo treinador-adjunto da Selecção da França, entrando para o lugar de Nuno Damasceno, técnico que também cessou a sua ligação à Federação Portuguesa de Rugby.

E David Penalva que é talvez o melhor reforço desta nova equipa técnica nacional, tanto pela ambição e vontade em trabalhar que apresenta, como pelo seu profundo conhecimento do rugby português e da noção de como construir os caminhos certos entre atletas e equipa técnica. David Penalva fez parte da equipa técnica de Martim Aguiar, mas saiu de forma inesperada em 2017 por motivos nunca divulgados pela FPR, regressando agora em 2019 ao staff dos Lobos. 

O antigo internacional por Portugal está ligado contratualmente com o Avenir Castanéen Rugby, equipa que alinha na Fédérale 1, tendo assumido o cargo de treinador-adjuto dos éspoirs do clube, neste início de carreira como técnico.

Uma das curiosidades da entrada desta equipa técnica passa pelo facto de todos terem lidado com equipas ou nível de rugby amador nos últimos anos, conhecendo bem esta realidade que impera no rugby português, sendo supostamente mais solidários com os jogadores que jogam neste patamar e preparados para desenvolve-los com a mesma lógica que vinha a ser aplicada nos últimos anos.

Mais, a chegada de Lagisquet é, como dizíamos, para tentar criar um elo de ligação com o rugby francês profissional e semi-profissional, enquanto que David Penalva pode fazer a comunicação entre os atletas luso-descendentes e Portugal, numa tentativa de assegurar a presença mais consistente destes nos Lobos.

O primeiro grande desafio para Patrice Lagisquet e a restante equipa técnica passa por garantir a manutenção no Championship, enquanto se mantém o fluxo correcto de aposta nos internacionais sub-20 no escalão cimeiro, como aconteceu nos últimos 5 anos, formando em 2019 o “core” da Selecção Nacional de XV, sendo eles razão do sucesso actual dos Lobos.

São desafios iniciais mais que suficientes para perceber se Patrice Lagisquet tem a capacidade mental necessária para guiar a Selecção Nacional, procurando desde logo garantir estabilidade, confiança e partilha entre todos os agentes nacionais do rugby, desde os jogadores até aos dirigentes portugueses. Apesar do seleccionador nacional ter apontado o Mundial 2023 como objectivo, será fundamental que antes de sonhar com esse tipo de apuramento, se construam as condições necessárias para que o trabalho feito nos últimos cinco anos não só continue mas ganhe uma dimensão superior, vocacionado a dar mais elementos de crescimento aos atletas locais.

No sentido de manter alguma coesão com o passado-recente, João Mirra vai permanecer na Selecção Nacional, sendo o único elemento do antigo staff técnico a ficar ligado às cores nacionais, lembrando ainda que Rui Carvoeira (sub-18) e Henrique Garcia (desenvolvimento) não foram convidados a renovar o vínculo com a Federação Portuguesa de Rugby para os próximos anos.

Começa a era Lagisquet mas também será a retoma do serviço de David Penalva aos Lobos, depois de significativo bom feedback em relação ao trabalho do retirado lobo durante o ano de 2017, em que desempenhou funções no staff técnico do então ainda seleccionador Nacional Martim Aguiar.

Apresentação da nova equipa técnica nacional (Foto: Fair Play)

One comment

  • Guilherme Novaes Reis

    Julho 13, 2019 at 1:55 pm

    Boa Tarde, Antigo jogador da Selecção Nacional, do Belenenses, Actual jogador da III Divisão, nascido em 1961.Dito Isto, todas as Políticas são válidas, a actual, só concordo se formarem uma selecção regional Lusa, constituída por jogadores que joguem em Portugal. Senão não faz sentido contarem com jogadores de Formação Portuguesa, para completar a Selecção Nacional. Joguem só com jogadores Emigrantes ou de Segunda Geração. Porquê? Porque a Realidade dos Jogadores Portugueses é Amadora, Acaba-se a Carreira aos 24 ou 26 Anos, motivos Remuneratório. Não é por falta de jeito, mas sim por falta de tempo que nós não vamos para o Primeiro escalão Europeu ou Mundial, Desenvolvam as Transmissões de jogos de Rugby Português a Nível Mundial, a Publicidade aparece, e os Profissionais aparecem e aumentando o tempo médio dos jogadores ganha-se Qualidade e melhores desempenhos e resultados. Este poderá ser um caminho para o Rugby Profissional em Portugal, Quebra-se o ciclo do Amadorismo, Nasce outro ciclo, o Profissional. Vai ser uma confusão, nestes primeiros tempos, já temos campos, já tempos técnicos, já temos jogadores, faltam árbitros, Sem árbitros, vai ser difícil melhorar a qualidade do jogo. Enfim esta mistura de vontades, só vai estragar a divisão de Honra, espero que não estraguem as divisões seguintes.uma primeira abordagem sobre o assunto. este primeiro pensamento irá evoluir concerteza. Boa Sorte aos Jogadores da Divisão de Honra, Treinadores e Árbitros.

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