Partilha de Informação… uma ideia para o futuro do rugby português

Fair PlayOutubro 13, 20195min0

Partilha de Informação… uma ideia para o futuro do rugby português

Fair PlayOutubro 13, 20195min0
O quão importante é transmitir e passar informação? Seja de um treinador para os jogadores ou com outros treinadores, esta passagem de dados, ideias e questões deve ser a pedra basilar do futuro do rugby luso

Se há coisa que admiro no rugby da Nova Zelândia é a quantidade (obviamente, de altíssimo nível) de informação existente e de acesso fácil para todos os que a queiram – hoje em dia mais cara mas, ainda assim, de acesso fácil. Dir-se-ia que, quanto mais desenvolvido o conhecimento, mais se procuraria protegê-lo; afinal de contas e no país mais importante do mundo oval, o contrário é que prevalece: a partilha de informação é não só uma fonte de rendimento mas, acima de tudo, uma maneira de pensar e vivenciar o seu desporto nacional na sua plenitude. Não só pela aproximação às comunidades (obrigação sin qua non para se ser nativo, quanto mais rugbista) como na homogeneidade do rugby neo-neozelandês, identidade identificável quase por inerência.

Transportando isso para Portugal, estamos no canto oposto. Ou pelo menos para lá caminhamos.

Não é fácil replicar, obviamente. Fazer qualquer coisa que não seja futebol é complicado em Portugal, quanto mais no nosso desporto, tudo inserido numa sociedade com pouca cultura desportiva e de desportivismo. Mas aí tanto a Federação como as Associações Regionais têm de intervir mais, partilhando informação de todo o tipo: desde plataformas digitais a planos de jogo da selecção a replicar pelos clubes (situações de jogo, planos de treino físico, treinos específicos técnicos e tácticos para formatar jogadores ao estilo que se quer na selecção), passando por divulgação em parceria com os clubes, procurando baixar custos para os mesmos e com aumento de receitas (publicidade institucional a dividir por todos, por exemplo).

Há ideias no ar. O pouco que sei da nova direcção procura-se mudar algumas coisas, novas formas de promover o desporto e ganhar dinheiro. As selecções Regionais são um bom princípio e um bom regresso – se se quiser implementar o tal plano de jogo a escala nacional, enviando a informação para as AR’s. Promover as regiões é sempre bom, mas quer-se sempre mais. Sempre. Parar é morrer…

Falando com conhecimento limitado (procuro e não encontro, mas pode existir), faz falta uma pool de contactos para os clubes: treinadores que procuram trabalho, jogadores que procuram novos desafios, clubes que precisam de gente… Um sítio onde se possa inscrever / procurar em Portugal;

Faz falta a divulgação do rugby, principalmente em canais extra-clubes / patrocínios fora dos já existentes: a angariação destes passam, no meu entender, pela massificação da imagem do rugby em canais gratuitos / de baixo custo como o Youtube ou o Facebook com jogos em directo com patrocínios inerentes (periódicos ou não) e de baixo valor se preciso seja via FPR, Associações ou até mesmo de empresas particulares, sempre em parceria com os clubes;

Faz falta a uniformização de conteúdos para e com os clubes, por parte da FPR, de forma a se apresentar o Rugby como um todo: a existência de uma equipa profissional (seja paga pelos próprios ou entrada de dinheiro via Estado) que trabalhe as notícias de forma homogénea abre espaço para que, depois, os clubes desenvolvam outros conteúdos / ideias de marketing que os diferencie uns dos outros pelos seus próprios canais – ou seja, a angariação de dinheiro para a contratação de profissionais que tratem a imagem de todos os clubes num espaço oficial (por exemplo, facebook, instagram, site próprio, etc. da competição) e em que os conteúdos são apresentados de forma oficial com motivos mais curtos mas que, clicando na notícia, os envia para os canais oficiais do clube em questão, onde a notícia é aprofundada;

Faz falta uma maior dinâmica / dinamização das Associações Regionais: ninguém me tira da cabeça que a FPR se deveria cingir ao desenvolvimento das Selecções e dos campeonatos séniores (parte desportiva e de divulgação), deixando todo o restante desenvolvimento (dos sub18 aos sub8) para as AR’s, aumentando ao mesmo tempo os seus técnicos em número por forma a se começar finalmente a aproveitar a abertura do Ministério da Educação para a divulgação do rugby nas escolas. Os clubes podem (e devem) trabalhar para isso, sem dúvida (vários já o fazem, normalmente em parcerias com escolas privadas), mas são as AR’s que têm de abraçar estes projectos de divulgação do rugby com a finalidade de ser conhecido o desporto e nunca para “trazer miúdos” para os clubes, como se costuma fazer;

Faz falta a profissionalização de mais treinadores / dirigentes: será possível trazer uma Groundlink para os treinadores em vez de jogadores? Em termos de selecções (sub18, sub20, feminino), estamos muito perto de fazer história e penso que claudicamos no fim por isso mesmo – falta de (mais e melhores) treinadores profissionais a ensinar os miúdos. É que conhecimento custa tempo e dinheiro e, infelizmente, são poucos os que conseguem conciliar tudo… Afinal de contas, tendo disponibilidade total de horários faz com que os treinadores possam tirar cursos, apoiar jogadores nos seus horários (como por exemplo no caso da Groundlink que acabou por contratar preparadores físicos para irem ao local de trabalho e, à hora de almoço, trabalhar o físico dos jogadores lá, por exemplo), ir a escolas, trocar informações (reuniões também tiram tempo!), procurar novas ideias, etc., etc. etc.… Seja via clubes ou via FPR, haverá hipótese de se pensar nisso?


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