Mitre10 8ª Jor – Auckland quase nas meias e Canterbury em último!

Francisco IsaacNovembro 2, 20206min0

Mitre10 8ª Jor – Auckland quase nas meias e Canterbury em último!

Francisco IsaacNovembro 2, 20206min0
A 8ª jornada da Mitre10 Cup reservou uma surpresa: a queda de Canterbury para o último lugar da tabela, quando faltam jogar só 2 jogos! Os destaques e os melhores do fim-de-semana neste artigo

Como diz o título do artigo, a tabela da divisão Premiership da Mitre10 Cup sofreu uma grande surpresa, pois Canterbury caiu para o último lugar e está em perigo de despromoção. Enquanto isso, Otago ascende ao 1º lugar do Championship e fica em boa posição para garantir uma meia-final e final no seu recinto, graças a uma derrota de Hawke’s Bay na luta dos Bay’s!

A MELHOR EQUIPA DA JORNADA: AUCKLAND

A fase-final da Mitre 10 Cup está cada vez mais próxima e Auckland enviou (mais) um sério aviso a tudo e todos que quer e pode chegar ao título de campeão, e basta ver a maneira como desmancharam por completo os seus rivais de Waikato, equipa que inclusivé já esteve nos primeiros lugares da divisão Premiership desta competição. O início até pode ter sido mais atribulado para Auckland, com os de Waikato a serem os primeiros a conseguir pontos mas o domínio territorial esteve quase sempre nas mãos da equipa da casa, empurrando os seus adversários para os últimos 20/30 metros durante largos períodos de tempo e os ensaios acabariam por naturalmente chegar com o mesmo nome a surgir por três ocasiões… Salesi Rayasi. Antes de irmos à exibição individual do ponta – foi excelente a finalizar, só que não é suficiente para ser considerado o melhor atleta da semana – é fundamental explicar como se processou o tal domínio do lado vencedor.

Começou pela excelência na conquista da linha de vantagem, forçando pequenos erros na defesa de Waikato, com estes a permitirem um retroceder ligeiro no contacto e que originou uma certa desorganização, principalmente no avançar ou recuar do três-de-trás, um detalhe procurado pelos azuis-e-brancos de Auckland, pois mal surgiu um excessivo espaço nas costas da linha de defesa, Harry Plummer e Zarn Sullivan (prestação completa do defesa) iniciaram uma série de ataques através do jogo ao pé, especialmente pelos grubbers, surgindo Salesi Rayasi em modo rampage a colher a oval em duas dessas situações.

Portanto todos ensaios de Auckland tinham o mesmo “final”, pontapé e a alguém a antecipar-se à oposição, sendo que o “início” veio tanto pelas fases estáticas (seja alinhamentos ou formações-ordenadas) ou espontâneas, sectores dominados por completo por Auckland, enquanto o “meio” era a capacidade de decisão e de timing de quem chutava a bola, construindo o caminho até à conquista dos 5 pontos e liderança a duas jornadas do fim. É neste momento o elenco com melhor registo de vitórias nos últimos cinco encontros, a par de Otago, e tem o potencial para recuperar uma “coroa” que já foi sua nos últimos anos.

A SURPRESA: OTAGO

Começa a ser um “problema” o que joga a formação de Otago, pois ameaçam seriamente a subida de divisão e voltar assim a um campeonato que merece a sua presença. Para quem tem dúvidas disto, é só ver como foram capazes de derrotar Canterbury no recinto destes, num duelo disputado até ao suspiro final como podem ver pelos highlights. Durante boa parte do encontro assistiu-se a um encaixe de forças, com trocas de pontapés de penalidade, existindo poucos espaços para surgirem os tão cobiçados ensaios, sendo que a postura de Otago na defesa foi por um lado extraordinária, com uma reacção rápida e explosiva na reposição defensiva, e por outro foi fulcral para o que se viria a passar na segunda metade do encontro.

Pegando novamente na arte de defender, Otago foi procurando não só meter o adversário no chão como de recuperar a bola no contacto ou no breakdown, exigindo a Canterbury que colocasse mais apoios ao portador de bola e assim deixar a equipa algo “vazia” na linha, um pormenor bem explorado no contra-ataque imediato dos homens de Otago, com Samuel Fischli e Josh Dickson a caçarem com excelência a oval, levando ao primeiro ensaio.

Os da casa sentiram o toque e entraram numa onda de decisões precipitadas que acabaram por só ajudar ao jogo de paciência e reacção do lado visitante, acabando estes por recuperar o controlo de jogo em penalidades e assim lançarem novas acções de ataque, surgindo também um pormenor decisivo para a vitória de Otago: imprevisibilidade. Enquanto Canterbury parece ter perdido aquele engenho artístico para fazer coisas especiais com a bola em seu poder, Otago tem quatro ou cinco nomes com largas qualidades nessa competência, a começar em Vilimoni Koroi, o melhor da jornada para o Fair Play.

O defesa foi autor de um dos melhores ensaios individuais da época (minuto 2:53 dos highlights) e impôs uma eficácia e assertividade total na recepção dos pontapés venenosos de Brett Cameron ou Fergus Burke, devolvendo-os com a mesma excelência ou a arrancar para cima do bloco defensivo contrário, uma característica necessária para arrancar os 4 pontos neste embate. Ninguém esperava pela vitória de Otago, e o facto destes estarem a desafiar tudo e todos nesta época deixa uma esperança concreta para o que se seguirá no final desta época.

O MVP DA JORNADA: VILIMONI KOROI (OTAGO)

Três jogadores destacaram-se nesta 8ª jornada da Mitre 10 Cup, pelas melhores razões mas com argumentos diferentes: Salesi Rayasi foi o único a conseguir um hattrick, tendo ainda sido do seu pé que nasceu o último ensaio de Auckland; Kaleb Trask concretizou 17 dos 22 pontos na vitória de Bay of Plenty sobre Hawke’s Bay, impondo um ritmo excelente a partir da sua posição de nº15; e Vilimoni Koroi, outro defesa que encantou a plateia graças a uma série de truques saídos dos seus pés, completando ainda com uma visão de jogo de génio que elevou a letalidade do ataque de Otago para um nível alto.

Dos três escolhemos o internacional All Blacks dos 7’s como o Melhor da Jornada, não só pelo poder em fazer pontos mas também para criar soluções de ataque impensáveis para o elenco de Otago, onde a sua panóplia de skills fez diferença quando a sua equipa mais precisava, especialmente na altura em que Canterbury pressionava no meio-campo adversário. O lance que está exposto após este parágrafo foi só um dos vários detalhes que encheram a prestação do nº15 nesta ronda, alterando por completo com o destino final de Otago na visita ao campo de um dos emblemas mais difíceis de derrubar da história do rugby neozelandês.

DADOS BÁSICOS

Maior marcador de pontos (equipa): Auckland – 31 pontos;
Maior marcador de ensaios (equipa): Auckland – 4 ensaios;
Maior marcador de pontos (jogador):
Maior marcador de ensaios (jogador): Salesi Rayasi (Auckland) – 3 ensaios;
Melhor da Jornada: Vilimoni Koroi (Otago)


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS