Mitre10 7ª Jor – Masterclass de Bay of Plenty demole Canterbury

Francisco IsaacOutubro 25, 20207min0

Mitre10 7ª Jor – Masterclass de Bay of Plenty demole Canterbury

Francisco IsaacOutubro 25, 20207min0
A 7ª jornada da Mitre10 Cup teve uma surpresa, que também foi uma Masterclass, com os de Bay of Plenty a derrotarem categoricamente os candidatos, Canterbury! Mais uma ronda da competição provincial neozelandesa passada em revista

Foi um fim-de-semana cheio de troféus locais e dérbis, seja no Battle of The Bridge entre Auckland e North Harbour ou o Jonah Lomu Memorial, disputado por Counties Manukau e Wellington, que acabou com um resultado minimamente surpreendente na divisão Premiership da Mitre10 Cup 2020.

Tudo o que precisas de saber sobre a 7ª jornada da competição em mais um artigo de acompanhamento dos campeonatos de províncias da Nova Zelândia.

A MELHOR EQUIPA DA JORNADA: BAY OF PLENTY

E, do nada, a divisão Premiership da Mitre10 Cup sofreu um terramoto classificativo, tudo graças a uma estrondosa vitória completamente inesperada da equipa de Bay of Plenty na recepção a Canterbury, que eram de longe os favoritos para obterem os 4 pontos, mas que terminaram com uma derrota por 44-08 (uma as maiores dos últimos 10 anos), abrindo ainda assim várias possibilidades para as três últimas jornadas da competição. Antes de irmos ao porquê de decidirmos dar o “prémio” de melhor elenco da semana aos vitoriosos, é necessário explicar como ficaram as contas da Premiership pois agora North Harbour, com 16 pontos, Bay of Plenty, com 18, podem ainda chegar às meias-finais da competição dependendo se Wellington, Auckland ou Tasman escorregam nas próximas rondas (24 e 25 pontos respectivamente), estando ainda 15 pontos em jogo até ao final.

Ou seja, as derrotas de Auckland às mãos de North Harbour, outra grande surpresa da semana, e de Canterbury ditam agora um relançamento da luta não só pelo fugir da descida divisão mas para também ver quem consegue chegar ao playoff de acesso ao título mais desejo do rugby de províncias da Nova Zelândia.

Agora vamos ao encontro e à equipa que merece todos os aplausos e vénias possíveis… Bay of Plenty. Quem alguma vez pensaria que uma das equipas com maior probabilidade para descer de divisão tivesse capacidade para não só ganhar, como completamente obliterar todos os processos de jogo de um dos principais candidatos ao troféu de campeão em 2020. O domínio de território caiu quase sempre para os visitados, impondo uma sequência de fases bem inteligentes e que transitavam rapidamente de jogar junto ao ruck para uma combinação mais longa e de risco, colocando a defesa de Canterbury num estado de alerta que raramente foi bem correspondido, pois notaram-se demasiadas falhas tanto na placagem individual como na defesa colectiva, bem aproveitadas pelo outro lado que teve em Otere Black e Kaleb Trask, os mestres da orquestra, sem esquecer a exibição extraordinária de Chase Tiatia.

O centro foi a unidade mais difícil de parar em jogo aberto, tanto pela maneira como aparecia no contacto, forçando uma quebra-de-linha ou conquista de linha de vantagem tentando sempre explorar o offload – um “sector” em que os homens de Bay of Plenty tiraram vários dividendos -, e também pelas soluções de passe que encontrava antes de embater no adversário, fazendo bom uso dos pontas, Joe Webber e Emoni Narawa. A agilidade e a facilidade com que criavam linhas de passe e o apoio em grande velocidade foi o suficiente para desmontar uma defesa adversária demasiado estática e apática, aproveitando assim para fugir do último lugar da Premiership com uma exibição categórica e memorável, que a continuar assim pode resultar numa surpresa…

A SURPRESA: NORTH HARBOUR

Poderíamos perfeitamente colocar a formação de Bay of Plenty no “sector” das surpresas da jornada, para dar lugar aos “leões” de Wellington, mas seria injusto para o contingente de North Harbour depois da excelente e inesperada vitória registada frente a Auckland, com estes últimos a terem tido mesmo a oportunidade para ganhar através de um drop de Simon Hickey, que acabou por sair demasiado torto. Como sempre o dérbi da Grande Auckland, denominado de The Battle of the Bridge (o centro da cidade de Auckland e Albany, subúrbio onde está sediado North Harbour Rugby Union, é separado por apenas uma ponte) teve a sua dose de dramatismo não só pelo tal pontapé de ressalto falhado aos 77 minutos, como também pela reviravolta operada pela equipa da casa na segunda metade do encontro, mostrando uma sagacidade e vontade de superação inspiradora.

A organização de jogo conferida pela dupla dos Bryn (Hall e Gatland) nas posições 9 e 10 foi importante a partir dos segundos 40 minutos, com ambos a conseguirem dar sentido à manobra ofensiva de North Harbour que até então tinha arriscado pouco no tentar dar largura ao ataque ou mostrado algumas falhas na transmissão da oval. Os jogadores de Auckland sentiram-se demasiadamente confortáveis na frente do resultado e permitiram que os seus adversários começassem a acreditar noutro resultado, notando-se uma defesa menos agressiva e impactante (só Akira Ioane e Scott Scrafton impuseram uma “agressividade” boa na placagem), bem explorada quer por Bryn Gatland ou por James Little, que até foi autor de um dos melhores ensaios da jornada – o trabalho de pés foi extraordinário, ainda por mais pelo pouco espaço e tempo que teve para executar.

Depois de terem feito os pontos suficientes para ultrapassarem os seus maiores rivais no placar, North Harbour optou por concentrar o seu jogo no pack de avançados, focando-se também numa defesa dura, intransponível na maioria das ocasiões – só deram espaço através de penalidades cometidas no chão ou por fora-de-jogo -, com Auckland até ter algum espaço para executar jogadas mas sem que estas realmente resultassem em algo mais palpável para além de um ensaio concretizado aos 75 minutos de jogo.

Naqueles últimos 4 minutos de jogo, o dramatismo atingiu o seu clímax com o tal drop falhado e com uma última tentativa de ataque que saiu gorada, valendo assim uma vitória preciosa a North Harbour que está numa missão contra o tempo para evitar a descida de divisão.

O MVP DA JORNADA: CHASE TIATIA (BAY OF PLENTY)

É repetitivo que a escolha de MVP seja quase sempre proveniente da Melhor Equipa da semana, mas nesta jornada – como noutras – é justo e merecido que assim seja, até porque Chase Tiatia foi autor de dois ensaios, assistiu ainda para outro, foi capaz de realizar um bloqueio de bola, três quebras-de-linha, quatro defesas batidos e 90 metros de conquista de bola, sem esquecer uns bons tackle busts, cinco offloads, 8 placagens efectivas (1 falhada) entre outros dados estatísticos importantes e que ajudam a contar a “história” de uma exibição sensacional do polivalente 3/4’s que pertence à franquia dos Hurricanes.

Em termos da contribuição para o jogo colectivo, à parte dos ensaios e assistências, o 1º centro conferiu um factor ameaçador à manobra de ataque, forçando um aglomerado de defesas em seu redor a partir de um certo momento do jogo, permitindo então que Joe Webber ganhasse mais espaço à ponta o que deu outra profundidade à Bay of Plenty. A manobrabilidade dada à bola oval e a capacidade para ler e atacar a linha de defesa da formação de Canterbury, ainda foram mais dois aspectos que se juntaram nesta exibição de rica qualidade de um atleta que tem algumas falhas a defender, mas é uma suprema ameaça na maioria das acções no ataque.

Destaque ainda para Lachlan Boshier e Teariki Nicholas, com ambos os asas de Taranaki e Wellington, a terem um peso significativo nas exibições das suas equipas, terminando com 14 e 15 placagens, 2 e 1 turnover, 2 assistências e 1 ensaio, respectivamente.

DADOS BÁSICOS

Maior marcador de pontos (equipa): Wellington – 53 pontos
Maior marcador de ensaios (equipa): Hawke’s Bay, Wellington e Tasman Hawke’s Bay – 7 ensaios
Maior marcador de pontos (jogador): Kaleb Trask (Bay of Plenty) e Jason Robertson (Counties Manukau) – 15 pontos
Maior marcador de ensaios (jogador): Vários – 2
Melhor da Jornada: Chase Tiatia (Bay of Plenty)


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