Men’s RE Championship 2025: Portugal sem força para a Roménia

Francisco IsaacMarço 16, 20254min0

Men’s RE Championship 2025: Portugal sem força para a Roménia

Francisco IsaacMarço 16, 20254min0
Mais um desaire e Portugal fica de fora do pódio do Men's Rugby Europe Championship 2025, com Francisco Isaac a analisar o que se passou no Jamor

Portugal perdeu a luta pelo 3º lugar no Men’s Rugby Europe Championship 2025, caindo para o 4º lugar da competição, algo que não se sucedia desde 2022, demonstrando que os Lobos estão a atravessar uma fase conturbada e que deverá deixar os adeptos preocupados. A análise ao que se passou segue nos próximos parágrafos.

MVP: NICOLÁS MARTINS

Um jogo extremamente cinzento do 23 português, salvo algumas excepções com Nicolás Martins, José Madeira, Cody Thomas, Joris Moura e Nuno Mascarenhas (entraram na 2ª parte, com a condição de suplente do abertura do Valence-Romans a ser um mistério) a serem alguns dos melhores portugueses neste desaire caseiro. Martins somou mais de 20 e poucas placagens, com uma eficácia de 95%, aguentando bem o impacto do adversário e a tentar dar alguma força e querer à sua equipa. Somou ainda quatro turnovers, o que até deu algum espaço de manobra e ar a uma equipa que estava completamente pressionada e sem capacidade de resposta. Teve duas boas situações ofensivas, correu alguns metros, forçou um par de erros defensivos contrários e tentou liderar o alinhamento, apesar de ter sido um dia menos positivo nesse sector. Foi largamente um dos melhores jogadores portugueses neste Men’s Rugby Europe Championship, insuficiente para mudar o rumo dos acontecimentos.

MELHOR PONTO: DEFESA PONTUALMENTE DEU UM AR DA SUA GRAÇA

Portugal completou mais de 160 placagens efectivas neste encontro frente à Roménia, conseguindo até garantir uma taxa de sucesso acima dos 90%, mas que ainda assim não foi suficiente para evitar dois ensaios romenos. Porém, e apesar de a manobra defensiva portuguesa ter forçado alguns erros no bloco atacante contrário, a verdade é que numa boa parte dessas situações, a defesa lusa recuou no terreno, colando em prática não uma defesa activa, mas passiva, o que ajuda a explicar o resultado final.

PONTO A MELHORAR: ATAQUE INEXISTENTE

Portugal não fez uma sequência de cinco fases seguidas mais do que duas vezes, e isto diz tudo da inaptidão do ataque luso neste encontro ante a Roménia. A indisciplina foi péssima, algo que já vem sendo costume após a saída de Patrice Lagisquet do corpo técnico, mas o ataque não existiu, sendo um marasmo de erros e tropelias que até deu direito à Roménia de chegar ao ensaio por duas vezes. Veja-se o primeiro ensaio do encontro, com um erro de palmatória de Simão Bento, dando espaço para que Hinckley Vaovasa recuperasse a oval e levasse a sua equipa para junta da área de ensaio, com Immelman a só ter de mergulhar para confirmar os cinco pontos. A entrada de Joris Moura acabou por atenuar o estrago, mas já veio tarde e numa altura em que a Roménia já estava na frente do resultado por 18-00. Portugal foi inexistente em quase toda a linha, contraste assustador em comparação com o que se passou em jogos passados.

Foto de destaque da Federação Portuguesa de Rugby.

Uma nota final, que será mais prolongada na análise geral do Men’s Rugby Europe Championship. É importante que os principais actores do rugby nacional coloquem o dedo na ferida, algo que têm evitado desde o Mundial de Rugby 2023, fugindo a quaisquer consequências e a atirar todas as culpas para cima de staff técnico (que têm a sua quota de responsabilidade) ou jogadores. Não há gestão, não há um plano claro para o futuro e nitidamente os problemas começam a se amontoar, sem que estes sujeitos coloquem um pé para adiante e assumam as suas responsabilidades. Esta gestão terá danos profundos no rugby nacional, mas enganem-se aqueles que achem que a solução passa por se focar mais no rugby amador e apenas nas necessidades de uns quantos. O comboio já partiu, e os mesmos do costume continuam a se achar os detentores da razão e a ridicularizar todos os outros. Um exemplo simples: Portugal passou de jogar no Estádio do Restelo, para ir para o Estádio Nacional do Jamor e terminar no CAR Jamor, um campo em que a direcção actual da FPR disse que não tinha condições para qualquer jogo internacional. Estiveram 500 adeptos a assistir o encontro, a pior assistência de todas as selecções e jogos do Men’s Rugby Europe Championship 2025. E isto sem falar de como as Lobas tiveram de jogar praticamente à mesma hora, com a Federação a responsabilizar a World Rugby e Rugby Europe? Mas o mal deve ser de quem está de fora e não de quem está dentro. 


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