“Lobos” e “Lobas” dos 7s: Etapa Algarve 7s com boas notas
Terminada a 1ª etapa do Rugby Europe Sevens Championship Series 2023, e ambas as selecções nacionais parecem estar bem encaminhadas para garantir aquilo que são os objectivos principais, com destaque para a equipa masculina que arrancou um 5º lugar, que pode ser considerado um 2º na luta pelo apuramento para o Challenger Series que dá acesso às World Series.
Vamos resumir rapidamente a parte dos resultados, para analisarmos as exibições e perceber os pontos positivos de ambos conjuntos.
“LOBAS”: 3 PONTOS PARA GARANTIR A MANUTENÇÃO
Começando com no feminino, as comandadas de João Moura saíram do Algarve 7s 2023 com duas vitórias e três derrotas, não conseguindo contrariar a força e favoritismo do Reino Unido e França, mas foram capazes de derrubar a Itália num emotivo 19-12, seguindo-se uma vitória ante a Suécia por 22-07. Já na luta pela discussão do 9º lugar, as “Lobas” sofreram uma pesada derrota, justa muito pela qualidade demonstrada das transalpinas.
10 ensaios marcados, 19 sofridos, e um excelente regresso à divisão Championship com um 10º lugar e três pontos somados.
Em relação à exibição colectiva, as atletas lusas mostraram-se fisicamente bem, tendo conseguido superiorizar à Suécia, selecção que o ano passado estava no mesmo nível, e mostrou capacidade para contrariar a Itália, um conjunto com uma larga experiência e que sentiu dificuldades para acompanhar o ritmo das cores nacionais naquele 3º jogo da fase-de-grupos. Sim, sofreram 12 ensaios frente ao Reino Unido e França, mas estamos a falar de dois conjuntos que terminaram por disputar a final da competição, e que possuem recursos bem mais largos, para além das suas jogadoras terem outras condições.
O aparelho ofensivo foi interessante, apesar de surgirem várias precipitações quando debaixo de alta pressão. Contudo, quando há cabeça e visão, as “lobas” demonstram preciosismos técnicos de elevada categoria, conseguindo surpreender os adversários mais experientes.
Em termos de prestações individuais, destacar três atletas que merecem uma atenção redobrada:
- Maria João Costa foi uma lutadora acérrima, que para além dos dois ensaios marcados, conseguiu ser um autêntico pesadelo no breakdown e no contacto, garantindo uma boa plataforma para Portugal quando tinha a bola nas suas mãos;
- Matilde Goes continua a demonstrar uma genialidade quase única, sendo uma velocista primorosa e com competências para criar constantes problemas à defesa contrária;
- Mariana Marques teve no mesmo registo que na selecção de XV, com um domínio físico total e uma capacidade para tornar qualquer contra-ataque numa situação perigosa;
Na 2ª etapa deste Europeu de 7s da Rugby Europe, Portugal vai disputar o mesmo grupo, sendo precisa não acabar atrás da Roménia, a última classificada, para garantir a permanência. O objectivo pode passar por garantir o 9º lugar em Hamburgo.
“LOBOS” EM ROTA DO OBJECTIVO MÁXIMO
Fim-de-semana extremamente positivo para os comandados de Frederico Sousa, que saíram do Algarve 7s com um 5º lugar, isto depois de somarem duas vitórias na fase-de-grupos frente à Lituânia e Chéquia, perdendo depois na bola de jogo frente à Espanha, num 17-19 que acabou por ser demasiadamente penalizador para os “lobos”.
Nos quartos-de-final acabaram por ser derrotados frente à Irlanda, que viria a ser coroada como campeã do torneio, caindo para disputa do 5º/8º lugar, começando essa campanha com uma emotiva vitória ante a Alemanha (21-19), voltando a marcar jogo ante a Espanha. Ante os Leones, os “Lobos” não mostraram os mesmos erros da fase-de-grupos e numa exibição equilibrada, séria e focada, derrotaram os campeões do Rugby Europe Sevens Championship Series 2022 por 17-12. Objectivo conquistado, e apesar da Geórgia ter terminado em 2º lugar, Portugal soma 12 pontos no ranking.
E como jogaram os “Lobos”? Excelente defesa na maior parte dos jogos, um ataque mordaz e inteligente, e uma equipa mais conectada e capaz de se entreajudar. Defensivamente, a selecção masculina mostrou uma capacidade para se controlar em cima da linha-de-ensaio, fechando bem os espaços do adversário e calculando bem o que o outro lado fazia, mesmo que isso significasse permitir algum recuo territorial. Com Rodrigo Freudenthal a dar bons comandos, e João Antunes a ir tapando as linhas com classe, a defesa lusa esteve optimizada ao pormenor e que podia ter significado algo mais se não tivessem ocorrido uma ou outra distração naquele encontro frente à Espanha na fase-de-grupos.
O ataque foi dos mais prolíferos de todo o Championship, com 23 ensaios marcados no fim-de-semana, com José Paiva dos Santos, Manuel Marta e Diogo Rodrigues a marcarem cinco cada.
Nos destaques individuais, assinalar que:
- Apesar de um par de erros de placagem, Rodrigo Freudenthal é a imagem perfeito do que um capitão deve ser, com uma atitude inquebrável, e capaz de aguentar a equipa nos momentos decisivos;
- José Paiva dos Santos é um autêntico “aríete” munido de uma alta caixa de velocidades, capaz de levar qualquer adversário á frente e garantir uma saída para o ataque isenta de problemas;
- João Antunes pode não ter marcado muitos ensaios, mas a capacidade para criar, gerir o ataque, e desenvolver o processo de jogo de Portugal foram elementos decisivos para o 5º lugar;
Os “Lobos” entram em campo agora em Hamburgo, com o mesmo grupo e com os olhos postos em garantir acesso às meias-finais da Cup.
O Rugby Europe Sevens Championship Series 2023 continua em Julho, mas antes temos os Jogos Europeus com o vencedor a qualificar-se directamente para os Jogos Olímpicos 2024.