Lobos a caminho das “Américas”: novidades e estreias no horizonte

Francisco IsaacNovembro 6, 20197min0

Lobos a caminho das “Américas”: novidades e estreias no horizonte

Francisco IsaacNovembro 6, 20197min0
Portugal vai em tour pela América do Sul com uma série de novidades entre os vários convcados de Patrice Lagisquet. A análise à convocatória, adversários e muito mais

Começa a ser moldado o grupo que vai lutar pela qualificação para o Mundial de Rugby 2023, com uma série de novidades e estreias nos “Lobos” que vão representar Portugal nos encontros frente ao Brasil e Chile. Poderá parecer estranho a afirmação de que a construção do possível elenco (e não são/serão só 23 jogadores, uma vez que é necessário um grupo mínimo de 40 no mesmo patamar) começa decisivamente agora em 2019, depois de nos anos anteriores ter-se construído selecções de formação de excelência e de um nível nunca antes visto no rugby português.

Aproveitando o excelente trabalho produzido pelos técnicos Rui Carvoeira, Luís Pissarra (que até ao momento ainda não foi esclarecido em que posição ficará na direcção técnica da Federação Portuguesa de Rugby), Nuno Damasceno e Martim Aguiar, Patrice Lagisquet escolheu uma maioria de atletas que passaram com sucesso pelo escalões sub-18 e 20 nos últimos quatro anos, sendo eles os escolhidos para começar a formar o núcleo base dos “Lobos” 2019/2024.

Dos mais “novos” para os mais “velhos” este são os atletas convocados (contando com as adendas 1 e 2 na convocatória):

Não há atletas nascidos nos anos de 1987, 1989, 1990 e 1991, sendo que o atleta mais “veterano” é João Tavares (Académica de Coimbra) com 31 anos, o que mostra a aposta clara num grupo mais jovem com a média de idades a estar nos 22 anos. Dos 31 convocados, 19 estiveram nos sucessos conquistados tanto no Europeu de sub-20 ou no World Rugby Trophy dos últimos anos, sem esquecer passagens pelos sub18 (José Madeira conquistou medalha de bronze em 2019 como Manuel C. Pinto ou Nuno Mascarenhas em 2016, entre vários outros na mesma situação), sendo eles a nova argamassa que vai lutar em primeiro lugar pela manutenção no Rugby Europe Championship 2020, e, futuramente, disputar a qualificação para o Mundial 2023.

Os mais novos são José Madeira (2ª/3ª linha do CF “Os Belenenses”) e Simão Bento (defesa/ponta do Técnico Rugby) que aos 18 anos recebem a sua primeira oportunidade para jogar pelos “Lobos”, depois de terem participado em 2019 no Europeu de sub-18 (e 20 no caso de Simão Bento) e no World Rugby Trophy de sub-20.

Patrice Lagisquet está portanto a seguir uma receita interessante e que faz jus ao que foi feito pelos clubes e selecções nacionais de formação nos últimos anos, procurando colocar dificuldades competitivas desde o primeiro minuto a jogadores que acabaram de dar o salto em termos de escalões da selecção portuguesa.

Será sempre uma aposta de risco no primeiro/segundo ano, mas a longo prazo vai conferir um elenco de soberba qualidade aos “Lobos” que não estão na sua máxima força neste momento, faltando nomes como Fernando Almeida (a jogar em Espanha), José Lima (a terminar a suspensão em França), Pedro Bettencourt, Nuno Sousa Guedes, Manuel e Rodrigo Marta, Vasco Ribeiro (a recuperar de lesão), Manuel Vilela Pereira, Jean de Sousa, Jacques Le Roux, Mike Tadjer (já não surge numa convocatória desde 2016 mas seria um reforço de peso), Samuel Marques, entre outros que podem dar uma injecção em termos de qualidade técnica e experiência.

Da lista inicial de 28 saíram Manuel Cardoso Pinto, José Rebelo de Andrade e José Rodrigues (todos por lesão) para entrarem Frederico Couto, José Roque, Kevin Baptista e Dany Antunes.

Regressando ao grupo que vai estar na América do Sul para jogar frente ao Brasil (na sua máxima força pelas informações recolhidas) e Chile, destacamos três inclusões:

ANTÓNIO VIDINHA (GDS CASCAIS)

O centro/ponta poderá ser um dos eixos do futuro de Portugal, isto devido à sua capacidade de adaptação fácil a diferentes approach’s ao jogo que os “Lobos” façam nos próximos anos. Se a mobilidade e capacidade técnica podem não ser suficientes para convencer o normal espectador, a forma como lê, entende e aborda o xadrez de jogo é de grande qualidade, mostrando uma inteligência total que pode ser decisiva nos momentos mais críticos.

A somar a estes atributos, António Vidinha é um líder e mostrou essa capacidade durante os anos em que serviu os sub-20, onde o espírito de sacrifício e a postura exemplar deram sempre fôlego durante os jogos mais importantes dessa fase da sua carreira. Vai ser interessante vê-lo no Brasil, seja a defesa ou ponta, esperando-se que seja um defesa inultrapassável e um unidade de ataque inteligente.

HELANO ALBERTO (USON NEVERS)

Seja a 2ª ou 3ª linha, Helano Alberto oferece à Selecção Nacional uma multiplicidade de opções, sendo um dos jogadores com mais talento neste grupo escolhido para ir até à América do Sul. Um avançado de nova escola, fadado para surgir em velocidade junto das linhas atrasadas, com facilidade em ir ao breakdown recuperar a posse de bola e sair a jogar com qualidade, mostrando aquela agressividade fundamental para jogadores de calibre internacional.

Terá uma oportunidade de ouro para começar a carreira nos “Lobos” A com apoio da equipa técnica, chegando a este tour como um dos atletas portugueses a seguir com muita atenção pois a avançada brasileira apresenta-se como um duro e desafiante teste para a capacidade defensiva e mental do packportuguês.

DAVID COSTA (GD DIREITO)

É claramente o futuro da primeira-linha portuguesa e merece ser visto assim por tudo o que tem feito nos escalões jovens dos “Lobos”. Um líder, um exemplo e um jogador que não se cinge só a fazer um trabalho de qualidade na formação-ordenada, maul, alinhamento ou nas fases espontâneas, já que é dos avançados mais propensos a aplicar offloads, sidesteps ou outro tipo de pormenores que à primeira vista não parecem saltar à vista.

É daqueles jogadores inesgotáveis, sempre presente para elevar a dureza e fisicalidade de um jogo e que está sempre no apoio numa quebra-de-linha, a exemplo do que Nuno Mascarenhas também faz. Poderá não ser titular, mas não há dúvidas que a sua história nos “Lobos” A começa no Brasil, local onde há bem pouco tempo fez parte de uma selecção lendária de sub-20.

E como poderá Portugal alinhar nos encontros? Num exercício meramente especulativo, o XV inicial poderá recair nos seguintes nomes (do 1 a 15):

Francisco Bruno, Nuno Mascarenhas, José Conde; Manuel Picão e Kevin Baptista; João Granate, David Wallis e Vasco F. Mendes; João Belo e Jerónimo Portela; João Lima e Tomás Appleton; Raffaele Storti, Manuel C. Pinto e António Vidinha

Será neste tour de Novembro por terras brasileiras e chilenas que ficaremos a saber também a estratégia de jogo de Patrice Lagisquet, mas pela aposta no brilhantismo e talento natural dos atletas portugueses é perceptível que se queira enveredar num estilo mais assente na velocidade, ritmo elevado e que evite a um constante confronto físico, até porque o Brasil vai apresentar um bloco avançado com olhos para a fisicalidade e uma linha de três-quartos que não se importa de ir ao contacto de forma constante até que consiga inventar uma brecha para sair em ataque galopante e chegar a uma fase adiantada do terreno.

O jogo está agendado par as 17h00 de Lisboa no dia 9 de Novembro, num reencontro com a selecção dos Tupís… a última vez os “Lobos” consentiram derrota na bola de jogo.


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