Lobas 7’s: promoção para o Championship garantida

Francisco IsaacJunho 21, 20225min0

Lobas 7’s: promoção para o Championship garantida

Francisco IsaacJunho 21, 20225min0
O rugby português voltou a ter mais razões para sorrir, com o apuramento das Lobas para o Championship 2023 e explicamos o que se passou no Europeu

A selecção nacional feminina de rugby de 7’s garantiu o retorno à principal divisão da variante em 2023, depois de conquistar um 3º lugar no conjunto das duas jornadas do Trophy da Rugby Europe, com as Lobas a mostrarem as suas melhores qualidades. Entre um presente que é decididamente positivo, e com possibilidade de se abrir algo ainda mais interessante no futuro, Portugal consegue somar mais um resultado altamente positivo para a oval lusa, lembrando que foi neste ano que se assinalou o regresso da selecção de XV como a participação por convite numa etapa dos HSBC World Series.

Esta combinação de factores poderá ser um tónico fundamental para o desenvolvimento do rugby feminino português, que depois de diversos anos sustentado só por um “par” de mãos e pela crença/vontade das várias atletas e treinadores, vê assim chegar alguns momentos memoráveis, e que podem significar um caminho de maior notoriedade, algo que já merecem desde sempre.

Mas o que dizer da campanha no Rugby Europe Trophy 7’s 2022? Portugal conseguiu realizar dois torneios de alto/bom nível, especialmente o jogado em Zagreb (fim-de-semana de 11 e 12 de Junho), em que conquistou a medalha de bronze, depois de ter estado muito perto de atingir a final da competição, perdendo com a Itália por meros cinco pontos, num encontro onde ficaram vislumbrado a capacidade das atletas lusas. O elenco convocado por João Moura sofreu algumas alterações da primeira para a segunda jornada, o que significou a utilização de 15 atletas, conseguindo manter o nível competitivo no trajecto total desta participação portuguesa na competição da Rugby Europe.

Sabendo de antemão que há espaço para melhorar e crescer para algo ainda mais sólido, a verdade é que os sinais apresentados por este elenco são promissores e, depois, de até terem realizado um bom Rugby Europe Championship em 2021 (a descida de divisão foi por opção, uma vez que Portugal poderia ter permanecido na divisão principal), confirmaram agora, em 2022, de que podem realmente ser um adversário à altura da larga maioria das suas adversárias – a Inglaterra esteve a três braços de distância de todos os seus adversários no Trophy.

As sinergias comuns construídas por João Moura e as atletas que vêm compondo as convocatórias da selecção feminina portuguesa apresenta-se como uma das pedras-basilares do sucesso actual deste grupo de atletas, sendo que a determinação, resiliência e capacidade para jogar ao largo são outras das componentes definidoras da forma de jogar desta selecção nacional de 7’s. Se a Suécia, Hungria, ou outras selecções do género, optam muito pelo jogo de choque e de “fechar” fileiras, já Portugal gosta de dar uso à oval, de explorar os canais exteriores e de ter ganhar na velocidade ou génio, faltando só acertar melhor os timings de passe e garantir uma fluidez mais compacta, de modo a meter em xeque formações mais “pesadas”.

Num curto resumo do que se passou ao longo dos dois (longos) fins-de-semana de competição, Portugal somou nove vitórias em doze encontros possíveis, marcou 48 ensaios, sofrendo 24, tendo sido frente a Israel o melhor resultado (39-00) e o pior ante a Itália em Budapeste (17-29), com Mariana Santos a atingir uma dezena e meia de ensaios. Ou seja, a nível de números, as Lobas lucraram dois fins-de-semanas extremamente positivos com uma taxa de vitórias alta e um diferença de pontos marcados/sofridos igualmente positiva.

Apesar do Rugby Europe Trophy 7’s ter terminado, as Lobas não vão entrar em férias, isto porque já estão em treinos a preparar o Torneio de Apuramento para o Campeonato do Mundo de 7’s, que se irá realizar ainda este ano. Sabendo desde logo que será uma missão peculiarmente difícil, pois pela frente terá selecções como a Irlanda, Espanha e afins, o facto de poderem estar na contenda por um lugar já deverá servir de prova da dimensão do que este “nicho” tem conseguido conquistar nos últimos anos, e é necessário começar a olhar para o rugby feminino com outra vontade de investir e apoiar.

Posto isto, falemos agora de três atletas que individualmente se destacaram neste Rugby Europe Trophy 7’s.

OS TRÊS DESTAQUES INDIVIDUAIS

MARIANA MARQUES

Resiliente, trabalhadora inata e um dínamo sempre em alta rotação, está e a melhor descrição de Mariana Marques, um nome que já vem sendo conhecido dos adeptos portugueses graças às grandes exibições pela selecção nacional quer de XV ou 7’s. A agressividade que coloca no contacto e embate físico garante outra “raça” a Portugal, assumindo-se como uma das principais caras desta era do rugby feminino português.

DANIELA CORREIA

A capitã é uma líder de bom calibre e uma voz austera e atenta aos detalhes ou momentos de cada jogo, somando a isto a sua capacidade de leitura defensiva e placagem, algo que valeu segurança a Portugal em jogos mais disputados.

MARIANA SANTOS

Pode ter que ainda afinar a arte defender e manter os mesmos níveis de concentração do princípio ao fim, mas Mariana Santos é largamente uma atleta dotada e que pode rapidamente mexer com o fluir de um jogo, seja ao aplicar aquele sidestep ilegível ou aquela passada enérgica característica. Ficou em alguns dos melhores momentos da competição, e é de esperar que continue nesta rota de crescimento e afirmação.


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