Lions regressam à normalidade! – Ronda 8 Super Rugby 2018

Francisco IsaacAbril 8, 20187min0

Lions regressam à normalidade! – Ronda 8 Super Rugby 2018

Francisco IsaacAbril 8, 20187min0
Final da 8ª ronda do Super Rugby sem grandes surpresas nos resultados finais! Os Lions regressam à normalidade, os Hurricanes continuam imparáveis e os Blues voltaram a perder!

DAVID “THE TURNOVER KING” POCOCK IS BACK!

Jogo espectacular entre equipas australianas (também acontece!) com os Brumbies de Canberra a galoparem com toda a velocidade por cima dos Queensland Reds de Brad Thorn! Depois de algumas semanas na mó de baixo, a formação onde militam estrelas como Kuridrani, Sio, Arnold e, claro, David Pocock!

O asa wallabie voltou a semana passada, mas não foi um daqueles jogos de encher o olho, já que ainda estava algo “preso” de movimentos, especialmente a atacar. Todavia, no seu segundo jogo depois de um ano de sabática, o nº7 foi um dos responsáveis pela tremenda defesa com que a equipa da casa se apresentou perante os Reds.

Quais os stats finais de Pocock? 16 placagens (o máximo placador do encontro), 4 turnovers, zero erros com a bola nas mãos, 15 metros conquistados em 8 entradas e um ensaio aos 76′ para coroar a excelente prestação!

David Pocock traz ao jogo raça na defesa, uma incrível perspicácia na hora de ir ao breakdown, uma imposição física que tira o ar dos seus adversários e uma inteligência na leitura de jogo que poucos conseguem chegar perto.

A acompanhar Pocock esteve o seu colega na 3ª linha, o nº8 Isi Naisarani, com dois ensaios, 92 metros com a oval nas mãos, 9 conquistas da linha de vantagem e 3 quebras-de-linha. Foi uma exibição completa, séria e consistente dos Brumbies, que não entraram em pânico com a vantagem de 12 pontos que os Reds conquistaram logo ao início do encontro.

Um jogo astuto, pensado, bem trabalhado cheio de confiança (algo que não foi visto na semana passada) permitiu aos Brumbies conquistar uma vitória fundamental por 45-21.

SHARKS E O ALTO CUSTO DE METER AS MÃOS À BOLA

Os Sharks atiraram ao tapete os Blues na semana passada e por pouco não faziam o feito de meter os Hurricanes com uma segunda derrota nesta edição do Super Rugby. Um ensaio de Laumape e conversão de West (Beauden Barrett lesionou-se antes do encontro) já para lá da hora normal de jogo, deu a vitória aos neozelandeses por 38-37 num jogo incrível, recheado tanto de grandes momentos como de erros.

Os erros dos tubaraões de Durban chegaram na pior hora possível, ou seja, nos últimos 10 minutos de jogo, no qual cometeram 8 infracções nesse espaço de tempo.

O árbitro da partida demorou a perceber o que os sul-africanos estavam a fazer em termos de jogo no chão, disputa de ruck ou no ataque ao maul, mas no final, com ajuda dos seus auxiliares, foi apanhando pequenas faltas dos Sharks.

Que faltas? Mãos na bola e mergulhos no ruck para atrasar o jogo, disputa ilegal no breakdown e quedas deliberadas dentro do maul dos Hurricanes. Este tipo de acção acabou por arrancar-lhes das mãos uma vitória que seria lendária e que os poderia colocar na luta directa pelo 1º lugar na conferência da África do Sul.

Para além disso, acabou por ser um terrível forma de agradecer a Robert du Preez (época extraordinária do abertura, um claro candidato à camisola 10 dos Springboks), Phillip van der Walt, ou Curwin Bosch (vale a pena rever o jogo só para avaliar e perceber a qualidade de pontapé do jovem defesa da África do Sul, conseguindo conquistar bastantes metros com o pé) pelas extraordinárias prestações neste encontro.

Se há 3 semanas os Sharks caíram em Melbourne por erros próprios no ataque ou por falhas de placagem infantis, esta semana acaram por consentir uma derrota por indisciplina e excesso de manha no ataque à bola e ao seu portador.

O CONTRA-ATAQUE FELINO DOS LIONS DE JOANESBURGO

Uma daquelas exibições memoráveis que pode e deve funcionar como catalisador de motivação, garantiu uma vitória dos Lions antes dos Stormers por 52-31. Num jogo recheado de grandes momentos, a equipa de Joanesburgo jogou em contra-ataque na primeira metade de jogo, dando por completo o território aos Stormers.

Os 71% de posse de bola ou 63% de território a favor da equipa forasteira não foram elementos suficientes para conseguirem marcar pontos… aliás, sempre que os Lions recuperavam a bola (Kwagga Smith esteve extraordinário nas recuperações de bola, com 5 conquistas nesse departamento), jogavam rápido, inventavam um passe ou pontapé e iam ao ensaio.

O ponta Tambwe bem pode agradecer a Elton Jantjies (jogo muito confiante do médio-de-abertura) e Andries Coetzee pelos excelentes passes para conseguir chegar ao ensaio por quatro vezes. Explosivo, com uns pés e pernas de fazer inveja a qualquer velocista de 100 metros, o ponta galgou 130 metros, quebrou a linha por 6 vezes e deu um baile aos seus adversários, para chegar à área de validação num poker estupendo.

Os Lions foram sempre mais equipa, mais conscientes do que tinham de fazer, acordando finalmente daquele profundo sono das últimas semanas. A defesa altamente dinâmica e inteligente foi um dos aspectos que funcionou ao serviço dos vice-campeões do Super Rugby.

Na maioria das vezes davam primazia aos Stormers de jogarem com espaço, subindo calmamente mas que no momento do contacto existia uma pressão geral da equipa… o placador ia ao chão com o portador, de seguida entrava logo um jogador a tentar fazer a “pesca” e se em caso positivo conseguisse roubar seguiam a jogar.

Se não houvesse turnover, imprimiam uma excelente pressão no ruck que forçava aos Stormers a tirar a oval rapidamente de mais e sem organização… ao fim de 3 ou 4 fases, os Lions conseguiam sempre forçar o pontapé da equipa da Cidade do Cabo ou metê-los fora de campo.

Conseguirão os Lions voltar à estabilidade e lutar de forma convincente por um lugar na fase final?

THE ARDON COLLIDER DE HAMILTON

Conseguem alguém dizer um jogador canadiano que não DTH Van der Merwe, o super-ponta dos Glasgow Warriors? Não? Então ficam hoje a conhecer (para os que não o conheciam) Tyler Ardon, o 2ª linha que está a conquistar o seu lugar na franquia neozelandesa dos Chiefs!

Com 1,93 e 114 kg, o canadiano é um autêntico bulldozer na hora de entrar no contacto seja a atacar ou defender. Frente aos Blues conquistou 50 metros, mas não foi esse o dado surpreendente. Com a bola nas mãos conseguiu “fintar” ou tirar da frente 8 defesas, alguns completamente atirados para trás (o caso de Matt Duffie, que foi contra um autêntico para-choques) com duas quebras de linhas e 9 linhas de vantagem conquistadas.

Perante as lesões de Dominic Bird e Michael Allardice, Tyler Ardon (que pode também jogar na posição de asa aberto) ganhou o lugar e tem vindo a somar muitos argumentos positivos a seu favor. Num dos melhores momentos do encontro, Ardon conquista a bola no pontapé de reinício, saindo a jogar, pondo a defesa dos Blues em alerta e em pânico, sendo só parado a poucos metros da linha de ensaio.

Colin Cooper tem feito um trabalho extraordinário à frente dos Chiefs, conseguindo desembaraçar-se das várias lesões, mantendo uma equipa fresca, inteligente e altamente confiante em campo, mesmo com 10 jogadores de fora.

Os Chiefs somaram mais uma vitória nesta temporada por 21-19, ante uns Blues que não passaram dos últimos 30 metros uma única vez na 2ª parte. Uma boa defesa não basta, Tana Umaga!

DESTAQUES

MVP da Ronda: Taqele Naiyaravoro (Waratahs)
Jogo da Ronda: Hurricanes-Sharks
Placador da Ronda: Akira Ioane (Blues)
Agitador da Ronda: Madosh Tambwe (Lions)
Vilão da Ronda: Jean Luc du Preez (Sharks)


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