Junior 7’s 2018: os MVP’s, Campeões e o Sucesso em números!

Francisco IsaacMarço 27, 201813min0

Junior 7’s 2018: os MVP’s, Campeões e o Sucesso em números!

Francisco IsaacMarço 27, 201813min0
A edição de 2018 do Junior 7's já foi e o Fair Play divulga os resultados, os MVP's, campeões e, mais importante que tudo, as reacções dos protagonistas! Lê tudo aqui!

Um fim-de-semana “gordo” para o rugby português com jogos e eventos por todo o lado, com destaque para o Torneio Internacional do Direito (dedicado dos sub-8 aos sub-12, realizado no Complexo de Rugby do GD Direito), alguns jogos emocionantes do CN2 (Caldas-CRAV por exemplo), os jogos da selecção Nacional de sub-18 (vitória ante a Rússia que possibilitou a passagem às meias-finais do Europeu) e sénior (vitória na Polónia que garantiu o Grand Slam para os comandados de Martim Aguiar).

Mas o evento magno e mais aguardado do fim-de-semana esteve na Tapada da Ajuda, com o “veloz” e intenso Lisbon Junior 7’s, organizado pela Sports Ventures.

O Fair Play já tinha feito a sua antevisão explicando em que consiste/consistia o torneio, as acções comunitárias que vale a pena seguir (campanha Play Rugby Give Back – Trazer o Maputo Rugby Clube à edição de 2019) e o que vem em 2019.

Agora, após terem decorrido mais de uma centena de jogos, o Fair Play faz um balanço de toda a competição de forma a percebermos o seu impacto na variante de 7 e se os clubes aderiram ao evento com a veemência que se esperava.

OS CAMPEÕES

SUB-14 | MERCHISTON, O BALUARTE INQUEBRÁVEL |

Começando nos mais novos, o Merchiston galgou até à final com um registo digno de recorde: 235 pontos marcados e zero sofridos!

Os sub-14 do Merchiston de Edinburgo (uma das principais escolas de formação de atletas da Escócia a nível de formação) foram extraordinários na sua forma de jogar, revelando uma excelente organização dentro de campo, com olhar para um apoio rápido e um sentido de ataque bem apurado para uma idade tão nova.

Era audível os apoios até dos espectadores portugueses que ficaram deslumbrados com a entrega, a disciplina e a alegria com que os jogadores escoceses jogavam rugby. Um dos melhores comentários vale a pena ser aqui replicado,

“Eles até podem ser maiores fisicamente, mas não é por isso que jogam melhor. Estão sempre a falar e a divertir-se e têm logo a necessidade de acertar o passo de corrida e passam a bola no momento certo!”

O GD Direito foi o finalista vencido, tendo só sido derrotado no primeiro jogo na fase-de-grupos e na final da competição dos sub-14, pelo Merchiston . Este grupo de atletas dos “advogados” fizeram questão de mostrar aquela sua “raça” e garra própria que cria os momentos necessários para seguirem até à linha de ensaio.

De resto, ressalvar que o Saint Julians foi uma das boas surpresas na fase-de-grupos e terminou num honrável 7º lugar da geral, com um rugby muito peculiar e que começa a ser uma marca própria desta formação de Carcavelos.

Em termos de troféus estes foram então os campeões da competição sub-14:
BOWL: RC Santarém
PLATE: SC Porto
CUP: Merchiston School
MVP: Alex Callaway (Merchiston)

E o título vai para a Escócia (Foto: João Peleteiro Fotografia)

SUB-16 | ULTIMATE RUGBY 7’S, UNSTOPPABLE MAGICIANS |

A formação inglesa de Tom Burwell tinha prometido que ia criar dificuldades aos seus adversários, com um leque de truques e tipos de “dribles” que iam deixar os adversários completamente por terra.

Uma formação bem desenvolvida física e tecnicamente, os ingleses foram derrubando todos os desafios que lhes foram apresentados: GD Direito, Vitória FC/ST. Peters, SL Benfica, AIS Agronomia, GDS Cascais e CDUL (a final terminou num 33-05, com os “universitários” a terem dificuldades em impor o seu rugby).

Os UR7’s é o melhor exemplo da aposta nos 7’s desde uma tenra idade, desenvolvendo-se os jogadores para pensarem em outro tipo de estratégias, com um olhar diferente para o campo de rugby. O trabalho técnico é desenvolvido com outra intensidade, os timings de jogo e poder físico têm outros objectivos e os jogadores percebem com mais clareza o seu papel em campo.

Tom Burwell veio a Lisboa no sentido de divulgar esta academia dos Ultimate Rugby 7’s, indicando um possível caminho para o rugby português (no final, o Fair Play entrevistou o ex-internacional pela Inglaterra 7’s e ficou a saber sobre as suas opiniões em relação à variante). Como o próprio disse,

“Viemos aqui para nos divertir e, claro, ganhar! Não foi fácil, há talento nos jogadores portugueses, mas os nossos Pinks jogaram bem e ficaram contentes por levantar o troféu da KING OF SEVENS CUP!”

O convite endereçado pela Sports Ventures foi, sem dúvida, um sucesso, já que os ULR7’s Pinks (a designação utilizada por esta equipa no escalão sub-16) apresentaram o seu melhor rugby com ensaios espectaculares, jogadas sensacionais e um fairplay de classe.

Destaque para uma competição de sub-16 bastante equilibrada, com o CDUL, GD Direito e GDS Cascais a serem os melhores representantes portugueses na competição. Os “universitários” jogaram uns 7’s de qualidade, apostando naquele virtuosismo que sempre marcou o rugby do CDUL.

O GD Direito e GDS Cascais estiveram perto de chegar à final, mas faltou uma ponta de sorte e de ter outro arcabouço para aguentar com o “estilo” dos Ultimate Rugby 7’s Pinks. Mas há potencial nestas equipas, com a vontade de fazer os offloads mais complicados possíveis e aquela manha que só os portugueses sabem como fazer!

Destaque para a ER de São João da Talha que mais que importante do que o 7º lugar, foi o facto de terem levantado o título Fair Play da competição. A forma ideal de estar no rugby e uma postura de respeito total perante o adversário, com uma vontade de jogar e aprenderem mais, mereceram a atenção da organização e dos vários treinadores envolvidos na competição.

Na galeria dos campeões ficou assim nos sub-16:
BOWL: CR Técnico
PLATE: CDUP
CUP: Ultimate Rugby 7’s
MVP: Tom Ugel (UR7 Academy)

The Ultimate experience (Foto: João Peleteiro Fotografia)

SUB-18 | GDS CASCAIS, MAGIA NAS MÃOS E LOUCURA NA CABEÇA |

E quando a maioria esperava que o escalão-rainha caísse às mãos da equipa de Tom Burwell de sub-18, o GDS Cascais decidiu fazer a surpresa do Junior 7’s… ganharam! Com um resultado de 33-14 na final, os jogadores do Dramático deram um show espectacular com a bola na mão, como a maioria dos espectadores referia.

Mas foi sobretudo na forma como defenderam que esteve o segredo, apresentando automatismos que não é costume vermos neste escalão (uma vez que a variante é pouco explorada em Portugal durante a maior parte do ano competitivo), placando não só com eficácia mas tentando ir logo à bola para fugir num contra-ataque impressionante.

Os Junior Wanderers do Ultimate Rugby 7’s ficaram assim no 2º lugar, algo inesperado mas que deu um toque fantástico no final dos dois de jogos de 7’s. A competição dos sub-18 foi a mais intensa e exigente, com os jogadores a sonhar em chegar às finais para conquistar um troféu e reconhecimento aos olhos de quem passava pelo torneio.

O Cascais com os “Vascos” ao comando da equipa, foi a melhor equipa portuguesa, seguindo-se o CDUL (nunca desistiram no 3/4º lugar, lutando por um lugar no pódio até ao apito final) e AIS Agronomia (com um rugby divertido e animado tiveram um excelente sábado e um Domingo que por pouco não acabava melhor).

Um dos melhores jogos esteve entre o CF “Os Belenenses” e os Jaguares, com ambas as equipas a realizarem um jogo muito competitivo, arriscando em passes espectaculares que não tiveram o destino desejado. Os azuis do Restelo acabaram por conquistar a vitória no final dos 14 minutos, com um resultado de 14-05, honrando o 5º lugar na competição.

Os troféus deste escalão foram divididos da seguinte forma:
BOWL: CR São Miguel
PLATE: CR Técnico
CUP: GDS Cascais
MVP: Vasco Correia (GDS Cascais)

Os Flash’s de Cascais (Foto: João Peleteiro Fotografia)

Os JUNIOR 7’S EM NÚMEROS

4664 pontos no total com o escalão sub-16 a atingir os 1710 no total dos dois dias;

127 jogos no espaço de 20 horas;

– Média de 36 pontos por jogo;

3 empates, todos no dia das finais de sub-14 com o 5-5 entre CF “Os Belenenses” e Saint Julians;

– A vitória do CF “Os Belenenses” frente ao RV Moita por 78-00 foi o resultado com a maior diferença de pontos;

– O empate entre CF “Os Belenenses” e Saint Julian por 5-5 foi o resultado mais curto de toda a competição;

– Todos os jogos tiveram pelo menos 1 ensaio;

572 jogadores estiveram presentes;

144 treinadores, treinadores-adjuntos, dirigentes, fisioterapeutas apoiaram as 48 equipas presentes;

Muito público a circular pelo Complexo Desportivo da Tapada, com os números a rondar os 3500-4000;

10 árbitros em três campos diferentes;

A enchente pelo rugby de sete (Foto: João Peleteiro Fotografia)

ENTREVISTAS COM SELO FAIR PLAY

João Duarte, redactor dos 7’s no Fair Play, marcou presença no torneio e entrevistou alguns dos participantes no torneio como o capitão do GDS Cascais sub-18, Vasco Correia e Tom Burwell director da Academia Ultimate Rugby 7’s.

VASCO CORREIA (GDS CASCAIS)

Vasco, em relação ao torneio o que achaste? Bem organizado, gostaste de participar?

VC. Gostei sim, foi um evento em grande, não nos faltou nada e tivemos a oportunidade de jogar num torneio de alta qualidade em Portugal! 

Mudavas alguma coisa no torneio para o ano que vem?

VC. Não mudava nada, precisamos é de mais torneios destes para convivermos mais uns com os outros e termos a oportunidade de jogar 7’s com normalidade.

Então gostavas que este tipo de torneio fosse replicado um pouco por todo o ano desportivo? Achas que os 7’s deviam merecer a mesma atenção que o XV?

VC. Sim, sem dúvida alguma, penso que é a única forma de darmos um passo seguinte para outro patamar que já tivemos, pois já fomos campeões europeus no passado. Pode parecer repetitivo mas era bom que tivéssemos mais oportunidades para jogar 7’s e torneios deste nível cá. Obrigado por tudo!

7 para 7 mas uma “batalha” total (Foto: João Peleteiro Fotografia)

TOM BURWELL (ULTIMA RUGBY 7’S)

Primeiro torneio destas proporções em Portugal só dedicado aos 7’s. Gostaste do que viste? Qual é a tua avaliação à organização do evento?

TM. Antes de mais, tenho de agradecer ao facto de termos sido convidados para vir a Portugal jogar este Junior 7’s, em que tudo correu bastante bem. A organização foi perfeita, desde o minuto que aterrámos em Lisboa que não nos faltou nada e tivemos sempre acesso a todas as condições necessárias para nos divertirmos e jogarmos bem. 

O tempo poderia ter sido um problema, mas durante os jogos esteve sempre sol e só chovia à noite, o que era fantástico. Para nós foi uma daquelas experiências fundamentais para o projecto, tanto para as equipas de sub-14, 16 ou 18, que participaram no Junior 7’s.

Achas que os 7’s têm de ser uma prioridade para países em que não haja tanta massa humana a jogar a modalidade, como o caso de Portugal? E se sim, o que podemos fazer para desenvolvê-lo melhor?

TM. 100%, tem de ser uma prioridade. É muito difícil Portugal ganhar um jogo num Mundial de Rugby XV e para lá chegar já é bastante complicado. Mas, por exemplo, para chegar a uns Jogos Olímpicos o caminho apesar de difícil não é tão complicado e Portugal tem condições para aliciar os jogadores a serem Atletas Olímpicos.

Olhando para os jogadores portugueses, vês potencial neles?

TM. Os vossos sub-14 e 16 têm muito talento e paixão pelo jogo, mas têm de ser polidos e trabalhados para conseguirem atingir um nível de rugby de 7’s superior. Já os vossos sub-18 estão completamente formatados para o rugby de 15, apesar de jogarem bastante bem 7’s nota-se que não têm tanta ligação à variante como podiam ter.

Em 2019 vamos voltar mais fortes, com mais equipas e vamos nos divertir ainda mais!

A Sports Ventures agora vira toda a sua atenção para o Algarve 7’s, mais conhecido por Sevens in the Sun, com confirmações do Worcester Warriors, DJ Forbes, Todd Clever, Frazier Climo, entre outros! É altura de marcarem na vossa agenda, pois entre os dias 2 e 3 de Junho terão a oportunidade de assistir quatro competições diferentes.

Elite (onde estarão todas as melhores equipas, como os Worcester Warriors, Samurai 7’s, NZ Metro, Durham University, etc), Open Masculino, Open Feminino e Veteranos. Os clubes portugueses vão participar e selecções nacionais também vão marcar presença neste super evento que vai concentrar grandes nomes da variante em Portugal.

A aposta da Sports Ventures nos 7’s tem como objectivo constituir uma cultura da variante que tem vindo a desaparecer com o tempo, muito pela fraca aposta de todos os envolvidos no rugby Nacional.

O Junior 7’s foi o primeiro de uma série que já tem continuação em 2019, sendo que nessa edição serão escolhidos os melhores jogadores portugueses de sub-16 e 18 para jogarem nos Navigators, equipa portuguesa que vai participar no HSBC School Sevens!

http://www.algarve7s.com/

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