Domínio neozelandês sobre a Austrália – Ronda 12 Super Rugby 2018

Francisco IsaacMaio 5, 20187min0

Domínio neozelandês sobre a Austrália – Ronda 12 Super Rugby 2018

Francisco IsaacMaio 5, 20187min0
Rebels e Waratahs foram as recentes vítimas das franquias "kiwis" que estendem para 38 vitórias consecutivas... o domínio neozelandês sobre a Austrália no Super Rugby

O PIOR SINAL POSSÍVEL VEIO DA ÚLTIMA ESPERANÇA AUSTRALIANA

O recorde de derrotas frente a equipas neozelandesas continua a aumentar para as franquias australianas, ultrapassando agora as 38 derrotas consecutivas. É um número muito preocupante para o rugby australiano, já que nunca estiveram numa situação semelhante na sua “vida” de Super Rugby.

Acima de tudo a 38ª aconteceu quando não podia ter acontecido… porque é que dizemos isto? Os NSW Waratahs, primeira classificada da conferência australiana, perdeu em casa frente aos “terríveis” Blues, que estão bem último na conferência neozelandesa, sendo no ranking geral a 14ª classificada em 15 possíveis.

À entrada para este encontro o favoritismo pertencia aos australianas por uma série de argumentos: jogavam em casa (estádio completamente cheio), tinham o plantel praticamente todo disponível e não à parte da derrota frente aos Lions, tinham exercido o seu domínio em campo. Contudo, no final dos 80 minutos o resultado de 24-21 a favorecer a formação de Auckland disse tudo.

Um jogo medíocre de ambos os lados, com os australianos a criar o triplo de situações de ensaio, mas devido a uma série de factores não o conseguiram. Desde um mau controlo da oval (era notório que existia pressa em marcar pontos), a cometer penalidades completamente desnecessárias (o mau apoio ao portador da bola pode ajudar a explicar) ou a arriscar em movimentos mal esboçados (veja-se o último crosskick de Kurtley Beale, aos 78′ quando estavam nos últimos 10 metros, aqui pedia-se outra calma e paciência).

Os Blues fizeram o suficiente para ganhar… marcaram dois ensaios carregados de eficácia e “manha” (Rieko Ioane esteve imparável, com 130 metros conquistados 4 quebras-de-linha e 5 defesas batidos, para além do ensaio) e souberam esperar que a equipa adversária arriscasse no breakdown ou na subida rápida para arrancar penalidades precisosas para converter em pontos.

Que futuro para as franquias australianas que ainda viram os Rebels neste fim-de-semana a serem completamente dominados pelos Crusaders?

BEN LAM AO ATAQUE… E ARDIE SAVEA À DEFESA

Mais um hat-trick para Ben Lam, mais uma vitória para os Hurricanes e mais um passo dado no apuramento para a fase-final! Os Hurricanes derrotaram os vice-campeões do Super Rugby 2017 no Westpac e o ponta voltou a demonstrar que talvez seja uma boa escolha para Steve Hansen.

Três ensaios cada um com uma marca diferente, colocam o ponta cada vez mais isolado no topo de melhores marcadores do Super Rugby, uma vez que já tem 12 em 2018. Mas realmente o que tem este ex-Blues de especial? É fácil de explicar e perceber: Lam tem apontamentos de Israel Folau, isto é, consegue manobrar bem a sua linha de corrida, fugindo por entre um side-step bem calculado e uma velocidade imparável; é fisicamente consistente, resistindo bem a placagens como ficou patenteado no seu primeiro ensaio; e tem uma visão de jogo bem trabalhada, escolhendo bem os sítios por onde e como passar.

Frente à duríssima defesa dos Lions de Joanesburgo, Ben Lam apresentou todo o seu arsenal de fazer a diferença, com o tal side-step, a velocidade imparável, o poder de choque e o ritmo intenso com a oval nas mãos.

Numa equipa onde tem Beauden Barrett a dirigir as operações no ataque, Matt Proctor a servir de manobrador no par de centros (será ele o melhor centro da Nova Zelândia, como afirma o seu treinador?) e uma série de outros colegas com um jeito único para o rugby rápido e mexido (total rugby) como Julian Savea, Jordie Barrett, Vince Aso ou Ngani Laumape, a sua missão de marcar ensaios torna-se muito mais fácil.

Os Hurricanes seguem em segundo na conferência neozelandesa com menos um jogo e veremos até onde podem ir este ano.

JAGUARES FAZEM NOVAMENTE HISTÓRIA!

Tomaram o gosto por “sangue” kiwi estes Jaguares de Mario Ladesma, agora com uma vitória impressionante frente a uma das supostas melhores equipas de todo o Super Rugby: os Chiefs! A formação de Colin Cooper teve bastantes problemas para aguentar com a voracidade da franquia argentina, que foi superior em vários momentos do encontro para a surpresa de muitos.

Durante a primeira parte, os Chiefs tiveram a oportunidade para ganhar uma boa frente no placard, já que a equipa forasteira cometeu 8 penalidades nesse espaço de tempo, quase a fazer relembrar os velhos tempos. Contudo, uma série de maus passes (Damian McKenzie não conseguiu fazer a diferença e sua utilidade a médio-de-abertura tem de ser questionada), uma comunicação parca em lógica e uma falta de velocidade energia, tiraram profundidade ao ataque da equipa de Waikato.

Os Jaguares souberam esperar e foram para o intervalo por 12-10, bloqueando por completo a capacidade dos Chiefs em marcar ensaios… algo extremamente raro, para uma equipa que normalmente aposta nessa lógica. Pode-se questionar a abordagem de Colin Cooper, com o treinador a mudar ligeiramente a forma como a sua equipa joga, optando neste encontro por fazer uma exibição mais “parada” e equilibrada do que arriscar em movimentações mais rápidas.

Na segunda-parte só deu Jaguares, com os argentinos a serem inspirados por um estupendo Emiliano Boffelli (mais um jogo excelente do ponta), um inteligente Joaquin Tuculet (o defesa em forma é dos melhores na sua posição) e um dedicado Marcus Kremer (o 2ª linha convertido em asa tem sido um predador na defesa, rubricando outra exibição com 15 placagens).

O ensaio de penalidade e as conversões de Nicolas Sanchez “resolveram” um jogo que os Chiefs nunca quiseram disputar com a mesma intensidade e paixão que os Jaguares. O ponto de bónus defensivo é um prémio de consolação para uma equipa que está a complicar o seu apuramento para a fase-final.

A formação neozelandesa está de rastos com várias lesões e uma viagem pela África do Sul durante as próximas duas semanas. Os Jaguares têm três jogos consecutivos em casa frente a “rivais” de conferência… ganhar é a palavra-de-ordem!

DURBAN… A “BAÍA” (QUASE) IMPENETRÁVEL DOS SHARKS

Boa temporada que a equipa dos Sharks têm proporcionado ao seu público, especialmente no que toca às exibições. Nesta 12ª ronda deram um show de rugby que meteram os Highlanders no “bolso” com facilidade, no qual ao fim dos 80 minutos ficaram várias perguntas no ar: onde é que estava Naholo? Lima Sopoaga só joga quando lhe apetece? A 3ª linha dos Highlanders, composta por Frizell, Hunt e Whitelock, tem capacidade de choque?

Olhando para isto tudo, podemos responder a uma pergunta de maior importância: o que realmente valem estes Sharks? Bem, têm um nº10 que já tínhamos feito grandes elogios na primeira ronda, Robert du Preez. Supremo na hora de jogar ao pé, inteligente com a oval nas mãos (duas assistências hoje) e um dínamo que não sabe estar quieto, munido de boa velocidade (a forma como apoiou para a jogada que lhe deu o ensaio é uma prova disso), o 10 é um jogador completo e que está no máximo das suas capacidades.

Mas o que faz andar esta equipa dos Sharks, é a forma explosiva como lidam com os jogos, atacando os rucks sem perdão (viraram cinco, dois deles resultaram em boas situações de ataque), abordando o ataque com apoios de extrema exactidão e “agressivos” no contacto.

Comprometem por vezes na forma como não pressionam logo de imediato o ataque adversário, mas a intensidade na defesa garantem a estabilidade necessária para sobreviver.

Os Highlanders apostaram no jogo ao pé novamente, mas numa equipa que sabe tanto responder bem da mesma forma (Du Preez ou Bosch) ou começa a correr e pára 30 ou 40 metros à frente (Nkosi ou Mapimpi), acabou por ser uma estratégia inútil frente a estes “tubarões”.

DESTAQUES

MVP da Ronda: Ben Lam (Hurricanes)
Jogo da Ronda: Hurricanes-Lions
Placador da Ronda: 
Agitador da Ronda: Robert du Preez (Sharks)
Vilão da Ronda: Kurtley Beale (Waratahs)


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