Diário do Treinador – Digressões, um momento importante para Pedro Vital

Fair PlayJunho 23, 20193min0
O treinador dos Jaguares portugueses conta como foi a digressão do Saint Julians por terras de Sua Majestade! As digressões serão importantes para os clubes de rugby?

Neste artigo do “Diário do Treinador” venho expor um pouco as experiências que tive em digressões, enquanto jogador e treinador. As viagens que fazemos em equipa a outros países podem dar-nos uma visão mais ampla do que é o Rugby noutras partes do mundo, para além dos vários benefícios para os atletas/equipa.

Felizmente já tive o privilégio de realizar algumas digressões pela Europa, vivenciando a cultura da modalidade de diversas formas. A primeira vez que tive essa oportunidade foi enquanto jogador, mais precisamente em 2007. Na altura no Belas, fomos apoiar a nossa Selecção no Campeonato do Mundo em França. Ver a nossa seleção a jogar contra a Escócia e a Nova Zelândia, realizar um treino com os jogadores nacionais, jogar com equipas locais e vivenciar todo o ambiente em volta da competição foi único!

Anos mais tarde, já como treinador do St. Julian’s, realizei mais algumas digressões. A primeira foi com sub 12 a Treviso, em Itália. O maior torneio de sub8 / 10 e 12 em que já estive presente. É fabuloso, ver cerca de 8 campos de rugby com jogos constantes durante dois dias. A quantidade e qualidade de praticantes que participam nesse torneio anualmente é impressionante.

Posteriormente fui com os sub 14 tanto a Sevilha, onde participámos num torneio regional, e a Roma. Cidade onde jogámos contra uma equipa local e vimos um jogo das 6 Nações entre Itália e Escócia.

A última digressão foi este ano, e para mim das mais marcantes. Foi em Março, com os sub 16 em Gloucester. Jogarmos com 2 clubes locais, com óptimas condições de treino, cada um com árbitros federados, jogando o “jogo pelo jogo”. Tivemos a possibilidade de viver o ambiente do jogo Gloucester vs Wasp, onde literalmente a cidade pára para apoiarem a sua equipa, e no final  ainda foi possível os nossos atletas terem um ligação mais próxima com os jogadores profissional de ambas as equipas.

São e serão sempre momentos como estes que nos vão marcar para o futuro. Como é óbvio marcam-nos como treinadores, mas aquilo que trás aos jogadores é especial.

Por experiência própria, posso dizer que muitas vezes nas nossas equipas, por muito muito bom que seja o ambiente, acabam sempre por existir mini-grupos. Sempre que se realizam estas viagens estes grupos acabam por interagirem mais entre eles, ou até mesmo por se diluir. Pode parecer insignificante e pode-se dizer que o que interessa é que se dêem bem quando vão para dentro de campo. Sobre este tema eu tenho uma visão mais abrangente. Quanto maior a ligação entre os jogadores, maior se torna a capacidade de trabalho e de ultrapassar os obstáculos que vão surgindo durante a época.

É verdade que este processo também pode ser desenvolvido internamente, através de estágios a cidades diferentes, por exemplo. Mas o facto de ser num país diferente (sair da zona de conforto), realizar jogos contra equipas com níveis de evolução diferentes, e por vezes ter a oportunidade de ver jogos internacionais (ainda há bastantes atletas que não vêm assim tantos jogos), cria todo um ambiente propício a essa evolução entre os jogadores.

Sei que nem sempre é fácil e se calhar existem muitas equipas que ainda não tiveram essa possibilidade. O que é certo é que cada vez mais, a ligação que é criada dentro do Rugby, entre clubes de diferentes países é maior. De certeza que num futuro próximo irá haver a possibilidade de um intercâmbio constante e entreajuda para essas digressões se realizarem.


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