Diário do Treinador – Digressões, um momento importante para Pedro Vital
Neste artigo do “Diário do Treinador” venho expor um pouco as experiências que tive em digressões, enquanto jogador e treinador. As viagens que fazemos em equipa a outros países podem dar-nos uma visão mais ampla do que é o Rugby noutras partes do mundo, para além dos vários benefícios para os atletas/equipa.
Felizmente já tive o privilégio de realizar algumas digressões pela Europa, vivenciando a cultura da modalidade de diversas formas. A primeira vez que tive essa oportunidade foi enquanto jogador, mais precisamente em 2007. Na altura no Belas, fomos apoiar a nossa Selecção no Campeonato do Mundo em França. Ver a nossa seleção a jogar contra a Escócia e a Nova Zelândia, realizar um treino com os jogadores nacionais, jogar com equipas locais e vivenciar todo o ambiente em volta da competição foi único!
Anos mais tarde, já como treinador do St. Julian’s, realizei mais algumas digressões. A primeira foi com sub 12 a Treviso, em Itália. O maior torneio de sub8 / 10 e 12 em que já estive presente. É fabuloso, ver cerca de 8 campos de rugby com jogos constantes durante dois dias. A quantidade e qualidade de praticantes que participam nesse torneio anualmente é impressionante.
Posteriormente fui com os sub 14 tanto a Sevilha, onde participámos num torneio regional, e a Roma. Cidade onde jogámos contra uma equipa local e vimos um jogo das 6 Nações entre Itália e Escócia.
A última digressão foi este ano, e para mim das mais marcantes. Foi em Março, com os sub 16 em Gloucester. Jogarmos com 2 clubes locais, com óptimas condições de treino, cada um com árbitros federados, jogando o “jogo pelo jogo”. Tivemos a possibilidade de viver o ambiente do jogo Gloucester vs Wasp, onde literalmente a cidade pára para apoiarem a sua equipa, e no final ainda foi possível os nossos atletas terem um ligação mais próxima com os jogadores profissional de ambas as equipas.
São e serão sempre momentos como estes que nos vão marcar para o futuro. Como é óbvio marcam-nos como treinadores, mas aquilo que trás aos jogadores é especial.
Por experiência própria, posso dizer que muitas vezes nas nossas equipas, por muito muito bom que seja o ambiente, acabam sempre por existir mini-grupos. Sempre que se realizam estas viagens estes grupos acabam por interagirem mais entre eles, ou até mesmo por se diluir. Pode parecer insignificante e pode-se dizer que o que interessa é que se dêem bem quando vão para dentro de campo. Sobre este tema eu tenho uma visão mais abrangente. Quanto maior a ligação entre os jogadores, maior se torna a capacidade de trabalho e de ultrapassar os obstáculos que vão surgindo durante a época.
É verdade que este processo também pode ser desenvolvido internamente, através de estágios a cidades diferentes, por exemplo. Mas o facto de ser num país diferente (sair da zona de conforto), realizar jogos contra equipas com níveis de evolução diferentes, e por vezes ter a oportunidade de ver jogos internacionais (ainda há bastantes atletas que não vêm assim tantos jogos), cria todo um ambiente propício a essa evolução entre os jogadores.
Sei que nem sempre é fácil e se calhar existem muitas equipas que ainda não tiveram essa possibilidade. O que é certo é que cada vez mais, a ligação que é criada dentro do Rugby, entre clubes de diferentes países é maior. De certeza que num futuro próximo irá haver a possibilidade de um intercâmbio constante e entreajuda para essas digressões se realizarem.