Destaques ovais de 2024
Final de ano: tempo de revêr a matéria. Que equipas, selecções ou jogadores fizeram a sua parte para se inscreverem na memória coletiva da modalidade? E que equipas ou jogadores não estiveram à altura?
Façamos um voo rasante dos principais acontecimentos e destaques deste ano que agora se aproxima do fim.
Toulouse e os restantes clubes
Ugo Mola está à frente de uma equipa virtualmente imbatível: TOP 14 e Champions Cup, o Toulouse está novamente a entrar numa fase de alguma hegemonia. Ugo Mola está no clube desde 2015 mas só neste ano transacto tem conseguido “fechar” os jogos das finais, desta feita na Champions derrotando o Leinster, inscrevendo-se pela sexta vez na lista de vencedores. Mesmo domesticamente, consegue ter uma estabilidade de performances que neste momento, só o Bordeaux-Bégles, consegue arranhar.
Em termos de competições do hemisfério norte e em termos de clubes, o Glasgow Warriors de Franco Smith arrecadou o título do United Rugby Championship, a antiga liga celta, com os Northampton Saints de Phil Dowson e Sam Vesty, a levarem a Premiership de vencida. A Challenge Cup ficou nas mãos dos Sharks de John Plumtree.
Springboks
Continuam a ser a selecção dominante da World Rugby. Com o Mundial ganho em França em 2023, a equipa de Rassie Erasmus (que passou de director de rugby para treinador principal) conseguiu granjear 11 vitórias em 13 jogos disputados em 2024. As duas derrotas foram pela margem mínima frente à Irlanda e Argentina, mas o poderio técnico, tático e físico continua a ser máximo nos embates preconizados pelos Boks. Pieter-Steph du Toit foi eleito o melhor jogador de 15 pela World Rugby mas no fundo, a equipa está recheada de grandes jogadores, que conseguem absorver as lições táticas desse mago que é Erasmus.
Inglaterra feminino
John Mitchel conseguiu que a selecção feminina Inglesa continuasse a constituir-se como uma potência feminina suprema: 10 vitórias em 10 jogos em 2024, com o título do Seis Nações e o título do W. XV I. Ellie Kildunne, a defesa de 25 anos dos Harlequins foi eleita a melhor jogadora do ano pela World Rugby, com 46 internacionalizações pela selecção da Rosa e 120 pontos marcados. Uma jogadora que entre os seis anos e os onze andou dividida entre o rugby e o futebol, até que “caiu a ficha” num evento que a marcou definitivamente: Sainsburys Schools Games. Dividida entre os ídolos Fernando Torres e Johnny Wilkinson, foram este School Games com competição na escola, entre-escolas, a nível regional e nacional, que fez saltar definitivamente para o mundo da oval, uma jogadora com um talento verdadeiramente extraordinário. O Mundial que se avizinha requer todos os olhinhos postos a ver!
Storti
Rafael Storti merece uma distinção. O jogador formado no Técnico de 24 anos, passando ainda pelo Peñarol até assinar pelo Stade Français em 2021, tendo ainda sido emprestado ao AS Béziers Hérault. Com o Béziers, em duas épocas participou em 31 jogos e marcou 31 ensaios: na PRO D 2, este tipo de estatística tem um valor muito considerável. Neste Verão regressou a Paris e no jogo inaugural marcou um ensaio e nunca mais entrou de início na equipa, tendo sido chamado apenas neste último fim de semana. Há movimentações no sentido de rumar até ao Castres.
Apesar de algum valor nos escolhidos para a sua posição, Storti é bom demais para estar tanto tempo parado. Lembremo-nos: foi o primeiro jogador nacional a marcar dois ensaios num encontro de um campeonato do Mundo.
Here are the best moments of Storti's 1st game for @SFParisRugby
Good tackles, awesome runs… a good first outing in the Top 14!#Top14 pic.twitter.com/ck6t21dGt4
— Francisco Isaac (@francisaac87) October 20, 2024
Nova Zelândia
A nova Zelândia sob Scott Robertson teve 14 jogos realizados em 2024, com 10 vitórias. Há uma melhoria nos processos e jogadores que saltam de sobremaneira à vista: Caleb Clarke, Will Jordan, Mark Telea e Wallace Sititi, este que foi considerado o jogador revelação pela World Rugby. Mas vejamos os números de Damian McKenzie: jogou 854 minutos, bateu 39 defesas, marcou 143 pontos: não está mal!
Gales
Warren Gatland desta feita, não trouxe a magia prévia: 12 derrotas seguidas e 17 derrotas em 23 jogos à frente da equipa.
A questão vai mais fundo: as franquias não estão competitivas, o desenvolvimento não tem tido nenhum tipo de vitória impactante e a perda de experiência de jogadores como Tipuric, Wyn-Jones, Biggar e George North.
A federação Galesa sofreu uma investigação por conduta misógina e sexista, com o anterior director a demitir-se, entrando Nigel Walker, que tentou fazer melhores contratos com os jogadores, impulsionou um pouco as academias e os modelos de competição nacional assim como tentou melhorar a estrutura diretiva de alta performance feminina mas que entretanto se demitiu pela extrema pressão dos resultados que não aparecem no sector masculino. Um novo diretor será nomeado no início do novo ano.
Há questões financeiras, contratuais, desportivas e de gestão que têm permitido o lento mas sustentado descambar do rugby Galês. Não há uma panaceia que resolva tudo de uma vez mas que haverá necessidade de uma sacudidela valente, isso é factual.